Ao analisarmos o Ford Focus SW 1.5 Ecoboost Vignale, é quase inevitável começar por referir a excelência do acabamento Vignale com o qual a marca da oval azul acrescenta à sua carrinha um timbre de requinte que a posiciona num patamar mais próximo das marcas ‘premium’. E é no habitáculo que encontramos as diferenças maiores do nível de acabamento superior da gama Ford comparativamente às versões menos chiques, chamemos-lhes assim, da gama do compacto.
Basta abrir a porta e olhar para o interior desta carrinha Focus para perceber a diferença, sendo notória a utilização de materiais de melhor qualidade: o interior é amplamente revestido a pele perfurada de elevada qualidade, com duplos pespontos de cor contrastante e padrão exclusivo, há aplicações em madeira no tablier e nos painéis interiores das portas e o logótipo Vignale nos excelentes bancos e nas embaladeiras específicas. Estruturalmente, nada o distingue dos outros Focus da gama, merecendo grandes elogios a boa posição de condução e a ergonomia corretíssima, com destaque maior para o correto posicionamento do ecrã central, colocado acima do tablier, bem ao alcance da mão e da vista do condutor, que não tem assim que desviar em demasia o olhar da estrada para operar o dispositivo.
Depois, é o abastado equipamento que merece elogio. De série nesta versão Vignale temos o novo Head-up display da Ford (extremamente nítido), o ar condicionado automático, o banco do condutor com regulações elétricas, as luzes ambiente em LED, o botão FordPower (chave inteligente e ignição e paragem do motor), o sistema de navegação, o volante e punho da caixa de velocidades em pele e os tapetes dianteiros e traseiros premium Vignale. E ficamo-nos por aqui nas referências aos adereços e equipamentos de conforto, sendo certo que a lista é bastante mais extensa se estendermos a descrição aos dispositivos de auxílio à condução, onde figuram o sistema de estacionamento automático, os sensores de estacionamento à frente e atrás, assistência à pré-colisão (com travagem ativa autónoma e deteção de peões e ciclistas) e assistência à manutenção de faixa, entre outros.
Depois de percebermos no Focus SW Vignale toda esta envolvência de luxo e conforto, é com enorme expetativa que subimos a bordo do Seat Leon ST, preparado para este confronto com o nível de equipamento Xcellence, o qual não está no topo da hierarquia do catálogo da Seat, encimado pelo acabamento «FR». Logo num primeiro olhar, são notórias as diferenças nos materiais utilizados e no requinte dos acabamentos. Não que sejam maus, nada disso, pois a maioria dos materiais são de boa qualidade e as finalizações são rigorosas, mas o acabamento Vignale têm outro nível. E as diferenças prosseguem quando analisamos o equipamento de conforto e de segurança. No Seat Leon não há head-up display, os estofos em são pagos à parte, assim como o sistema de navegação. Joga a favor do automóvel espanhol o facto de contar com caixa automática, a qual analisaremos adiante, mas que acrescenta vários pontos no item do Conforto pela comodidade de utilização que proporciona. Depois, olhando para o equipamento de segurança, o Leon não conta com aviso de proximação, travagem automática ou assistência de faixa de rodagem, elementos de série no Focus. No Seat há que elogiar a correta posição de condução e ainda a ergonomia cuidada, ainda que o posicionamento do ecrã central não seja o melhor.
Já de fita métrica em punho, apurámos a habitabilidade, onde a carrinha da Ford se destaca, nos lugares dianteiros, pela largura superior, sendo irrelevantes as diferenças entre os concorrentes na largura e altura. Passando para os lugares traseiros, empate a 72 cm no comprimento, melhor o Seat na altura, com 95 cm contra 93. A diferença maior está, novamente, na largura, e igualmente a favor do Focus SW, que se destaca com 138 cm contra 133 do Seat. Tratando-se de carrinhas, teoricamente veículos que terão utilização mais intensiva das bagageiras, importância aumentada para a volumetria destes espaços. No Ford, encontramos compartimento com 608 litros, extensíveis a 1653 litros com o rebatimento dos bancos traseiros. No Leon, 587 litros na configuração de cinco lugares, 1470 litros só com a fila da frente disponível.
Avancemos para as mecânicas, ambas a gasolina, 1,5 litros e 150 cv, diferindo no número de cilindros (3 no Ford, 4 no Seat). O Ecoboost do Focus conta com distribuição variável e destaca-se pela grande suavidade, reduzido ruído de funcionamento e adequada capacidade de resposta que garante condução tranquila e despachada. As prestações que apurámos não são brilhantes, mas a verdade é que nunca sentimos que o automóvel fosse lento ou estivesse submotorizada, o que atesta o agrado de utilização do tricilíndrico, gerido por caixa de seis velocidades suave e precisa, cujo escalonamento longo – a 5.ª e a 6.ª são claramente para reduzir o regime de funcionamento do motor – pretende garantir consumos baixos, proeza que consegue, como prova a média de 7 litros a cada 100 km. Este valor é apenas 0,2 l/100 km abaixo ao registado no Seat Leon, mais rápido e melhor «recuperador», como provam as nossas medições, facto ao qual não é possível dissociar a caixa automática de 7 velocidades, de embraiagem dupla (DSG-7), muito competente na gestão da potência e binário disponíveis, oferecendo por isso uma condução mais despachada e rápida do que a do Focus. Puxando pela mecânica, o Seat mostra chassis com estabilidade, precisão e rapidez, com discreta eletrónica de assistência à condução, e bom nível de amortecimento, ainda que com alguma sensibilidade em piso piso regular, característica ainda mais vincada no Focus, equipado com jantes de 18’’ que penalizam o conforto de forma importante. No reverso da medalha, a excelência da dinâmica: agilidade superior, graças a chassis equilibradíssimo e direção precisa e afinada que são garantia de momentos divertidos ao volante.
A diferença de 13 pontos entre Ford Focus SW e Seat Leon ST na pontuação final, a favor do primeiro, tem a ver sobretudo com três fatores: a qualidade superior do acabamento Vignale, a riqueza do acabamento de série desta versão e ainda o preço a qua Ford consegue comercializar esta carrinha graças a campanhas promocionais muito vantajosas. Além do que descrevemos no final da ficha técnica, acresce a possibilidade de mais 1000 € de redução no caso de retoma. Em tudo o resto, o equilíbrio é a nota dominante entre estas duas carrinhas, mesmo se vão alternando vantagens entre si: o Ford na dinâmica, o Seat no conforto e prestações.