Depois de abrir caminhos da eletrificação ao Q3, a Audi estendeu-os ao mais ‘acoupésado’ e desportivo Sportback. Que, ‘assim vestido’, pode bem fazer as vezes de um inexistente Porsche Macan PHEV! Está longe de ser barato, mas o investimento em personalidade pode ser amortizado nos benefícios fiscais.
Andar ‘elétrico’ (não confundir com andar de elétrico) é mais uma moda que se juntou à dos SUV, autêntico Santo Graal da indústria automóvel dos últimos anos. E se o formato mais volumoso dos SUV se torna berço ideal para alojar baterias e afins, já a aerodinâmica e o peso em nada parecem encaixar na (também na moda...) expressão de sustentabilidade ecológica... O que sobra? A mobilidade elétrica (mais uma que está na moda), que no caso dos PHEV como este Q3 45 TFSIe está intimamente ligada à disposição do utilizador em ligar o veículo à corrente e não a fazer-se deslocar apenas com o motor a combustão.
Preço:
Audi Q3 Sportback 45 TFSI e - Desde 55.627 €

Depois de ter despertado a eletrificação no Q3, a Audi alargou-a à mais desportiva carroçaria Sportback, com receita técnica já bem conhecida em vários modelos do Grupo, associando ao motor 1.4 turbo a gasolina de 150 cv uma unidade elétrica de 117 cv, num rendimento máximo combinado de 245 cv e 400 Nm, entregues em exclusivo às rodas dianteiras, com a orientação de uma caixa automática S tronic (DSG) de seis velocidades.
Um dos problemas em ser tão compacto, é que o Q3 Sportback vê a bagageira drasticamente reduzida a apenas 380 litros, fruto da colocação da bateria de 10,8 kWh sob o piso da mala. Numa tomada doméstica – onde os PHEV devem ser preferencialmente ligados para otimizar os custos de utilização – apurámos cerca de 5 horas (a marca até anuncia mais) para uma carga completa da bateria, sendo que o carregador de bordo do Q3 também não aguenta mais que 3,7 kWh e só corrente alternada. Finda a carga, o computador de bordo nunca indicou autonomia EV superior a 46 km, o que verificámos: numa utilização normalizada será difícil conseguir rodar mais que 41 km em modo elétrico (consumo entre 18 e 19 kWh), tendo nós conseguido alcançar neste teste 45 km apenas em circuito urbano.

Com estes dados, e somando o consumo de combustível, o Q3 Sportback mostra-se mais gastador que a concorrência direta, uma vez que evaporando-se a carga da bateria, o motor a gasolina passa mais tempo ligado. Por isso, as médias registadas sobem facilmente aos 6,6 l/100 km, rondando os 7,5/8 litros em autoestrada.
Este desempenho mais gastador estará ligado às especificações da unidade ensaiada, com jantes de grandes dimensões, largos pneus desportivos e teto de abrir, ingredientes que somam lastro e reduzem o desempenho elétrico. Por outro lado, o Q3 permite ao condutor um total controlo das atividades do módulo híbrido, ora obrigando o SUV a rodar em modo puramente elétrico (existindo carga), ora possibilitando a preservação da carga existente, ora forçando o carregamento por ação do trabalho do motor a gasolina. Pode ainda entregar-se a otimização dos recursos à gestão eletrónica.
Toda bonitinha por fora e por dentro, esta unidade do Audi Q3 Sportback deslumbrava pelo conjunto e bom gosto dos equipamentos extra e pelo toque de vanguardismo somado pelas tecnologias ligadas à digitalização. Ficam-lhe bem estas rodas, os contrastes a preto nas capas dos retrovisores, grelhas e siglas, os efeitos e assinaturas luminosas e até esta pintura exclusiva.

O interior também revela a arte da Audi saber fazer modelos premium compactos, com a delicadeza e o efeito requintado de superfícies em Alcantara e pele, conforto e ergonomia dos bancos desportivos e do posto de condução, ou pormenores de design como o dos puxadores interiores da porta. Tudo a fazer crer que se está a bordo de um automóvel especial, mas onde é preciso investir na personalização, já que a versão base não contempla o painel de instrumentos digital, câmara traseira, aplicações em alumínio ou navegação.
Mesmo que ligeiramente mais firme que os restantes Q3, o Sportback mantém elevados níveis de comodidade e, acima de tudo, respira robustez nas ligações ao solo, o que culmina numa dinâmica assertiva para SUV e muita segurança na exploração dos 245 cv.
O Q3 Sportback é caro face às dimensões e ao equipamento base. Mas também é certo que responde à letra com qualidade geral muito acima da média e com aqueles retoques premium que ajudam o utilizador a sentir-se aos comandos de um automóvel especial. Esta versão PHEV não é das mais eficientes do mercado e tem uma bagageira pequena, embora saiba honrar dinamicamente (performances e atitude em estrada) o potencial estético desportivo.