A competentíssima caixa DSG de dupla embraiagem está disponível para o Seat Ibiza por cerca de 3000 €, um valor elevado tendo em conta que o utilitário espanhol com motor 1.0 TSI e nível de equipamento FR – isto para fazer um paralelo com as versões que testámos – tem preço abaixo dos 19.000 euros. Contudo, é preciso não avaliar o acréscimo de valor a frio, ou seja, sem levar em conta o que a introdução de uma caixa automática, sobretudo um dispositivo deste calibre, acrescenta a um veículo de segmento B.
O 3 cilindros a gasolina de 115 cv desta versão é uma unidade recheada de virtudes, nomeadamente prestações de bom nível, suavidade ímpar face aos motores a gasóleo e consumos relativamente contidos, que se agravam muito pouco em comparação com caixa manual de 6 velocidades: no teste com o 1.0 TSI com transmissão manual registámos média de 5,9 l/100 km, enquanto agora, com a DSG, o valor subiu para 6,2 l/100 km. Muito pouco, em relação ao que a transmissão automática acrescenta em conforto e facilidade de condução.
Num carro com estas dimensões e originalmente já muito bom de guiar, o facto de não ter que recorrer ao seletor para trocar de caixa é um valor acrescentado. Contudo, querendo fazê-lo de forma manual, soluções ótimas: através do seletor posicionado na consola central (para trás e para a frente) ou nas patilhas posicionadas no volante. A aceleração convence, assim como as recuperações. Não é um foguete, afinal o motor é pequeno e a potência o o binário reduzidos, mas dificilmente alguém se poderá queixar da disponibilidade revelada pelo tricilíndrico ou da forma como a caixa DSG o aproveita.
A partir daqui, é só usufruir da condução muito divertida que este Ibiza oferece, mostrando elevados níveis de motricidade e atitude neutra em curva, sendo muito reduzido o adorno da carroçaria. É, seguramente, um dos carros dinamicamente mais eficazes da categoria.
A versão FR que testámos é a mais desportiva e tecnológica da gama, contando com diversos elementos de estilo específico (por fora e por dentro) e ainda suspensão desportiva com dois níveis de ajuste e perfis de condução, com quatro modos: Eco, Normal, Sport e Individual, cada um com efeito diferenciado (e pré-programado) na capacidade de resposta de motor, direção, iluminação ambiente, ar condicionado e som do motor. Não são grandes as diferenças entre os modos, mas permitem estilos de condução diversos, sendo que na posição Sport o carro fica mais reativo, com a direção mais pesada e o motor mais pronto nas respostas. Não se nota, contudo, grande diferença na suspensão alternando entre os modos Eco, Normal ou Sport, o que se poderá explicar pelas jantes de 18 polegadas (400 €) montadas em pneus de baixo perfil que acabam por conferir ao Ibiza um comportamento sempre muito seco e sensível às imperfeições do piso, o que penaliza o conforto.
Nota final para a muito boa qualidade geral do habitáculo do utilitário da Seat, bem como para a arrumação muito limpa do mesmo, com a maioria dos comandos arrumados na consola central, onde há ecrã tátil de 8’’ com grafismo atraente e informação legível.