O UX está direcionado às preces do mercado europeu, com dimensões mais contidas, apontando baterias para outros semelhantes da raça premium, casos de BMW X2 e Mercedes-Benz GLA. Porque, se colocado lado a lado com Audi Q3, o UX parece um SUV miniatura, tais são as proporções da carroçaria, rebaixada, querendo dele fazer um SUV de forte carácter dinâmico. Por isso, entrar e sair do habitáculo é de extrema facilidade, sem esforço de pernas, tal o plano de colocação dos bancos. Estes, cuidadosamente forrados a pele, são de exímia ergonomia nos lugares dianteiros, mesmo que comandados manualmente nesta versão Premium – o UX também conta com variantes F Sport, de lides e acabamentos mais desportivos, ao que se soma ainda amortecimento variável.
Mas este Premium, com jantes de 17’’, muito aposta na suavidade de rolamento e no bem-estar generalizado a bordo. Mesmo que no banco traseiro a lotação ideal seja para apenas dois ocupantes, não pela intromissão de túnel central no chão (quase ausente), mas pela reduzida largura do habitáculo, com não mais que 1,31 m entre portas. A mala é ainda mais acanhada se em causa estiverem requisitos familiares: os 320 litros são realmente escassos. Sob o piso existe alçapão e com o rebatimento das costas do banco traseiro (em tradicionais 60/40) obtém-se piso plano. Mas só isso em matéria de funcionalidade... Porque o UX nasceu para ser foco de paixões, da estética à condução.
A riqueza de pormenores e de equipamentos (caso das luzes LED, teto de abrir elétrico, bancos em pele e aquecidos, câmara traseira, navegação, chave mãos-livres, etc.) diferencia-o da principal concorrência, embora a gama do Lexus UX esteja compartimentada em níveis de equipamento fechados, sem possibilidade de personalização. O interior é marcado por ambiente distinto e repleto de qualidade, com o condutor tido como centro das atenções. Apenas as soluções de ergonomia escolhidas para alternar os modos de condução (haste à direta no painel de instrumentos) e o comando do tipo touch pad que comanda o sistema de entretenimento poderão necessitar de alguma habituação. Tal como o grafismo do visor central, cuja aparência é por demais semelhante ao que a Toyota usa há já uns anos: um Lexus merecia mais e melhor!
A apadrinhar esta serenidade absoluta está o recurso a solução mecânica de grupo híbrido, com motor 2 litros a gasolina casado com unidade elétrica, produzindo um total de 184 cv. Esta última versão deste módulo híbrido permite que o UX role com alguma à vontade apenas e só em modo elétrico (até 115 km/h), o que, acima de tudo, permite manter o motor a combustão desligado durante bastante tempo, com este a calar-se assim que se retira o pé do acelerador. Por estes motivos, é facilmente possível rolar com consumos abaixo dos 6l/100 km em cidade e a velocidades na ordem dos 100 km/h. Em autoestrada e mesmo pedindo-se mais energia ao conjunto propulsor, este responde com performances de bom nível e já com o ruído de subida de rotação amenizado face a outros tempos de caixa CVT. No modo Sport, as acelerações são lestas e o condutor consegue obter um superior feedback das reações do SUV, cujo adornar da carroçaria em curva é bastante contido e a agilidade e precisão direcionais trunfos na envolvência dinâmica. Por melhorar, apenas a intervenção do ESP (particularmente em mau piso) e a atuação do sistema de travagem em situações de emergência. Mas haverá quem queira acelerar e travar abruptamente com este SUV? Há que ser inteligente e aproveitar as emoções de serenidade...
Embora seja dos modelos mais dinâmicos e agradáveis de conduzir da Lexus, não conseguimos arrancar atitudes desportivas a modelo gerido por módulo híbrido. Mesmo que a resposta deste (suave) motor 2 litros seja enérgica, o UX nasceu para ser saboreado em silêncio, aproveitando-se a serenidade e a consistência do amortecimento e a direção cremosa. Com o condão de permitir utilização facilitada em cidade, com ótima visibilidade e conforto acima da média.