Para o primeiro confronto da 3.ª geração do Kia Ceed, optámos por versão com o 3 cilindros a gasolina 1.0 T-GDI e nível de equipamento TX, que, segundo a marca, será a mais procurada em Portugal. Escolhemos, depois, uma das referências do segmento, o Honda Civic, também com 3 cilindros a gasolina, 1.0 VTEC, articulado com o equipamento Elegance.

Começando pelos motores, similares na conceção e acoplados a caixas manuais de 6 relações, sensações semelhantes, suaves, progressivos e silenciosos. Todavia, socorrendo-nos das nossas medições, percebemos que o 1.0 VTEC, com potência e binário superiores (129 cv e 200 Nm contra 120 cv e 172 Nm do 1.0 T-GDI do Ceed), permite ao Civic ser mais rápido em aceleração (menos de 0,7 s de 0-100 km/h) e, sobretudo, nas recuperações, com diferenças bastante maiores, que se refletem desde logo na nossa tabela de pontuação. Três pontos referem-se às prestações e o outro indica a velocidade máxima superior do Honda (203 km/h vs. 190 km/h). No que toca às caixas de velocidades, optámos por um empate, pois ambas merecem elogios, na precisão do engrenamento, e na suavidade, com a vantagem de contarem com relações altas que não são excessivamente longas, autorizando retomas de velocidade de nível satisfatório, mais no Civic do que no Ceed.

Por outro lado, não ficámos muito convencidos com os consumos registados. No Civic, apurámos média de 7,1 litros/100 km, registo elevado tratando-se de motor posicionado no acesso à gama. No Ceed, cenário ainda mais desanimador. Embora a unidade que testámos estivesse pouco rodada, mas ainda assim a média de 7,5 l/100 km merece crítica e penalização pontual.
A Kia destaca o trabalho efetuado nas suspensões do Ceed, afirmando que procurou encontrar o melhor compromisso entre o nível de conforto que se espera num carro de família e o fator diversão. Nota-se evolução importante no comportamento dinâmico e índices superiores de conforto, com maior agilidade e comportamento mais previsível em curva, com menor rolamento da carroçaria, e a direção (17% mais direta do que antes) a revelar-se mais direta e com a fornecer mais feedback do contacto das rodas dianteiras com o asfalto. Em piso estragado, sente-se um impacto sólido, o que revela firmeza e não rigidez, ou seja, aproximado ao que habitualmente só encontramos nos produtos de marcas premium. Ora, não sendo um destes, o Civic oferece exatamente a mesma rsensação, mas é ainda mais eficaz a curvar, o que torna também mais divertido, com a direção a mostrar grande precisão e a suspensão a absorver quaisquer ressaltos da estrada com suavidade uma suavidade notável. Referir que tem ainda ótima capacidade de travagem é o remate perfeito para da apreciação dinâmica a automóvel que talvez não tenha rival no segmento no que ao comportamento dinâmico diz respeito…

Construído sobre a nova plataforma K2 da Kia, o Ceed de cinco portas é 20 mm mais largo (1800 mm) e 23 mm mais baixo (1447 mm) do que antes, sendo que a distância entre eixos permanece nos 2650 mm. A nova plataforma permitiu melhor organização de espaço, pelo que a habitabilidade cresceu: havendo mais espaço para pernas e ombros no banco traseiro, mas ainda assim insuficiente para chegar aos níveis apresentados pelo Honda Civic.
O automóvel japonês também cresceu na passagem de geração, o que aconteceu no ano passado, tendo recebido nova plataforma com mais 30 mm entre eixos do que a predecessora, pelo que o Civic ganhou 130 mm de comprimento e 30 mm de largura do que o antigo, mas com menos 20 mm de altura. A evolução nas dimensões da carroçaria do Honda também se refletiu nas cotas de habitabilidade, sobretudo nos lugares posteriores, que oferece grande desafogo para acomodar três adultos. Por fim, a bagageira do Civic é só a maior da categoria, propondo capacidade de carga de camião: 478 litros de volumetria na configuração standard! A mala do Ceed, que cresceu 15 litros, oferece agora 395 litros, bastante longe do rival japonês, mas que ainda assim é um dos segundos melhores do segmento neste particular.

Por último, análise aos habitáculos: ambos os automóveis têm materiais de qualidade (o Civic uns furos acima) e construção sólida e para durar sem ruídos parasitas. Além disso, ambos apresentam ergonomia correta, que se expressa, por exemplo, na correta colocação dos ecrãs que servem os sistemas de infoentretenimento, os quais podem ser utilizados sem desviar (muito) os olhos da estrada. Refira-se, contudo, que o ecrã central do Kia Ceed é flutuante, estando mesmo no topo do tablier, o que quanto a nós é sempre o melhor posicionamento.