Peugeot 308 SW Hybrid 225 vs Skoda Octavia RS iV 1.4 TSI PHEV

A pedido de várias famílias

CONFRONTO

Por Vítor Mendes da Silva 17-12-2022 07:00

Fotos: Gonçalo Martins

Os bons automóveis não se medem aos palmos, mas, verdade seja dita, para quem procura automóvel familiar, o tamanho conta, sim! Juntámos duas das melhores propostas PHEV do seu segmento com a melhor relação entre espaço, qualidade e preço: carro e carrinha.

De início, alguém se lembrou de pegar nos todo-o-terreno, esses monstros, pesados e sequiosos de combustível, e aburguesou-os de maneira a que fossem bem vistos em ambientes cosmopolitas, aproveitando a sua superior versatilidade (desde logo mais para subir passeios do que para sair por caminhos de terra) e a preferência crescente do público pelo formato (e altura) da carroçaria. E nasceram os SUV, que são cada vez mais os melhores amigos das famílias. A carroçaria com dimensões avantajadas e sobrelevada confere-lhes (aos SUV e os seus proprietários) uma certa imagem de aventureirismo dentro da selva urbana, oferecendo, sem dúvida, algumas vantagens relevantes na utilização quotidiana. Todavia, estes formatos da moda também têm desvantagens, desde logo com destaque para o consumo superior, devido à aerodinâmica menos apurada, os preços igualmente mais elevados, comparados com carrinhas e berlinas, e as prestações e dinâmica, esta última afetada pelo centro de gravidade alto e o benefício ao conforto. Por tudo isto, é bom lembrar que há vida para além dos SUV e aqui estão dois conceitos alternativos, a pedido de várias famílias...

De um lado, a nova carrinha Peugeot 308 na linha GT de acabamento mais desportivo; do outro, o primeiro Skoda Octavia RS híbrido Plug-In – carrinha ou berlina, que formato encaixa melhor na família?

Forma e função

A maioria defende que não há modelo que compatibilize tão bem as exigências do transporte de passageiros e de carga com o conforto e o dinamismo, como as carrinhas. E faz sentido – são versáteis q.b., fáceis de conduzir, agradáveis ao olhar e, não sendo baratas, posicionam-se dentro de faixa de preço(s) que ainda não são irreais para muitas bolsas –, a não ser que apareça um carro da Skoda metido ao barulho. Aí, a coisa muda radicalmente de figura! A marca checa do Grupo VW operou um salto tecnológico importante, mas a aposta máxima continua a fazer-se nos fatores racionais, que vão desde o posicionamento de preço muito competitivo à ampla oferta de espaço, tanto no habitáculo, como na capacidade da bagageira, referencial. Veja-se o caso do Octavia: o interior do Skoda não dá hipóteses à concorrência: a berlina checa é mais espaçosa que qualquer modelo na sua categoria (carrinhas incluídas...), o que explica o posicionamento peculiar entre os segmentos C e D, devido às suas dimensões avantajadas para automóvel compacto, claramente mais próximo de classe acima. Baseada na plataforma MQB do Grupo VW, a berlina tem mais 1,9 cm de comprimento do que o modelo da geração anterior, atingindo 4,689 metros, e com mais 1,5 cm em largura. Perante estes acréscimos nas dimensões exteriores, a volumetria da bagageira da Limousine, que já era referencial no segmento, aumentou dez litros, para 600 litros. Nas versões PHEV, a capacidade reduz-se para os 450 litros, capacidade que pode triplicar com o rebatimento total ou parcial dos encostos dos bancos posteriores – e o Octavia também tem carrinha na gama!

Na carrinha Peugeot, mesmo com clara prioridade ao design, forma muito à frente da função. A 308 SW cresceu 5,5 cm na distância entre eixos comparativamente à berlina, sendo que o acréscimo surge atrás do banco traseiro, para compensar a descida de altura do tejadilho (20 mm), face à antecessora. Assim, a Peugeot conseguiu que a mala perdesse só dois litros, numa capacidade de carga de 608 litros – na versão PHEV acondiciona entre 548 e 1574 litros, esta última após o rebatimento prático dos encostos traseiros. Existem alavancas para rebater à distância o banco traseiro na proporção mais funcional 40/20/40, permitindo o transporte de objetos mais compridos na zona central, sem afetar a ocupação dos lugares laterais. A chapeleira arruma-se sob o piso. A carrinha tem volumetria superior, mas não é mais prática. Explicamos: o compartimento de carga do Octavia perde na medição em altura, mas é tão comprido (100 cm) e largo (102 cm) quanto o da carrinha 308.

Estilo ‘racing’

No Peugeot, interior mais hi-tech, responsável por sofisticação extra na apresentação. A carrinha mantém o i-Cockpit, com o painel de instrumentos digital 3D configurável e o monitor central digital tátil de 10’’ para o sistema de infoentretenimento, todos tecnologicamente mais evoluídos e com modos operativos inspirados nos de smartphone. O volante é diferente do usado no anterior 308, mas ainda necessita de otimização, pois é impossível ver a informação no painel sem retirar os olhos da estrada. Na consola central, novo seletor minimalista da caixa de velocidades automática e no resto é preenchida por espaços de arrumação. A posição de condução melhorou com os bancos novos, que acompanham e suportam melhor as costas.

A ergonomia e a posição de condução também são excelentes no Octavia, que aposta numa decoração mais sóbria e qualidade de construção irrepreensível. Referência, ainda, para o número elevado de espaços para arrumar pequenos objetos que reforçam o caráter polivalente deste automóvel. O Octavia foi o primeiro Skoda a usar tecnologia shift-by-wire para operar a transmissão automática DSG, o que permite trocar o habitual comando da caixa por um seletor bastante mais pequeno, um módulo de controlo na consola central, com um pequeno comando para selecionar os modos de acionamento.

O painel de instrumentos é digital (Cockpit Virtual), com 10,25”, permitindo-se depois a escolha entre quatro sistemas de infoentretenimento, com ecrãs entre 8,2 e 10 polegadas – na versão ensaiada, equipamento de topo, com controlo gestual ou por voz, através da Laura, o Assistente Digital da Skoda. Novidades absolutas no modelo são o head-up display (opção, por 640 €) e o sistema de climatização de três zonas.

Na gama de motorizações, outra estreia: a de um Octavia RS híbrido Plug-In, com denominação iV. Nesta versão, motor a gasolina 1.4 e motor elétrico para potência combinada de 245 cv, e este último alimentado por bateria de iões de lítio com capacidade de 13 kWh.

Como no Octavia RS, a tecnologia PHEV beneficia as performances da nova carrinha Peugeot 308, com a motorização híbrida a responder de forma quase instantânea ao pedal do acelerador, fazendo a diferença nos arranques como nas recuperações, como provam as nossas medições: 0-100 km/h em 7,7 s e 80-120 km/h em 4,3 s, para o segmento dos familiares compactos, são registos acelerados, mas faz ainda melhor a berlina checa. Nos dois, autonomias efetivas para cerca de 50 km no modo 100% elétrico, com médias entre 17,4 kWh e 21 kWh.

Eis dois modelos que têm muito do que atualmente se exige para se ser bem-sucedido: dois pacotes desportivos, mesmo ao gosto dos chefes de família que não abdicam de estilo, espaço e versatilidade, fartura de equipamentos e mecânicas híbridas Plug-In que fazem jogo quase igual, com potências máximas acima dos 200 cv e capacidades das baterias quase iguais: 12,4 kWh no Peugeot e 13 kWh no Skoda. Nos modos 100% elétricos, autonomias também quase a papel químico, embora o 308 consiga ser sempre mais económico. Carro e carrinha também empatam no preço. O Octavia tem habitáculo mais espaçoso nos lugares traseiros, o 308 SW oferece mala maior.

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Ficha Técnica

Características

PEUGEOT 308

Peugeot 308 SE Hybrid 225 e-EAT8 GT

SKODA OCTAVIA

RS 1.4 TSI 245 CV DSG

Motor térmico
Arquitetura 4 cilindros em linha 4 cilindros em linha
Capacidade 1598 cc 1395 cc
Alimentação Injeção direta, Turbo, Intercooler Injeção direta, Turbo, Intercooler
Distribuição 2 a.c.c./16V 2 a.c.c./16V
Potência 180 cv/6000 rpm 150 cv/5000 rpm
Binário 250 Nm/1750 rpm 250 Nm/1550 rpm
Motor elétrico
Tipo - -
Potência 110 cv (81 kW) 116 cv (85 kW)
Binário 320 Nm 330 Nm
Bateria Iões de lítio Iões de lítio
Capacidade da bateria 12,4 kWh 13 kWh
Módulo Híbrido
Potência 225 cv 245 cv
Binário 360 Nm 400 Nm
Transmissão
Tração Dianteira Dianteira
Caixa de velocidades Automática de 8 vel. Automática de 6 vel.
Chassis
Suspensão F Ind. McPherson Ind. McPherson
Suspensão T Eixo de torção Eixo multibraços
Travões F/T Discos ventilados Discos ventilados
Direção/Diâmetro de viragem Elétrica/10,6 m Elétrica/10,5 m
Dimensões e Capacidades
Compr./Largura/Altura 4,636/1,852/1,442 m 4,751/1,829/1,478 m
Distância entre eixos 2,752 m 2,68 m
Mala 548-1574 litros 450-1450 litros
Depósito de combustível 40 litros 40 litros
Pneus F 7,5jx18-225/50 R18 7,5jx18-225/45 R18
Pneus T 7,5jx18-225/50 R18 7,5jx18-225/45 R18
Peso 1762 kg 1697 kg
Relação peso/potência 7,83 kg/cv 6,92 kg/cv
Prestações e consumos oficiais
Vel. máxima 235 km/h 225 km/h
Acel. 0-100 km/h 7,6 s 7,3 s
Consumo médio 1,2 l/100 km 1,1 l/100 km
Emissões de CO2 26 g/km 25 g/km
Garantias/Manutenção
Mecânica 3 anos sem limite de km 4 anos ou 80.000 km
Pintura/Corrosão 2/12 anos 3/12 anos
Intervalos entre revisões 20000 km 30000 km
Imposto de circulação (IUC) 137,14 € 137,14 €

Medições

PEUGEOT

Acelerações
0-50 km/h 3,0 s
0-100 / 130 km/h 7,7/11,2 s
0-400 / 0-1000 m 16,4/27,4 s
Recuperações
40-80 km/h (D) 3,5 s
60-100 km/h (D) 3,9 s
80-120 km/h (D) 4,3 s
Travagem
100-0/50-0km/h 36,3/8,8 m
Consumos
Consumo médio 2,9/7,4 l/100km
Autonomia 700 km

Medições

SKODA

Acelerações
0-50 km/h 2,9 s
0-100 / 130 km/h 7,4/11 s
0-400 / 0-1000 m 17,1/28,3 s
Recuperações
40-80 km/h (D) 3,4 s
60-100 km/h (D) 4 s
80-120 km/h (D) 4,4 s
Travagem
100-0/50-0km/h 36,1/9,1 m
Consumos
Consumo médio 3,5/7,9 l/100km
Autonomia 600 km