Desde o lançamento da nova geração do BMW X3 que as versões a gasóleo se mantiveram como as mais procuradas da gama do SUV alemão, situação idêntica à da Alfa Romeo com o Stelvio, que apresenta no seu portfolio mecânica 2.2 Diesel com três variantes de potência: 150, 180 e 210 cv. Foi a última que analisámos neste confronto com a variante mais potente do 4 cilindros e 2 litros Diesel do X3 da BMW, que se apresenta com 231 cv nesta versão xDrive25d.
Da apresentação dos modelos em liça sobressai desde logo a diferença na potência, com vantagem para o modelo alemão. Contudo, essa dissemelhança não se traduz em vantagem para o X3 nas acelerações e retomas, com o Alfa Romeo a impor-se de forma clara em ambas as situações. Vejamos como, tendo em conta que todas as medições foram aferidas nos modos Sport de Alfa Romeo e X3, respetivamente escolhidos através do seletor DNA e no comando de Experiência de Condução: aceleração 0-100 km/h em 6,8 s contra 7,4 do X3 ou recuperação 60-100 km/h em 4,2 s para 4,9 do BMW. Na velocidade máxima, a vantagem é do X3, com 230 km/h face aos 215 do Alfa Romeo.
Mas, claro, há vida para lá das acelerações, retomas ou velocidade de ponta, nomeadamente o trato das mecânicas em condução normal/tranquilo. E nisso, o 2.0 do BMW leva a melhor, pois tem funcionamento mais silencioso e suave que o 2,2 litros do Stelvio, bastante mais ruidoso em aceleração e um pouco mais rude na resposta à pressão no pedal do acelerador. Uma questão de temperamento, naturalmente, pois é evidente que o SUV do Alfa Romeo é assumidamente desportivo. Refira-se, ainda, que ambos os modelos utilizam caixas automáticas de 8 relações que podem ser exploradas de forma manual através dos seletores posicionados nas respetivas consolas ou nas patilhas nos volantes, merecendo destaque, pelas suas avantajadas dimensões, as patilhas do Alfa Romeo.
Quanto aos consumos, diferenças muito curtas e que não devem ser valorizadas, uma vez que terão mais a ver com a inabilidade do condutor em manter a velocidade constante nos percursos predefinidos de avaliação de consumo do que propriamente com o apetite das mecânicas. Ainda assim, aqui ficam os registos finais: 7,6 l/100 km no Alfa Romeo e 7,8 l/100 km no BMW.
Correspondência direta ao desempenho dos motores tem a dinâmica. Num SUV e noutro, há a certeza de que a diversão é garantida. Não só as mecânicas têm capacidade para colocar os respetivos chassis à prova, como estes correspondem com eficácia. No Alfa Romeo, movimentos da carroçaria muito bem controlados e boa aderência do eixo dianteiro, ainda que em curvas mais fechadas, se cometermos o erro de entrar demasiado depressa, é quase inevitável que a frente se solte um pouco e tenhamos que levantar o pé para endireitar a coisa. Mais sensato é entrar um pouco mais devagar para acelerar do meio para a saída (da curva). Nessa altura, é provável que a traseira escorregue um pouco, mas logo o sistema de tração integral Q4 trata do assunto, enviando boa parte do binário para as rodas da frente.
Depois, a direção é leve e exige alguma habituação, pois é sensível ao manuseio. A direção do BMW pareceu-nos ter peso perfeito, num compromisso ótimo entre acerto e feedback, ponto de partida ótimo para apreciar a excelência dinâmica do X3, cuja agilidade e equilíbrio são notáveis para um SUV. Ficámos absolutamente convencidos com a competência do chassis e do sistema de tração integral do automóvel alemão, até porque é o X3 o mais confortável, sendo que o Alfa Romeo foi certamente prejudicado pelas jantes de 19 polegadas, que lhe conferiam sensibilidade excessiva em mau piso.
Contudo, conforto é coisa que não falta ao habitáculo do Stelvio, um espaço bem decorado e construído de forma sólida com materiais na sua maioria de boa qualidade. Neste aspeto, o carro italiano leva, no entanto, menos pontos do que o alemão, porque o X3 é mesmo de um nível à parte, só igualado pelos compatriotas e por mais duas ou três marcas de alto gabarito. Na ergonomia, e com particular ênfase nos ecrãs de gestão dos respetivos sistemas de infoentretenimento, nota elevada para o BMW, cujo monitor está posicionado bem no topo da consola central. O do Alfa Romeo aproxima-se da posição ideal, mas falta-lhe um bocadinho...
Quanto à habitabilidade, a vantagem vai igualmente para o X3, mais largo e mais alto à frente e atrás e oferecendo também mais centímetros para arrumar as pernas em comprimento nos bancos traseiros, o que em veículos de vínculo assumidamente transportador tem que merecer elogio. E transportar gente significa, em princípio, transportar bagagem, o que coloca novamente o BMW em destaque, propondo bagageira com mais 25 litros (550 contra 525 litros) do que a do Alfa Romeo. Num e noutro, os encostos dos bancos traseiros podem ser rebatidos, mas é o X3 o único a contar com sistema de rebatimento automático na bagageira. No Stelvio, há patilhas na bagageira para soltar os encostos dos bancos, mas estes têm que ser empurrados para a frente.
Alfa Romeo Stelvio 2.2 Diesel Q4 Super e BMW X3 xDrive25d podem ser apresentados como potentes SUV a gasóleo capazes de prestações elevadas – semelhantes às de veículos desportivos rasteirinhos – e desempenhos dinâmicos muito competentes e com importante fator de diversão. Contas feitas, o X3 é o vencedor, e este sucesso assenta numa maior homogeneidade do produto, pois é mais confortável que o rival (penalizado pelas jantes de 19’’), tem motor mais silencioso, e tem bagageira maior e habitáculo mais espaçoso e com maior qualidade. O Alfa Romeo destaca-se pelas performances e pela mais generosa oferta de equipamento de série.