O Automotive News Europe citou uma fonte da Nissan que afirmava que o próximo Qashqai, que tem apresentação agendada para setembro deste ano, deixará de estar disponível com motores a gasóleo. Uma medida que, a confirmar-se, ficará alinhada com o que os compatriotas da Toyota e da Honda já fazem com C-HR e CR-V, respetivamente, modelos apenas disponíveis em versões a gasolina ou híbridas. Contudo, para já, a Nissan não só continua a apostar em versões a gasóleo para o seu best-seller, como reforçou a oferta Diesel com o renovado 1.5 dCi e o novo 1.7 dCi.
É a versão do Nissan Qashqai equipada com o 1.5 Diesel que analisamos em confronto com outro SUV japonês que continua com este combustível: Mazda CX-30 1.8 Skyactiv-D. Debaixo do capot do primeiro há 1,5 litros a gasóleo que agora debita 115 cv e 260 Nm (285 Nm em overboost), estando acoplado, neste caso, à caixa de dupla embraiagem e sete velocidades DCT. A mecânica de 1,8 litros utilizada no CX-30 tem praticamente a mesma potência (116 cv), diferindo ligeiramente no binário máximo (270 Nm). Gostámos de ambas as unidades motrizes, embora o facto de o Nissan utilizar caixa automática seja uma vantagem no que toca ao conforto de condução. Mas não só: o dispositivo tem funcionamento suave e rápido em velocidade de cruzeiro, contribuindo para a boa fluidez do andamento, mesmo que os resultados das nossas medições das acelerações e retomas tenham ficado um pouco abaixo do que seria esperado. Nas recuperações a rapidez é superior à revelada pelo 1.8 do CX-30, embora previsivelmente, uma vez que o Mazda tem binário inferior e caixa manual de 6 velocidades. Contudo, em aceleração, o CX-30 leva a melhor.
Ainda sobre o Nissan, e mais concretamente no que toca à caixa de dupla embraiagem, há que lamentar a falta de elasticidade no arranque, gerindo mal a pressão exercida pelo condutor no acelerador. Mesmo que a pisadela seja suave, o arranque é demasiado brusco, quer para a frente, quer para trás, o que, confessamos, nos provocou alguns sustos em manobras de estacionamento em locais mais apertados. Claro que a habituação tudo torna mais amigável e com o passar do tempo atenua-se a impetuosidade nos arranques desta DCT. Nota, ainda, para a condução igualmente fluida do CX-30, que beneficia de caixa manual bem escalonada.
Com tantas reservas levantadas em relação aos motores Diesel, interessa, mais do que nunca, escrutinar a vantagem destes motores no que toca aos consumos. Ora, num e noutro caso, essas vantagens são mais do que evidentes. No Qashqai, apurámos a interessantíssima média de 6,2 litros a cada 100 quilómetros, mas o CX-30 suplanta esse registo, com menos 0,2 litros para a mesma quilometragem de referência. Não sendo a diferença muito significativa, optámos ainda assim por atribuir um ponto a mais ao Mazda neste importante item.
Muito interessantes ainda são as autonomias garantidas: no CX-30, com depósito de 51 litros, autonomia de 850 km, menos 27 km do que no Nissan Qashqai, que tem depósito um pouco maior (55 litros).
Conforto não convence
O SUV da Nissan tem condução segura, com muita aderência e equilíbrio satisfatório nas viragens. Não é tão ágil quanto o Mazda, e sente-se sempre mais pesado que o CX-30, mas em geral a condução é muito agradável. Registe-se que o Qashqai beneficiou, na última modernização, de ajustes no amortecimento e nas barras estabilizadoras, mas se é verdade que o rolamento da carroçaria em curva diminuiu, já no que toca ao conforto a evolução não nos parece significativa.
A unidade que testámos, equipada com jantes em liga leve de 18’’ e pneus Continental Conti Eco Contact5, revela ainda excessiva firmeza, sobretudo nos pisos irregulares. O CX-30 não está melhor neste particular, acusando igualmente demasiada sensibilidade perante pisos imperfeitos, o que acaba por penalizar os níveis de conforto.
Já a dinâmica do Mazda merece aplauso, sendo automóvel muito leve de conduzir, beneficiando de direção com acerto correto e apresentando bom controlo dos movimentos da carroçaria, o que lhe confere boa estabilidade.
Mazda CX-30
Prosseguindo com o Mazda, agora noutra dimensão, consideramos que a habitabilidade é interessante, quer à frente, quer atrás, mas não tanto como a do Qashqai, que se impõe quando utilizamos a fita métrica. À frente, em largura, vantagem de 2 centímetros para o Nissan, a mesma diferença que nos lugares traseiros. No comprimento, são três os centímetros a mais que os passageiros traseiros beneficiam no Qashqai.
Nissan Qashai
O CX-30 tem a melhor posição de condução (embora a do Qashqai também seja satisfatória), bem como ergonomia mais correta – vide, por exemplo, a excelente colocação do ecrã central no topo do tablier – e, acrescente-se, materiais de qualidade superior. A construção é muito sólida nos dois automóveis, mas a qualidade deste Mazda é realmente impressionante, sobressaindo o rigor da montagem e a perfeição dos acabamentos, nomeadamente no topo do tablier, na consola e nos apoios das portas. Neste particular, o Qashqai é razoável, ou seja, fica longe do CX-30.
Ainda no domínio das dimensões, interessa dizer que as bagageiras destes SUV são exatamente iguais na configuração de cinco lugares do habitáculo, com 430 litros, diferindo, contudo, a favor do Qashqai, quando rebatemos os bancos traseiros. Aí, 1598 litros para o Nissan, 1406 para o Mazda. Refira-se, ainda, que a altura da plataforma de carga do CX-30 está a 79 centímetros de chão, mais dois que no Qashqai.
Enquanto não acontece uma revolução a sério no que toca aos sistemas de propulsão, as marcas continuam a apostar em mecânicas a gasóleo. E bem, dizemos nós, tomando como exemplo os dois automóveis que aqui analisámos e que oferecem condução agradável (ainda que com prestações fraquinhas...) e consumos comedidos. Em, geral, dois SUV referenciais no segmento, sendo o vencedor deste confronto, o Mazda, decidido por pormenores.