Sofisticado na tecnologia motriz híbrida, garantia de elevada eficiência no consumo de combustível, que é uma referência na frugalidade, construído em rigoroso zelo pela qualidade e muito agradável de se conduzir, aos 50 anos eis o mais ‘maduro’ Civic de sempre.
Aos cinquenta anos de idade e onze gerações, o Honda Civic é um automóvel no auge da maturidade tecnológica, na plenitude do direito à eletrificação em curso nesta indústria. Um dos automóveis da história com mais unidades comercializadas, mais de 27 milhões entre 1972 e 2021, o Civic volta a ser produzido no Japão, na sequência do encerramento da principal fábrica da Honda na Europa, em Swindon, Reino Unido, e pode dizer-se que beneficia desse regresso às origens. Não só mais moderno e sofisticado tecnologicamente, construído com maior zelo pelo rigor e qualidade, mais agradável de se conduzir, tão ou mais espaçoso e acolhedor, dinâmico a um nível superior e igualmente confortável. Em suma, melhor automóvel.

As dimensões exteriores (3 cm mais comprido) e a reconfiguração da linha da carroçaria (descendente no tejadilho para a traseira) conferem-lhe uma imagem igualmente mais dinâmica e desportiva, próxima da de coupé (mantendo cinco portas) e sem obstar aos requisitos de automóvel familiar (que preserva). A distância entre eixos maior (3,5 cm) e o alargamento de vias favorecem-lhe a habitabilidade e o desempenho dinâmico, em que o 11.º Civic é melhor do que todos os antecessores.

A nova geração do popular familiar compacto da Honda tem, para já, motorização híbrida como única escolha ao consumidor, e do tipo convencional, sem recarregamento externo da bateria. Todavia, não é o mais convencional… dos HEV - Hybrid Electric Vehicle. A Honda não se limitou a adotar-lhe motor a combustão como principal unidade motriz auxiliado ou substituído, ainda que em ação limitada no tempo e no espaço, por motor elétrico. O conceito híbrido é diferente, não propriamente inovador, mas proveitoso e responsável pela elevada eficiência no consumo de combustível, uma referência pela frugalidade. Uma elogiosa surpresa neste teste. No módulo híbrido há um motor 2.0 a gasolina, atmosférico, a funcionar segundo o ciclo Atkinson, desde logo para reduzir gastos e emissões, mas este, generoso em capacidade e rendimento mais satisfatório na potência (143 cv) do que no binário (186 Nm), devido à ausência de sobrealimentação, não é a principal unidade motriz do novo Civic - como num normal HEV. Esse protagonismo cabe ao motor elétrico, mais enérgico e musculado (184 cv e 315 Nm), que assume mais amiúde a locomoção da berlina, deixando o papel secundário, de auxiliar, ao motor de combustão, em situações de mais forte aceleração. Excetuando estas, na cidade e a estrada aberta, a carga moderada é o motor elétrico que assume a função de mover o Civic e o dois litros e quatro cilindros concentrando-se sobretudo a recarregar a bateria de 2,1 kWh de capacidade, que raramente atinge carga mínima (nunca zero) porque há ainda um segundo motor elétrico, mais pequeno, que visa exclusivamente gerar energia para a alimentar, além de a outras funções diversas do carro.

Toda a eficiência somada, permite-nos circular com o Civic fazendo consumos médios, em ciclo misto, de tão-somente 5 l/100 km, registo muitíssimo apreciável para HEV a gasolina. Para não dizer... incomparável. Ou quase. Em autoestrada ou a ritmos de condução mais despachados, os valores não sobem bastante, rondando os 6,5 l/100 km.
Há três modos de funcionamento do sistema híbrido, Electric, Hybrid e Engine, que vão se alternando, de forma automática, em função do estilo, do tipo de estrada e da carga da bateria; além de três modos de condução, selecionáveis pelo condutor (botão na consola), Eco, Normal e Sport, a que se junta um configurável (Personalizado), que variam a resposta do acelerador, a assistência da direção e a climatização. A sonoridade do motor fica mais encorpada no modo Sport, mas é artificial. Através de patilhas atrás do volante varia-se a intensidade da regeneração de energia. São quatro níveis, mas nenhum é muito intenso, mas é possível controlar as desacelerações do carro apenas com recurso ao sistema.

Debaixo do pé há potência de sobra para todas as exigências, até do condutor mais dinâmico. Todavia, essa acutilância paga-se no consumo - e este é cada vez mais premente na utilização dos automóveis. O funcionamento do agregado híbrido é primor de insonorização, com o motor de combustão a entrar em ação para fornecer energia quase sem se dar por isso. Quando se puxa pelo bloco de quatro cilindros, então o ruído aumenta - como é perfeitamente natural, mas sem incomodar.
O painel de instrumentos digital tem 10,2 polegadas e o ecrã central, com a mesma tecnologia, no topo do tablier, apenas 9”. O interior sobressai pela qualidade de construção, evidente nos materiais e na montagem, e a ergonomia é incriticável. A Honda sobe de nível neste Civic. A conceção, todavia, deveria ser moderna e sofisticada, quase se está em plena era da digitalização e do culto das superfícies limpas. O design é o mais simples e sóbrio das últimas gerações do modelo - ainda que não se vislumbrem claros assomos de europeísmo, o que reforça a ideia de que este também é o mais nipónico dos Civic recentes.

No habitáculo há mais espaço no banco traseiro, especialmente para as pernas, e o abaixamento do tejadilho não constrange em nada a comodidade, talvez o acesso, e para passageiros de estatura mais elevada. A bagageira perde quase 68 litros, baixando a 410 litros, que é um corte importante ainda que não drástico, devido à instalação da bateria sob o piso de carga. A cobrir a área, chapeleira de enrolamento lateral, que está longe de merecer elogios ao sentido prático.
Uma agradável surpresa, a 11.ª geração do CIvic, que aos 50 anos está no auge das suas faculdades, um ótimo automóvel. Desde logo, os méritos da tecnologia associada à motorização híbrida (HEV), que permite consumos bastante baixos, próprios de um... Diesel. Mas não é só. A qualidade de construção e o desempenho em estrada do carro são referenciais no segmento. Mas o preço não é acessível. Pelo contrário.
Preço (maio de 2023):
Honda Civic e:HEV Sport - 44.000 €