Veículos de todo-o-terreno com tradição repensados para a atualidade. Jeep Wrangler e Land Rover Defender socorrem-se da fórmula híbrida Plug-In para diminuir o consumo e os gases de escape sem penalizar as performances e as credenciais fora de série para a condução fora de estrada.

Nova personalidade, motores com tecnologia avançada, conforto de classe superior e funcionalidades adaptadas aos novos tempos, são características com que a Land Rover pretende impor o Defender II, sem sombra do seu antecessor… Do modelo de referência entre os 4x4 puros e puros desde 1990, quando a marca atribuiu nome ao descendente do automóvel revelado em 1948, como Serie I, não ficou pedra sobre pedra. Na impossibilidade de produzir automóvel igual ao original, desde logo devido ao aumento das restrições nos capítulos das emissões poluentes e da segurança, o emblema britânico mudou tudo, da imagem à arquitetura.

Na estética, dispensou-se a muleta fácil do retro, num conjunto que se aproxima mais dos requintados Range Rover do que do anterior Defender. A plataforma é a moderna D7x (o ‘x’ significa para utilização extrema), de construção monobloco leve em alumínio – até 2016, estrutura de longarinas e travessas com eixos rígidos –, para criar a carroçaria mais rígida de sempre da marca, apresentando-se como a base perfeita para a suspensão independente pneumática ou helicoidal, ao mesmo tempo permitindo a integração dos sistemas mais modernos, incluindo motorização híbrida com carregamento externo. Nesta versão P400e (que fará sucesso junto dos clientes empresariais), o Land Rover Defender (L663) utiliza solução técnica que combina mecânica 2.0 turbo a gasolina de 300 cv com unidade elétrica de 143 cv, a qual é alimentada por bateria de 19,2 kWh de capacidade, para um rendimento máximo combinado de 404 cv e 640 Nm de binário. Números que explicam, desde logo, prestações acima da média: 6 segundos de 0-100 km/h é registo que envergonha alguns desportivos, mas, claro, não revertem a favor do ideal de condução ecológica preconizado pela tecnologia PHEV.

A Land Rover, para o Defender 400e, anuncia 49 km de autonomia elétrica e, dispondo-se de carga na bateria, o modo EV permite-nos conduzir o SUV suave e silenciosamente, com o motor de combustão interna desligado, à velocidade máxima de 140 km/h. Na consola central, há comando específico para ativar o funcionamento de programa que admite, também, recargas da bateria pela mecânica a gasolina, função que pode revelar-se útil, no caso de esgotarmos a energia armazenada no acumulador e pretendermos movimentarmo-nos numa área reservada a viaturas zero emissões – num futuro próximo, número cada vez maior destas zonas de acesso limitado nas cidades. No entanto, a seleção do ‘SAVE’ deve considerar-se recurso de socorro: o processo de alimentação, lenta, origina um aumento exponencial do consumo. Confirmam-no os resultados do teste: percorrendo apenas 43 km de forma elétrica (pouco abaixo do valor de homologação), média de 9,4 l/100 km, registo (muito) acima dos 2,6 l/100 km reivindicados pela marca britânica. Ainda assim, teoricamente, números superpositivos –mais 900 km de autonomia! Para a recarga da bateria, duas hipóteses: num carregador rápido de 50 kW, apenas 30 minutos para recuperar 80% de capacidade; num ponto de carga AC de 7 kW, 0-80% da carga em 2 horas. A eletrificação não significa igualmente perda de versatilidade e competências no fora de estrada. Ao contrário: a presença dos vários componentes do sistema híbrido Plug-In reduz a capacidade da mala 187 litros, para ainda muito avantajados 670 litros. E a marca britânica anuncia mais e melhores capacidades na transposição de obstáculos e na condução longe do asfalto, sobre qualquer piso, agora com eletrónica quase sempre no comando das operações. No monitor a cores e tátil no centro do painel de bordo selecionam-se os modos de condução e os programas do Terrain Response 2, entre muitas outras funções do automóvel, incluindo o menu da tração integral que integra função Wade que facilita passagens a vau, transposição de cursos de água.

O programa é tão completo que reconfigura o funcionamento da ventilação e a circulação do ar no interior do automóvel, suaviza o funcionamento do acelerador, aumenta a altura da carroçaria ao solo (a suspensão pneumática permite até mais 75 mm ou menos 50 mm), regula a atuação dos diferenciais e ativa o programa Wade Sensing para o condutor observar o nível de água. Outra ferramenta, o Clear Sight Ground View, mostra a posição das rodas dianteiras. Já o sistema de tração integral, o melhor da marca, inclui diferenciais eletrónicos nos eixos. E o software do controlo eletrónico de tração foi adaptado às especificidades de automóvel capaz até de trepar paredes. Mesmo se, pelo que custa, não deva muitos sujos de lama...

Alternativa acessível, ou talvez não
Ao contrário do Defender, autenticamente reinventado, o Wrangler, descendente direto do Willys que serviu na II Guerra Mundial, manteve-se fiel ao conceito original de puro e duro da velha escola, com a fórmula conhecida de carroçaria de aço suportada por estrutura com longarinas e travessas, suspensões de eixos rígidos, mas não parou no tempo. Depois do Renegade e do Compass, também o grande ícone do todo-o-terreno na Jeep recebeu a sigla 4xe, assinalando a presença de moderna motorização híbrida PHEV, a mais potente e ecológica no catálogo do modelo, a permitir até 44 km de condução sem emissões.

No Wangler 4xe, um motor de combustão interna a gasolina, turbo, quatro cilindros, 2,0 litros, com potência de 272 cv às 5250 rpm e 400 Nm de binário máximo, caixa de velocidades automática de oito relações, caixa de transferências, três diferenciais e dois geradores elétricos, um dos quais montado no eixo dianteiro e acoplado ao motor de combustão interna que, além de trabalhar em sinergia com o motor térmico, quando necessário pode funcionar como função boost, ajudando nas acelerações a fundo. A segunda máquina, com 145 cv e 245 Nm, colocada na caixa de velocidades, é responsável pela propulsão 100% elétrica, podendo substituir a unidade térmica, sendo sempre chamada nas solicitações mais intensas. Na ação dos três motores, total de 381 cv, em função dos três modos de funcionamento possíveis: Híbrido, Elétrico e E-Save. No modo híbrido, selecionado por defeito, o motor de combustão interna e o motor elétrico trabalham em conjunto.

Inicialmente, o sistema favorece a condução elétrica; o motor de combustão interna entra em ação acima dos 130 km/h ou sempre que se exige mais esforço da mecânica. O modo elétrico permite condução com zero emissões; o E-Save é o modo destinado a manter a carga da bateria ou para efetuar o próprio carregamento usando o motor de combustão interna. Tudo isto mantendo os inigualáveis argumentos técnicos Trail-Rated do Wrangler, que oferece dois avançados sistemas de tração integral permanente ativa selecionável (Selec-Trac ou Rock-Trac), bloqueio elétrico dos eixos dianteiro e traseiro Tru-Lok, diferencial de autoblocante Trac-Lok e desconexão eletrónica da barra estabilizadora dianteira. Ou seja, a tecnologia 4xe assegura tração 4x4, tanto em modo híbrido como em modo 100% elétrico, em qualquer um dos quatro programas de tração disponíveis: 2H (tração traseira); 4H Auto (tração 4x4 inteligente); 4H Part Time (tração 4x4 com bloqueio central e 50% para cada eixo) e 4L (tração 4x4 com redutoras para situações mais trialeiras).

Dotação farta que torna o Wrangler 4xe praticamente imparável em fora de estrada, quando o terreno se compõe de pó, terra ou lama. Ao contrário, no asfalto, onde os ritmos são mais elevados, continua a não estar no seu elemento, mas o PHEV revela condução mais refinada do que qualquer versão na gama.

O L663 não tem a simplicidade do antecessor, mas honra o nome Defender, associado às credenciais quase surreais para a condução fora de estrada, que combinava com resistência e fiabilidade. Ao contrário: o Defender novo, mesmo sem o charme da imagem crua do original e, apesar de toda a complexidade da tecnologia embarcada, contra os adeptos mais puristas da marca, supera o antecessor em todas as características da dinâmica, somando-lhe o conforto e a sofisticação de um Range Rover e a capacidade de progredir em todo-o-terreno sem emissões. Mais fiel ao conceito puro e duro, mas também repensado para a atualidade, o Wrangler 4Xe não deturpa a imagem da marca Jeep. No asfalto, é rijo, mas quem o conduz não espera outra coisa. Em fora de estrada, todo o à vontade da versão Diesel, mas com quase o dobro da potência! Mais acessível ao TT de luxo da Land Rover, o Jeep está longe de ser barato.