O A 35 é o Mercedes-AMG mais acessível no mercado, que se posiciona abaixo do futuro A 45 AMG, em linha com propostas como Audi S3 e VW Golf R, e tem argumentos para honrar tão nobre linhagem. A marca da estrela amplia a gama do desportivo compacto com estreante Limousine, berlina de quatro portas e três volumes bem definidos, para dar lugar a mala com 420 litros de capacidade. Sem surpresa, o AMG A 35 Limousine partilha plataforma e recursos técnicos com o hatchback, o motor de 2.0 litros debita os mesmos 306 cv de potência, surgindo associado a uma caixa automática Speedshift DCT AMG 7G, de sete velocidades e dupla embraiagem. No frente-a-frente com a berlina de cinco portas que lhe serve de base, só mais 0,1 segundos de 0 a 100 km/h, medição que arruma em balísticos 4,8 segundos. Dúvidas sobre as credenciais dinâmicas acima da média? Nenhumas.
O braço desportivo da Mercedes tem aqui modelo para séria candidatura ao estatuto de referência no seu segmento, na eficiência do desempenho e nas performances do motor de quatro cilindros, a preço mais acessível. Sob o capot está peça de engenharia notável. Com a mesma arquitetura e cilindrada, desenvolvido a partir do bloco M 260 do novo Classe A, o propulsor dispõe de um turbo de dupla entrada (twin-scroll) com funcionamento aprimorado, de sistema de controlo variável das válvulas, de gestão térmica inteligente para a mecânica e óleo, injetores piezo mais precisos e novo sistema de ignição.
Na estrada impressiona desde logo pela resposta espontânea ao acelerador (binário máximo de 400 Nm às 3000 rpm), a elevada progressividade ao longo de toda a faixa de regime e a consistência nos mais altos (306 cv às 5800 rpm), o que lhe confere uma enorme elasticidade e ainda uma sonoridade cativante, e ainda mais, pelo acompanhamento acústico do escape, muito bem trabalhado. As potencialidades do motor são exploradas otimamente pela caixa automática AMG Speedshift DCT 7G de dupla embraiagem e sete velocidades, que contribui para a agilidade e o dinamismo gerais do veículo. Acrescente-se os préstimos da função Race-Start, de arranque eletronicamente controlado, para experiência de condução verdadeiramente desportiva. Problema: em Portugal, continua a não ser acessível a entrada no estimulante universo desportivo AMG, que não se faz por menos de 60 e muitos mil euros…
É aqui que entra o compacto da Hyundai. Fiabilidade e facilidade de utilização foram durante anos alguns dos principais cartões de visita da marca coreana para conquistar o mercado europeu. A que agora se junta algo inédito na marca: a promessa de performances e de fortes sensações ao volante. E, não sendo competição direta para o novo benjamim da Mercedes-AMG (não é demais reforçar esta ideia…), o recente i30 N Fastback concorre no circunscrito campeonato das berlinas-fora-de-série, num pacote a preço que é um dos mais justos nesta categoria de produtos.
O motor de 2 litros turbo a gasolina, de 275 cv e 353 Nm (estes, constantes entre 1450 e 4700 rpm) é principal cartão-de-visita da versão mais extrema com a etiqueta desportiva N, apontada às referências na classe dos compactos desportivos, porque, lá está, concorrentes diretos não tem. O três volumes coreano é 120 milímetros mais longo e ligeiramente mais baixo do que o modelo de 5 portas de que deriva, o que permitiu melhorar a aerodinâmica. Tecnicamente, o gabinete desportivo da Hyundai também mexeu: curso da suspensão dianteira com mais 6 mm de comprimento, com molas que são 5% mais suaves e novo esquema de controlo do camber no trem posterior traseiro. Ainda, para o desejado efeito de lapa, carroçaria bem reforçada, a que se acrescentaram barras de reforço estrutural, uma delas instalada na bagageira, que contribui para o aumento da rigidez torcional em 6,9% face ao i30 N de 5 portas. Depois, a aderência estrutural proporcionada pelas suspensões independentes rigorosamente afinadas com amortecimento variável para restringir as forças exercidas sobre uma das rodas de cada eixo é ainda otimizada pela aderência mecânica proporcionada pela ação do diferencial autoblocante eletrónico, ambas tendo como ponto de contacto com o piso a eficácia superior dos pneus Pirelli PZero com jantes de 19’’, desenvolvidos à medida para o Hyundai. O Fastback também está ligeiramente mais próximo do solo, mas não é por isso que nos sentimos a roçar no asfalto.
Para desportivo, a posição de condução até é elevada, compensa com bancos desportivos, que só não têm a qualidade dos incríveis bancos Performance AMG Advanced, integrais e revestidos a pele e Alcantara, na lista de opções do A 35, por chorudos 2700 euros… Mas são mimos como estes no carro alemão que permitem a ligação permanente ao universo da competição e resultam em condução extremamente emotiva. Entre os recursos mais notados, o sistema de tração integral variável AMG Performance 4Matic, que assegura a melhor motricidade sem restringir a diversão de condução. A distribuição de binário varia de 100 por cento no eixo dianteiro até equitativos 50:50 em ambos, através de embraiagem multidisco integrada na transmissão do eixo traseiro, de controlo eletromecânico. Na intrincada eletrónica de condução do AMG A 35 inclui-se, ainda, a estreante tecnologia AMG Dynamics, que amplia as funções do ESP com um efeito de controlo de sobreviragem. No chassis e na carroçaria, reforços estruturais cirúrgicos aumentaram a rigidez torcional do automóvel, para a impressionante precisão e assertividade na entrada em curva. O mais compacto dos AMG é eficiente e surpreendentemente fácil de conduzir… depressa! Neste particular, o compacto da Hyundai só pode sobressair pela pureza superior.
O i30 N não dispensa, por exemplo, travão de mão manual. E como os coreanos quiseram mesmo fazê-lo puro, só pode contar com os préstimos de caixa manual de 6 velocidades. A oferta de (cinco) modos de condução permite modular a entrega do automóvel aos intentos do condutor ou da estrada, existindo modo de personalização (N Custom) onde tudo pode ser parametrizado, desde a entoação do escape à intervenção do autoblocante passando pelo amortecimento ou feeling da direção. Existe ainda botão no volante que permite ativar sistema que ajusta as rotações do motor às reduções de caixa, o que resulta em sonoros rateres.
A direção é bastante direta e precisa, progressiva e ainda adaptativa, transmissora fiel de feedback entre o tato das rodas na estrada e as mãos do condutor que seguram o volante. Sente-se em rigor a força bruta da mecânica. Talvez pudesse o Mercedes-AMG ser menos filtrado, mas desde cedo se percebe que o A 35 não conjuga modernidade técnica com afinações dinâmicas do género old school. Não é, claramente, essa a ideia…
Com o A 35 de 306 cv, a Mercedes-AMG conseguiu criar um automóvel tão ou mais eficiente e eficaz que o topo de gama que conhecíamos e mais fácil e divertido de conduzir. O condutor ajusta os settings cada vez mais como num carro de corrida e o que é possível fazer ao volante deste Limousine é notável. O Hyundai i30 N Fastback nasceu nos circuitos e no programa mais radical está pensado para track-days, percebendo-se todo o potencial de uma máquina que tem tudo para complicar a vida aos pesos-pesados da categoria. Em traços gerais: brutal débito energético ao mais leve toque de acelerador e desenvolvimento linear, garantindo motricidade sem perdas ao eixo dianteiro, que não é fácil encontrar em desportivo de alto calibre que pode ser utilizado no dia-a-dia. E pelo preço que tem…