A Lexus continua o seu caminho quase paralelo, ainda e sempre focada nas soluções híbridas, já bem distante de qualquer pensamento no Diesel. Mesmo que em causa esteja um modelo de forte índole estradista, como o novo ES, que toma o lugar do GS, inserido em segmento (ainda...) dominado pelos gigantes alemães (fiéis ao Diesel).
O ES surge na senda da atual linguagem de design da marca, com nítidas inspirações no desportivo LC, onde nem falta silhueta ao estilo coupé, a conferir carisma a berlina de quase 5 metros de comprimento. Nasceu sobre a mais recente plataforma do grupo Toyota, pelo que é o primeiro Lexus dos grandes com tração dianteira, algo que permitiu ganhar muitos centímetros no habitáculo e oferecer imenso espaço no banco traseiro. Os 81 cm aferidos até às costas do banco do condutor (quando aqui se senta alguém com cerca de 1,75 m) fazem da zona traseira do ES autêntica sala de estar na acomodação de dois ocupantes em longas viagens. O facto das baterias (agora 10% mais compactas e colocadas 12 cm mais junto ao solo, colaborando para a redução do centro de massa) do sistema híbrido surgirem armazenadas sob o banco traseiro permitiu libertar espaço na bagageira. Que, não indo além dos 454 litros, é generosa sem ser referencial.
Além de extremamente espaçoso, o interior do ES faz-se acompanhar pela construção rigorosíssima, em resultado do acompanhamento final realizado pelos mais experientes funcionários da marca: chamam-se takumi e têm mais de 25 anos de dedicação à marca. Embora haja superfícies de toque suave (em pele ou plásticas), coexistem com algumas secções de plástico brilhante, embora tudo resulte numa serenidade total, sem ruídos ou indícios que estes venham a surgir.
A posição de condução roça a perfeição (banco e volante ajustáveis eletricamente), com as poltronas dianteiras da versão F Sport, de índole desportiva, a diferenciarem-se visual e ergonomicamente das restantes versões (mais confortáveis) da gama. Também específico da F Sport é o painel de instrumentos com alargados elementos digitais e grafismo que muda ao sabor dos modos de condução. Estes são operados através da haste que surge, à direita, no topo do painel de instrumentos, destacando-se o F Sport por incluir modo Sport+ que se alia ao Sport, Normal, Eco e Custom.
A suspensão de amortecimento variável controlada eletronicamente é igualmente específica do F Sport e contribui para um rácio perfeito entre a serenidade rolante e alguma acutilância dinâmica, ajudando a conter os movimentos laterais da carroçaria em curva – mais do que propriamente endurecer o amortecimento, o que é de louvar.
As soluções de ergonomia continuam a ser muito próprias, incluindo um ainda talvez excessivo número de botões no volante, ou o touch pad que funciona qual mouse de um computador portátil, longe de ser prático e rápido de operar. Porque os menus de navegação do sistema de infoentretenimento espelhado no ecrã central de 8’’ (existe um maior, de 12,3’’, guardado para os F Sport+ e Luxury) também não são os mais intuitivos e o grafismo parece algo antiquado face ao que outras marcas já utilizam neste segmento.
Além do caloroso acolhimento do habitáculo, o ES demarca-se quer pela suavidade de rolamento, quer pela imunidade face a ruídos exteriores. O grupo propulsor híbrido, aliando nova e muito eficiente unidade de 2,5 litros a gasolina com motor elétrico, trabalhando com caixa automática do tipo CVT, rende 218 cv. Os quais surgem dotados de algodão nos cascos, tal a souplesse com que se rola no quotidiano, com exímio ajuste da tecnologia híbrida na gestão do desliga-liga do motor térmico, ou na impetuosa suavidade colocada nas acelerações. Escolhendo-se os modos de condução mais dinâmicos, a condução resulta um pouco mais envolvente, sendo até possível segurar o motor nas travagens mais fortes perante reduções das relações de caixa predefinidas por intermédio das patilhas no volante. Embora estando já muito mais apurado, o sistema de travagem não se consegue livrar do tato algo artificial do pedal, por culpa do sistema regenerativo da energia da travagem.
A Lexus inclui neste rol de suavidade nata diversas ajudas à condução, caso do assistente ativo de manutenção na faixa associado ao cruise control adaptativo, bem como identificação de ciclistas na via ou de peões em condução noturna. E tudo funciona nos mesmos moldes oleados e serenos da suspensão e direção. Embora seja berlina feita para estrada, o conjunto propulsor adapta-se melhor a ambientes urbanos e velocidades baixas constantes, onde o consumo poderá rondar os 6,6 l/100 km. Em autoestrada conte-se com 7,5 litros.