A equação é fácil, uma vez que à maior capacidade/densidade energética das novas baterias (iões de lítio) corresponderá maior número de quilómetros e autonomias superiores. Adeus ansiedade, sem que haja assim tanta necessidade de recargas a todo o instante. Bem melhor! Mas há, ainda, o outro lado do problema, que diz respeito aos longos tempos de recarga, pelo menos nos postos domésticos normais, o que, admita-se, não é coisa pouca: no caso do Kauai, por exemplo, o tempo varia entre 9h35 m e intermináveis 31 horas, já que a capacidade da bateria atinge 64 kWh.
Melhor na autonomia (de 430 a 460 km), bem pior no abastecimento, mesmo que nos terminais rápidos se possa fazer essa operação entre 54 e 75 minutos (até 80%). Para o Leaf, o cenário é parecido, mas ao contrário, ou seja, com diferenças assinaláveis, uma vez que a bateria de 40 kWh é mais rápida a carregar (mesmo assim entre 15 a 21 h lá em casa; ou 40 minutos em terminal rápido de 50 kW), mas piorando o nível da autonomia, com médias que oscilam entre 220 e 240 km. Assim, além das contas comuns (custo do kWh, encargo de potência e horários de carga) é preciso ainda determinar bem o tipo de utilização e calcular qual o melhor compromisso. Ou seja, talvez não compense ter uma autonomia muito longa, se depois é necessário esperar demasiado tempo nas fases de recargas. O equilíbrio entre estes aspetos é assim o ponto essencial para balizar a decisão, sendo que no caso dos automóveis a jogo há estratégias de poupança que permitem alargar a autonomia e reduzir os consumos. No caso do Nissan, o sistema e-Pedal gera maior efeito regenerativo, bastando desacelerar para travá-lo ou pará-lo totalmente. E bastará apenas utilizar o acelerador, o que é ideal para o trânsito citadino.
Já no Hyundai, o modo ECO+ é parecido (limite de 90 km/h) e existem ainda níveis de regeneração de energia que se selecionam nas patilhas do volante. Se se ativar o modo Sport, a lógica já é bem diferente, sendo aí que o motor de 204 cv demonstra toda a capacidade, ficando o Kauai sujeito a acelerações rápidas e a reações não de um elétrico comum, mas ao jeito de uma locomotiva... Esse débito de energia é de tal forma visível que é fácil vê-lo a voar, sendo vantajoso não desligar o controlo de tração e o ESP. Quase espantoso! É pena que a direção não consiga digerir com maior exatidão tamanha potência, ao mesmo tempo que se pressente o peso e a maior distância ao solo nas atitudes (assíduas) de subviragem. Nada de grave, mas a exigir um certo cuidado nas correções.
Na dinâmica, o Leaf é mais eficaz/equilibrado, algo que se deve às melhorias estruturais efetuadas (chassis e suspensões) e ao inferior centro de gravidade, mais baixo e largo do que antes, pelo que as reações em estrada também são mais confortáveis, em especial a curvar, acima do comportamento exposto pelo Kauai, este mais perto das atitudes dos modelos crossover/SUV. Por outro lado, o ruído de rolamento do Nissan é inferior e o isolamento do habitáculo mais efetivo, algo que o conforto agradece de novo, mesmo que o ambiente a bordo não seja tão moderno como no caso do adversário. Bastam poucos anos de diferença nos projetos (e a favor do Kauai) para que isso suceda, mesmo que o Leaf (versão Tekna) até esteja mais equipado (série), sendo também o automóvel mais acessível, num montante que poderá excluir à partida qualquer veleidade para o Hyundai, existindo um intervalo de 5250 € que é difícil de ultrapassar. E a gama Leaf engloba ainda outras versões mais acessíveis, embora menos equipadas. No nível Tekna, a mais-valia de alguns itens (luzes LED, câmara a 360º e sensores de parque à frente) é visível, mesmo perante o nível Premium afeto ao Kauai.
Por fim, nas contas do gasto energético é usual que as médias obtidas pelo Kauai sejam inferiores às das do Leaf, mas isso não lhe permite recuperar de forma significativa o valor mais elevado de aquisição. Por cada 100 km: 2 a 2,50 €. E limpos!
A 2.ª geração do Leaf evoluiu bastante face à antecessora e o êxito comercial é inequívoco, pelo menos quando se confrontam números de vendas, tratando-se de um modelo que é autêntico protagonista da chamada revolução silenciosa, a qual se avizinha. Agora, tem um rival de peso, nada menos do que o Kauai, cujo único senão é não ter a dinâmica eficaz do Nissan. No resto, só vantagens: melhor rendimento e prestações, maior autonomia e consumos mais baixos. O preço acima do Leaf é que o retrai...