Esta é uma carrinha de foco desportivo que não se limita a andar depressa. Ou a transportar pessoas e carga... depressa. Estamos perante a despedida das versões Cupra em ambiente Seat, antes da passagem de testemunho para a jovem marca com aquele nome. Por isso, os mais atentos darão conta dos logos em tom acobreado na grelha e na tampa da mala, bem como os diversos pormenores decorativos que abraçam a mesma cor, as jantes específicas de 19’’ e aplicações nos para-choques – qual verdadeiro Cupra.
Sob o capot encontra-se frenético e enérgico bloco 2 litros turbo a gasolina, na derivação de 300 cv, ligado ao sistema de tração integral por intermédio da caixa automática DSG de 7 velocidades. Motor que sofreu ligeiro upgrade face ao utilizado na anterior variante Cupra de 300 cv, vendo o binário subir dos 380 para os 400 Nm – e antigamente a caixa era de apenas 6 relações.
Mas tudo isto é só para abrir o apetite! Conte-se com afinações e ligações ao solo de cuidados extra, caso do camber negativo nos dois eixos (2º) ou do aumento das vias (20 mm à frente e 16 mm atrás) fundamentados nestas jantes de 19’’. A forrar as jantes estão pneumáticos que são praticamente modelos de pista homologados para estrada, caso dos superaderentes Michelin Pilot Sport Cup 2, que de tão específicos precisam de atingir a temperatura ideal (quente) para melhor aderência.
Como tudo o que anda depressa deve igualmente saber estancar a velocidade, esta Leon ST Cupra R utiliza sistema desenvolvido pela Brembo, com discos de travão de dimensões avantajadas em ambos os eixos e perfurados à frente. Além da potência, este sistema destaca-se, na prática, não só pela resistência a constantes solicitações, como também pelo tato do pedal, progressivo e informativo à medida que é pressionado.
O sistema de amortecimento variável está incluído na vasta dotação de equipamento, o mesmo se passando com os modos de condução – três, a que se soma função de personalização, onde também é possível combinar a assistência da direção e resposta do motor – não esquecendo os três níveis do controlo de estabilidade (Ligado, Sport e Desligado) ou a atuação da caixa automática (Normal, Desportiva ou sequencial), não obstante as patilhas que comandam a mesma no volante serem de dimensões reduzidas.
Como quase tudo a bordo, a maioria destes ajustes pode ser realizada por intermédio do visor tátil de 8’’ colocado no topo da consola central, que reúne ainda conjunto atrativo de conteúdos de infoentretenimento, caso do sistema de navegação e aplicações em conjugação com smartphone. Podem também ser consultadas diversas informações relativas ao veículo e à condução, caso da entrega instantânea da potência, incidências de forças laterais e longitudinais, temperatura de óleo ou pressão de sobrealimentação. As mesmas que podem igualmente surgir (de forma personalizada) nas diversas vistas do painel de instrumentos digital, que muito enaltece o ambiente desportivo, em sintonia com os bancos integrais forrados a Alcantara, acabamento que é igualmente utilizado para revestir o volante e punho da alavanca da caixa automática.
Alguns apontamentos em tom cobre, caso do símbolo no volante, linha que cose a Alcantara ou filamento decorativo em torno das saídas de ventilação servem de evocação ao espírito Cupra.
As quatro saídas de escape dão voz ao fulgor dos 300 cv em aceleração brusca, num constante ganho de rotação, só quebrado pelas incisivas desmultiplicações da caixa de velocidades. As sete relações permitem quase total aproveitamento da mecânica independentemente do traçado, havendo a registar uma total e espontânea resposta acima das 2000 rpm. Performances que são muito bem aproveitadas pelo sistema de tração integral e precisão do eixo dianteiro, bastando apontar e acelerar, havendo garantias de uma rápida passagem pela trajetória inicialmente (e mentalmente) desenhada.
Acionando o modo de condução Cupra (de afinações mais radicais) vêm ao cimo as qualidades de resposta do chassis, sem qualquer vislumbre de flutuações a velocidades elevadas, nem hesitações por parte do eixo dianteiro na altura de se fazer às curvas! E tudo sempre a velocidades e consistência de ritmo que podem já requerer alguma habituação por parte do cérebro, tal os níveis de aderência permitidos, quer pelo sistema de tração integral, quer pelos pneumáticos.
A sonoridade de escape, rouca sem ser estridente, ajuda a envolver o condutor com a condução, onde até o tato do volante em Alcantara dá uma ajuda a esse casulo desportivo. O banco, embora de ótimos suportes, poderia permitir uma posição ainda mais rebaixada e o volante poderia surgir em plano mais vertical.
O certo é que não existem muitas propostas do género, que aliem performances de exceção a dinâmica (quase) de competição; e ainda consigam levar toda a família e respetivas bagagens para viagens onde não faltará emoção!
Não deixa de ser um modelo de nicho, para apreciadores do género e conhecedores do conjunto de afinações (de chassis) presentes, capaz de transformar esta carrinha num verdadeiro desportivo de fortes sensações. É impressionante a forma como os 300 cv projetam esta carrinha para a frente, mas não é menos impressionante a forma como os níveis de aderência tudo suportam e se transformam em sensações bem emotivas!