Com o lançamento do primeiro X5, há quase duas décadas (imagine-se!), a BMW descobria verdadeiro filão, um formato novo para encaixar no segmento dos populares SUV, que apelidou de SAV (Sports Activity Vehicle), por apresentar credenciais diferentes dos primeiros, nomeadamente um certo privilégio ao feeling e ao prazer de condução… apesar das medidas avantajadas. A fórmula pegou de estaca, como atestam as vendas notáveis ao longo das três primeiras gerações. E a concorrência… correu atrás! Dos premium aos fabricantes generalistas, poucos são os emblemas que não têm hoje um SUV (SAV?!) de inspiração vincadamente racing no seu portefólio de modelos!
Na Skoda, por exemplo, foi uma questão de tempo (e alguma coragem) para que a sigla-desportiva-instituição RS migrasse das versões de altas performances dos compactos Fabia e Octavia para a quadradona traseira de um SUV, o Kodiaq, que é só o mais matulão da gama. Pegando na base de automóvel concebido para o transporte de famílias numerosas, com habitáculo tamanho XXL e lotação para sete ocupantes, os engenheiros da marca checa do Grupo VW desenvolveram versão que tem tudo o que poderá agradar a chefes de família que apreciam automóveis de segmento generalista desportivos: performances elevadas, dignas de um RS, compatibilizadas com o espaço e a versatilidade imensas.
Pontos técnicos, a favor do estatuto de candidato a espécie de desportivo: prestações bastante convincentes do 2.0 Diesel biturbo com robustos 240 cv e, acima de tudo, enérgicos 500 Nm a baixos regimes, estendendo-se à consagrada caixa de velocidades automática de dupla embraiagem DSG, na versão de sete marchas, agora apta a suportar binários superiores a 350 Nm, decidida e sem hiatos entre passagens, e acrescentando superior comodidade na condução sem esforços no pedal e no seletor. Um binómio perfeito.
Mais, a transmissão da força motriz faz-se através de sistema de tração integral permanente (o mesmo com embraiagem multidisco Haldex das versões 4x4 da restante gama, com a capacidade de encaminhar 85% da força até um dos eixos), tecnologia com assistência eletrónica que adequa o funcionamento daquela mecânica e do amortecimento adaptativo das suspensões às condições do piso. Também variados são os modos de condução oferecidos e diversas as personalizações dos mesmos, abrangendo tanto a resposta do motor ao pedal do acelerador, como a capacidade de amortecimento ou a sonoridade de escape – os dois últimos podem variar em três níveis.
A posição de condução, a mais alta de sempre num automóvel com a sigla RS, é ótima, devido à combinação da diversidade de regulações para o banco e o volante, com as opcionais bacquets, que muito contribuem para uma ideal sustentação lateral do corpo em curva, característica que acrescenta piada a toda a ação.
Nas medições dinâmicas que efetuámos, recurso ao launch control que garante aceleração de 0-100 km/h em 6,9 segundos. O Diesel, embora com ímpeto presente numa ampla faixa de rotação, acaba por ser o desempenho nos regimes elevados que mais surpreende. E, apesar de toda a estampa de um SUV, nomeadamente na altura exagerada para desportivo, o Kodiaq impressiona pela forma como sai disparado em aceleração e devora asfalto a toda a velocidade, mais parecendo contrariar as leis da Física. Ou quase...
Neste capítulo, nenhuma dúvida de que o BMW está mais próximo do compromisso desejado em automóvel que aponta ao estatuto de desportivo, ostentando emblema de gabinete de alto rendimento. Não são automóveis comparáveis (e por isso não o fazemos aqui…), desde logo no preço: contabilizando-se os extras, o que custa este X5 M50d daria para comprar dois (!) Kodiaq RS.
Mas há mais: a 4.ª geração do SAV da BMW posiciona-se no topo da categoria em matéria de espaço e imponência na estrada, e pela riqueza e sofisticação dos conteúdos, em linha com topo de gama Série 7, muito perto do novo coupé de luxo, o Série 8. O habitáculo, onde nos sentamos sem apertos, impressiona pela qualidade dos materiais e dos revestimentos. O denominado Live Cockpit, que se distingue por apresentar painel de instrumentos digital de 12,3’’ e monitor central tátil de iguais dimensões para controlo das funções de bordo, um must.
Depois, um sem número de tecnologias de suporte à condução, das câmaras que ajudam ao estacionamento com diversas vistas e ampliações e assistente de marcha-atrás (o veículo consegue repetir, de forma automática, em marcha- atrás, os últimos 50 metros realizados em frente), ao funcional head up display, sem esquecer os faróis laser com alcance máximo de 500 metros (quase o dobro da tecnologia LED!).
Esta versão M50d soma o diferencial M à suspensão desportiva, conjunto que na unidade testada se abrilhanta pela adoção do eixo dianteiro pneumático (1300 €), jantes de 22 polegadas (1040 €) e direção ativa integral (1300 €) com rodas traseiras direcionais. Com este conjunto, o X5 nunca perde o lado mais cómodo que deve estar presente num SUV de luxo, mas surpreende pela rara capacidade de se encolher à medida que puxamos pelo Diesel de quatro turbos e… 400 cv!
A capacidade de aceleração é estrondosa e a caixa de velocidades tem precisão cirúrgica. À disposição temos ainda panóplia de modos de condução que configuram o veículo à medida das exigências, incluindo a resposta do diferencial traseiro, que consegue entregar no eixo posterior grande parte dos 760 Nm de binário, importante para o desejado efeito condução sobre carris. Se a tudo isto juntarmos performances que fazem corar muitos desportivos rasteirinhos... Temos máquina, sim senhor!
Com as devidas distâncias, BMW X5 M50d e Skoda Kodiaq RS apontam ao topo das respetivas categorias, com possantes e tecnicamente muito evoluídos motores Diesel e uma eficácia em curva que chega a ter laivos de desportiva, pelo aperfeiçoamento do compromisso entre dinamismo e conforto (de rolamento) que significa ostentar siglas-instituição: M no automóvel bávaro; RS, pela primeira vez num SUV da Skoda.