A sumidade desportiva dos SUV da Porsche é colosso de potência, fazedor de emoções arrebatadoras a cada aceleração e travagem mais fortes, nas curvas a velocidades loucas, improváveis em automóvel de tamanho tão avantajado. As performances falam por si: 0-100 km/h em 3,3 segundos e velocidade máxima de 300 km/h. Fora de norma.
O Turbo GT estreia-se nesta geração do Cayenne e sob o capot tem motor V8 4.0 partilhado com o Cayenne Turbo, mas com mais 90 cv para esmagadores 640 cv, mediante a otimização da cambota, dos pistões e dos turbocompressores (tem dois), e binário máximo de 850 Nm, mais 80 Nm do que naquela versão.

Apesar de ser menos potente do que o Cayenne Turbo S E-Hybrid – sim, há mais potente na gama do SUV maior da Porsche! A versão híbrida plug-in chega aos 680 cv pela associação de motor V8 e unidade elétrica –, o Turbo GT supera-o em prestações, o que se explica facilmente: é bastante mais leve, o primeiro pesa 2,5 toneladas, lastrado pelo peso da bateria e do motor elétrico, e dispõe de um desenvolvimento específico para o dinamismo desportivo, pelo que é o Cayenne mais rápido e eficaz de sempre produzido em série.
As performances falam por si, com a aceleração de 0 a 100 km/h em tão-só 3,3 segundos e a velocidade máxima chega aos 300 km/h, e podem considerar-se fora de norma para, reforce-se, um SUV com envergadura e centro de gravidade tão elevados, com o tejadilho a mais de 1,6 metros de altura e a 15 cm de distância ao solo.

Ainda assim, com o beneplácito da suspensão pneumática, é um Cayenne bastante baixo, 17 mm mais próximo do chão do que o Cayenne Turbo Coupé. Baralha portageiros sobre a sua classe de veículo, confundindo-se com o Macan, e engana todas as máquinas de medição, passando amiúde pela taxa inferior (Classe 1).
Para otimizar o comportamento dinâmico do Cayenne, compadecendo-o com as características desportivas desta versão, o chassis é estruturalmente um primor e ainda beneficia de tecnologias que o tornam mais eficaz. Desde logo, com suspensões independentes multibraços nas quatro rodas e amortecimento pneumático, reguláveis em altura e firmeza pelo condutor mediante três modos de condução preconcebidos (Normal, Sport, Sport Plus) e um quarto que possibilita a afinação individualizada (Individual), tal como a de outros componentes/órgãos do carro, como a transmissão ou a direção. Este é o famigerado Pacote Sport Chrono da Porsche, que oferece um must da desportividade: seletor no volante, como nas corridas, que integra botão vermelho para acionar Sport Response, sistema que adapta automaticamente, por alguns segundos, motor e caixa de velocidades, para que o Cayenne possa atingir as suas performances máximas.

A parafernália ao serviço da dinâmica continua no autoblocante traseiro, nas vias um centímetro mais largas do que as do Turbo, no acrescido camber negativo nas rodas dianteiras (- 0,45 graus) e no eixo traseiro direcional. E não só: o sistema de travagem com discos carbocerâmicos ventilados de largo diâmetro (ver destaque) e pneus Pirelli P Zero Corsa (285/35 à frente e 315/30 atrás) desenvolvidos especificamente pelo fabricante italiano para este automóvel, montados em enormes jantes exclusivas com medidas 10,5 J/22” e 11,5 J/22”.
Apesar de tudo, é espantosa a eficácia deste SUV em curva, como se fosse sobre carris, imperturbável às enormes forças laterais que poderão gerar-se, de tão elevada que pode ser a velocidade de passagem. Para suster esse ímpeto, travagens fortíssimas e resistentes à utilização intensiva – deverá ser extensível ao uso em pista, ou este SUV perderia desde logo muito do sentido de existência… Junta-se aos travões, a aerodinâmica geradora de força descendente, através de dois spoiler traseiros, incluindo um móvel retrátil (automático, segundo a velocidade, ou por ação do condutor, a partir do monitor de bordo) que aumenta até 40 kg o downforce sobre o eixo posterior à velocidade máxima (300 km/h).

A fogosidade do motor V8 tem, ainda, na distribuição criteriosa da força motriz pelos dois eixos complemento ao dinamismo nos píncaros da sua categoria, a dos SUV superdesportivos. O rendimento da mecânica biturbo é-nos servido pelo brilhantismo da transmissão automática Tiptronic S de oito velocidades – com comando manual sequencial através de patilhas no volante (obrigatórias), garantindo passagens ultrarrápidas. Este frenesim é acentuado pelo sistema de escape desportivo, que não é só estimulante pela sonoridade, o look das proeminentes duas ponteiras em titânio posicionadas ao centro do extrator negro, belíssimas.
Mercê deste perfilhamento mecânico, o mais radical Cayenne atinge performances excecionais, esmagando o cronómetro (e a nós...) com a rapidez com que progride desde baixas rotações com o fôlego inesgotável até ao red-line. Ao esmagar do pedal do acelerador – embora por vezes um cheirinho baste –, a energia surge a rodos, fazendo o SUV disparar.

As altas performances também não fazem concessões à economia, não apenas no preço, mas também no consumo de combustível. Neste SUV extremista, é difícil baixar da barreira dos 16-17 litros/100 km médios, e aumentando-se o recurso às infindáveis potencialidades do V8 superam-se os 20 litros – sem especial esforço...
Custa mais do que o preço de muitas habitações e consome enormidades de gasolina, o Cayenne Turbo GT é extremista em quase tudo. Atinge performances avassaladoras, impelido por motor V8 de 640 cv, e tem um dinamismo excecional para um carro com as suas medidas. O SUVmaior da Porsche na versão mais desportiva é automóvel... fora de norma. Até nas emoções.