Na carrinha média da Volvo, sistema híbrido com carregamento externo (plug-in), que combina bloco térmico 2.0 turbo e unidade alimentada a energia proveniente de uma bateria. O módulo híbrido T8 PHEV gera uma potência total de 390 cv (regras de emissões poluentes na União Europeia obrigaram a reduzir a potência dos 408 cv que tem em mercados como o dos Estados Unidos) e uma bateria de iões com 10,4 kWh de capacidade assegura ao V60 uma autonomia em funcionamento modo exclusivamente elétrico de até 38 km (segundo a medição neste teste, contra os 45 km anunciados).
A tecnologia PHEV, que se conjuga com a transmissão integral (AWD), confere ao veículo a versatilidade – não a compatibilidade – de oferecer tanto prestações elevadas como consumos e emissões baixos, as primeiras facilmente previsíveis pelo rendimento da motorização e atribuindo à carrinha performances velocíssimas para automóvel com vocação familiar, como se afere da aceleração 0-100 km/h em tão-só 5,1 segundos (5,5 neste teste) e dos 250 km/h limitados pela eletrónica. Ou ainda das muito enérgicas recuperações, ao esmagar do pedal, sempre com auxílio do motor elétrico e amparadas na suave e bem escalonada caixa automática de oito relações.
Como se referiu, às altas prestações contrapõe-se o baixo consumo. Logo se solicite a máxima eficiência do agregado híbrido garantem-se valores mínimos referenciais abaixo de 5 litros/100 km (4,8 l/100 km neste teste). Para o que é indispensável a otimização do funcionamento do módulo PHEV com a imperativa racionalização da carga da bateria naquela centena de quilómetros inicial, sem a qual os números são outros. Vamos a eles.
Nos primeiros 40 km, com o modo de condução convencional ativado (Hybrid, de quatro selecionáveis no botão Drive Mode e/ou no monitor de bordo), em que é o próprio sistema híbrido a gerir das fontes e fluxos energéticos na motricidade do veículo, o consumo médio apurado foi de 2,2 l/100 km – em que se deduz a enorme prevalência do motor elétrico. Após o esgotamento da carga da bateria (ou quase, porque se reservam automaticamente alguns kWh para manobras a muito baixa velocidade), nos 60 km restantes (para perfazer os 100 normativos), com maioritária atuação do 4 cilindros, o consumo sobe para ainda muitíssimo satisfatórios 4,8 l/100 km. Sem maior contributo da unidade elétrica, aquele valor continuará, naturalmente, a ascender – e em 200 km atinge 7 l/100 km, sem especial zelo pela economia na condução.
Sem contemplações com este último, recorrendo ao generoso rendimento total do módulo PHEV para agilizar as suas esmagadoras prestações, o apetite do bloco a gasolina dispara para valores imponderáveis que chegam facilmente aos 12 litros. Sem demérito da mecânica, porque… não há milagres.
Em suma, porque faz todo o sentido conduzir a carrinha em modo elétrico quando se circula a velocidade bastante moderada (p.e. em trajetos urbanos em que são mais frequentes as alterações súbitas de andamento, incluindo paragens e arranques), requere-se a gestão mais criteriosa do sistema híbrido para aumentar a autonomia da bateria de iões de lítio além dos máximos 38 km reais. Ao condutor permite-se fazê-la através da ativação (forçada) do motor a gasolina para recarregar a bateria durante as fases mais rápidas da viagem para dotá-la de energia elétrica necessária para alguns quilómetros adicionais em percursos a mais baixa velocidade, onde se otimiza a rentabilidade da locomoção livre de consumo e emissões. Com esta estratégia, esclareça-se, o consumo médio será mais próximo dos 7 l/100 km do que dos 5 l/100 km, podendo até superar aqueles. Contudo, com ou sem tática economicista, recomenda-se, sempre que se possa, o carregamento da bateria através de fonte externa (plug-in), pois quanto mais EV melhor. E assim garante-se superior suavidade no funcionamento da carrinha e o seu consequente contributo para o agrado da sua condução, em harmonia com os padrões tradicionais da marca Volvo.
Após a ignição do bloco térmico há uma natural quebra nesse ambiente de tranquilidade, de quase inexistência de ruído, a bordo do V60 quando o funcionamento do automóvel é exclusivamente elétrico, o que tem tanto de óbvia como de notória, apesar da correta insonorização do habitáculo. Quanto mais se puxar pelos 390 cv, maior é a agitação.
A V60 tem comportamento dinâmico está à altura das exigências do seu motor híbrido, correspondendo com eficácia quando solicitada pelas elevadas prestações deste ou acompanhando-o na sobriedade inerente à sua eletrificação.