O histórico nacional diz-nos que as versões base (seja de motorização ou de equipamento) de modelos de marcas premium não costumam vingar entre nós. Porque quem pode aí chegar, poderá também dar um mais um passinho em frente, somando uns euros à fatura, para alcançar argumentos que podem fazer a diferença, seja na busca de melhores performances, seja no apuro do conforto e mordomias a bordo.
Esta versão D3 do XC60, com motor 2 litros de 150 cv, tração dianteira e caixa manual está, precisamente, na base da pirâmide da oferta do reconhecido SUV sueco. Mecânica que além da impossibilidade técnica de poder ser conjugada com a caixa automática de 8 velocidades ou mesmo sistema de tração integral (que o D4 de 190 cv possibilita), fica a escassos 839 € da referida versão mais potente. Vida complicada a deste D3 no mercado nacional...
Mas olhemos para as virtudes – que existem, são muitas e valiosas. Esta variação de 150 cv do motor 2 litros turbodiesel tem na suavidade de ação e na elasticidade da forma como sobe de regime, importantes trunfos encontrados numa utilização quotidiana. Como que não existem interregnos ou patamares nas transições entre baixos e médios regimes ou mesmo trepidações quando nos fazemos preguiçosos a engrenar uma relação de caixa abaixo.
Nunca se obtém deste motor resposta brusca ou audaz e o nível de potência em jogo também nunca chega a incomodar o eixo dianteiro motriz, pelo que não são sentidos incómodos na direção – geralmente, uma das perturbações das versões de tração dianteira às de tração integral. As performances aferidas são justas, tendo em linha de conta que o XC60 D3 facilmente ultrapassa as duas toneladas de peso.
A caixa manual, outra das estrelas desta versão, tem curso curto e engrenagens suaves. O comando está colocado em plano elevado, como que querendo dizer que o XC60 e o desenho/formato da consola central está pensado, basicamente, para caixa automática... Numa condução normalizada, misturando trajetos citadinos com vias rápidas e autoestradas, o consumo médio fixa-se facilmente abaixo dos 7,5 l/100 km.
Neste cenário pleno de suavidade, as rodas 235/60 R18, embora grandes, alinham com o conforto de rolamento, com pneus de perfil elevado. Nada que descomponha dinamicamente este SUV de 4,7 metros de comprimento por 2 metros de largura, que responde sempre de forma pronta e eficaz, via direção de tato cremoso e dócil. A suspensão está nitidamente ajustada para o bem-estar em todo o género de piso, com a estrutura e rigidez do conjunto a corresponderem às exigências de veículo de ambições premium.
Estofos em pele, sistema de navegação, vidros traseiros escurecidos, câmaras de ajuda ao estacionamento ou mesmo sensor de parque nos para-choques dianteiros são itens que requerem pagamento extra. Tudo envolto no mar de personalização permitido na marca, que prefere agrupar muitos dos opcionais em Packs, para reforço da comodidade a bordo. É o caso dos bancos em pele da unidade ensaiada, muito cómodos e bem revestidos, com ajustes elétricos, memórias, aquecimento e refrigeração, parte do Pack Luxury Seats. O painel de instrumentos digital de 12’’ também é opção (de série, instrumentação igualmente digital mas em monitor de apenas 7’’ e não tão rico em configurações) em conjunto com o sistema de navegação. Alguns elementos práticos e úteis em SUV deste gabarito, como o rebatimento elétrico (e facilitado) das costas dos bancos traseiros, acesso mãos-livres e a abertura/fecho elétrico do portão da mala – embora devesse incluir movimento da chapeleira... – são também extra e possíveis de combinar no Pack Versatility Pro.
O interior de design minimalista continua a convencer pela originalidade, o mesmo se passando com a qualidade geral, em alta e bem apurada.