O Citroën Berlingo Multispace despede-se dos motores térmicos, passando a estar disponível em Portugal apenas numa versão elétrica. Testámos o ë-Berlingo mais equipado.
Com motor de 136 cv (100 kW) e 260 Nm, alimentado por uma bateria com 50 kWh de capacidade para mais de 200 km de autonomia, versão de passageiros do Citroën ë-Berlingo é elétrico tudo em um, combinando o espaço e o sentido prático de um furgão, com as duas enormes portas laterais deslizantes a permitirem acesso amplo e desafogado a um habitáculo com fartura de centímetros livres em todas as direções e a capacidade de acolher até sete ocupantes a bordo, a modularidade dos monovolumes e a facilidade de utilização das berlinas compactas.
Pode não ser o familiar mais belo do mercado, mas não há muitos que lhe façam sombra quando o assunto é versatilidade.

Como o Citroën ë-C4, o Berlingo elétrico tem bateria de iões de lítio com 50 kWh de capacidade que aguenta carregamentos rápidos a 100 kW, sendo precisos 30 minutos para reabastecer 80 por cento. As cargas domésticas a 2,3 kW demoram até 15 horas e a 7,4 kW («wall-box») é possível abastecer em 7h30 minutos. Há a possibilidade de cargas a 11 kW (AC, trifásica, 5 horas), tendo a marca apostado forte na eficiência do sistema de refrigeração das baterias para que seja retirada a máxima eficácia dos carregamentos.
A energia no pack de baterias, alojado sob os bancos da frente e de trás, não prejudicando a capacidade ou operacionalidade do interior e da mala (mas aumentando em cerca de 300 kg o peso total do carro), faz movimentar motor de 136 cv que entrega a potência às rodas dianteiras, sendo utilizável através de três modos de condução – Eco, Normal e Power.
A primeira opção procura o melhor compromisso entre economia e prestações, disponibilizando a potência de 80 kW e um binário de 210 Nm; o modo Eco privilegia a economia e, consequentemente, a autonomia, limitando o rendimento da mecânica a 60 kW e o binário a 180 Nm, diminuindo também o desempenho do aquecimento e do ar condicionado; em Power, todas as potencialidades do sistema de tração elétrico, nomeadamente a potência máxima de 100 kW e o binário de 260 Nm.
Independentemente do programa escolhido, com mais peso, aerodinâmica menos apurada e a mesma potência do ë-C4, o ë-Berlingo tem menos autonomia. O fabricante anuncia média de 280 km entre carregamentos (em modo Eco), valor que não anda longe do que obtivemos em condições reais de teste.
O consumo médio durante o nosso ensaio foi de 17,3 kWh/100 km, abaixo dos 19,4 kWh anunciados pela marca em ciclo WLTP.
Nas acelerações e recuperações, a resposta é imediata assim que se pressiona o pedal da direita, sendo assumido que não será a dinâmica o ponto mais valorizado por potenciais clientes do multiusos francês. Ainda assim, compromisso equilibrado e aplausos para a direção do Citroën, oferecendo o tato preciso e rápido que conhecíamos das versões térmicas.

Um Berlingo como os outros…
Em tudo o resto, Berlingo da cabeça aos pés. O ë-Berlingo tem capacidade de carga igual à da do modelo convencional (775 litros na versão de carroçaria M e 1050 litros na versão XL – e até 4000 litros com a 2.ª fila de bancos rebatida), incluindo vários espaços de arrumação (167 litros) adicionais. Integra inúmeras ajudas eletrónicas à condução (cerca de 18) e o «Head-up display» é único no segmento, sendo ainda possível destacar o novo painel digital de 10’’ (de série na versão Feel Pack) que incorpora todas as informações a bordo.
O ecrã tátil de 8” na consola conta com menu especial que dá acesso às especificações elétricas do veículo: fluxo de energia, modo de condução ativo, nível de carga da bateria e estatísticas de consumo, incluindo a média do percurso percorrido (kWh/100 km).
Destaque ainda para os três bancos traseiros independentes, assim como para o tejadilho multifunções Modutop e para a abertura separada do óculo do portão traseiro.
Por fora, o novo ë-Berlingo distingue-se logo pelo monograma «ë» na grelha com o «double chevron» e antes da designação do modelo no portão traseiro, assim como pelo azul anodizado nos para-choques e pelos «airbump» laterais. A tomada de carga está localizada onde habitualmente se situa o bocal de combustível.

Garantia e preços
A Citroën oferece garantia de 8 anos ou 160 mil km para a bateria, trocando-a se dentro deste período baixar dos 70% de capacidade. Em todas as intervenções de manutenção, o cliente irá receber um certificado que poderá, inclusive, utilizar num momento de revenda do carro, comprovando a qualidade do sistema.
A gama do ë-Berlingo desdobra-se por três níveis de equipamento: Feel (desde 34.980 €), Shine (36.410 €) e Shine Pack (37.310 €), a versão do nosso teste, com ambiente XTR que inclui de série a ajuda ao estacionamento elétrico, o Pack Safety Plus (informação dos limites de velocidade e reconhecimento sinais trânsito), Alerta de Atenção do Condutor, Pack Visibilidade (luzes e limpa-brisas automáticos), assistente de máximos, auxiliar de arranque em subida.
A unidade ensaiada, com extras como a câmara de marcha-atrás com Top Rear Vision, ajuda ao estacionamento dianteiro, traseiro e lateral, o Active Safety Brake ou o alerta ativo de transposição involuntária da faixa, tem um preço de venda ao público de 43.411 €. Não é barato.