No setor automóvel não se fala de outra coisa: é a febre SUV, são os híbridos, os elétricos, enfim, todo um novo mundo a surgir muito depressa. Vai daí, entendemos confrontar dois conceitos distintos: de um lado, o SUV híbrido Lexus NX 300h, do outro, a carrinha Audi A4 alroad com motor a gasóleo (também apelidado por muitos como a origem de todos os males ambientais).
Falemos primeiro da 2.ª geração da carrinha A4 allroad, o mais recente dos produtos aqui analisados. Não há grandes revoluções no estilo ou na mecânica, utilizando 2 litros Diesel com 190 cv/400 Nm, gerido pela caixa automática de dupla embraiagem S tronic de 7 velocidades, dispositivo que medeia a entrega de potência/binário ao famoso e muito eficaz sistema de tração integral quattro, assim como o Drive Select, que propõe inédito modo Offroad – que se junta aos já conhecidos Comfort, Auto, Dynamic, Efficiency e Individual.
Bastante diferente é o sistema que a Lexus nos propõe no NX 300h, um esquema híbrido que combina mecânica de quatro cilindros a gasolina com 2,5 litros (155 cv) e motor elétrico com 143 cv (uma combinação que, no SUV, rende um total de 197 cv). Importante nesta equação é ainda o sistema e-Four, que assegura tração às quatro rodas quando a eletrónica deteta falha de motricidade. O princípio de funcionamento desta tração integral é o seguinte: as rodas dianteiras são movidas pela combinação dos motores a gasolina e elétrico, enquanto as posteriores entram em ação graças a motor elétrico adicional (68 cv). O segundo motor elétrico partilha a bateria com a unidade principal, daí que a autonomia no modo EV (100% livre de emissões) não seja excecional, não ultrapassando os 1,5 km até 50 km/h.

O que dizem os nossos testes
Quando comparamos as nossas medições das prestações do NX 300h com as do A4 allroad sobressai a vantagem da mecânica a gasóleo, tanto nas acelerações, como nas recuperações, com a diferença mais profunda a acontecer no clássico 0-100 km/h, cumprido em 7,1 segundos pelo Audi e em 8,9 segundos pelo Lexus. De facto, as prestações do NX 300h não são nada de especial, sendo de louvar o funcionamento suave e silencioso a baixa velocidade, a contrastar com o elevado ruído de funcionamento em aceleração forte. A caixa de velocidades de variação contínua também não ajuda, pois tem funcionamento lento, castrando quaisquer intenções de praticar condução fluida e rápida.
Por outro lado, a utilização do A4 allroad não podia ser mais agradável: escolhendo os modos Efficiency, Comfort ou Auto, a condução é muito leve. O pisar dócil e a direção sem grande resistência, mas nem por isso menos precisa, são decisivos nessa leveza/facilidade de condução, que torna a carrinha alemã um veículo amigável de utilizar em ruas apertadas. E tudo isto se faz em elevado conforto, com a suspensão a absorver a maioria das imperfeições do piso. Nisso, também o Lexus merece aplauso, sendo SUV de corpo inteiro, ou seja, muito mais confortável que dinâmico. Ora, isto leva-nos a mais um elogio à carrinha da Audi, que consegue oferecer, mesmo no modo mais confortável, um desempenho dinâmico eficaz, com algum adorno da carroçaria, é certo, mas nada de escandaloso. Escolhendo o modo Dynamic para enfrentar estradas sinuosas, a direção ganha peso, tornando-se mais pesada e comunicativa, permitindo perceber com poucos filtros para onde segue a dianteira. Nada disto pode dizer-se do NX. A curvar, o Lexus paga a fatura do amortecimento mais dócil, mostrando reduzida agilidade, com a carroçaria a rolar em demasia (de forma exagerada mesmo para SUV), com tendência forte para fugir de frente em ritmo viragens a ritmo mais elevado. A direção, com tato suave, é ótima em condução normal, calma, mas quando aumentamos o ritmo mostra-se demasiado lenta e calada na informação. A capacidade de tração é elevada, assim como a estabilidade, o que constitui um ponto a favor na segurança, mas não é um automóvel tão divertido de guiar quanto o A4 allroad. Aliás, nem são coisas comparáveis.

Sistema quattro leva vantagem
A carrinha da Audi utiliza a conhecida tração integral quattro, sistema puramente mecânico e, por isso, sem quaisquer atrasos no funcionamento, trabalhando em parceria com o sistema de vetorização do binário que envia mais potência para a roda de cada eixo com maior tração, aumentado assim a velocidade em curva e a segurança com que se negoceia a mesma. O fantástico desempenho do sistema 4x4 contribui decisivamente para condução empolgante, quer em estrada asfaltada, quer em estradões de terra, com o inédito modo offroad a ajustar o regime ideal de motor, transmissão e direção (e a opcional suspensão pneumática) às condições do terreno.
Importante de referir são ainda os consumos. O 2 litros TDI do A4 allroad registou consumo médio de 7,4 l/100 quilómetros, um número algo elevado, mas que se aceita tendo em conta o sistema de tração integral permanente e as ótimas prestações. Já o Lexus desilude neste particular tão importante, sobretudo tratando-se de um híbrido. O consumo médio apurado cifrou-se em absurdos 9,5 l/100 km. O NX 300h conta com modo EV (condução 100% elétrica), mas a bateria tem capacidade reduzida e só recarrega nas desacelerações e travagens, não conseguindo diminuir de forma significativa o consumo da mecânica a gasolina de elevada capacidade.