A referência dada no título é muito adequada a este A6, até porque ao longo do teste foi a ideia que mais subsistiu no nosso pensamento: excelência! De facto, é difícil não conotar essa mesma expressão com o desempenho deste Audi ao longo dos vários quilómetros percorridos, tratando-se, obviamente, de um genuíno estradista, até pelas próprias dimensões e formato, mas sobretudo pela qualidade da condução e pelo notável conforto em qualquer tipo de asfalto. Essa avaliação também é projetada pelo controlo adaptativo do amortecimento (com vários modos de acordo com o programa ativado, desde o Efficiency até ao Dynamic), passando ainda pela geometria das próprias suspensões e pelo acerto do chassis, assim como pelo baixo ruído da propulsão híbrida.
É neste último aspeto que toda a equação dinâmica se resolve, podendo ser orientada por três formas: através do modo estritamente elétrico (EV), o qual durará até cerca de 40 quilómetros (graças à alimentação por parte da bateria de iões de lítio de 14,1 kWh, instalada por baixo da mala); pelo modo Hybrid, que combina a ação do motor 2.0 a gasolina com o da unidade elétrica, esta colocada junto à transmissão automática de sete velocidades; e ainda através do modo Hold, este a garantir a reserva da carga da referida bateria para que possa ser utilizada em condições mais favoráveis, especialmente no contexto urbano. É, então, com este tipo de puzzle que o condutor se poderá exercitar à medida, dependendo da sua vontade (ou estado de espírito) a estratégia a seguir. Umas vezes em modo 100% elétrico, outras vezes na configuração híbrida, outras ainda com o recurso térmico mais convencional!
A suavidade de funcionamento do agregado mecânico é constante, mas é evidente que no programa estritamente elétrico (EV) o silêncio a bordo é mais categórico, existindo apenas um som exterior artificial, tipo nave espacial, e até 30 km/h, para alertar outros automóveis e peões. A insonorização do habitáculo está muito bem definida, acompanhada por uma estrutura insuspeita e com revestimentos de qualidade, enquanto as ligações ao solo também são especiais, destacando-se a inclusão dos Pirelli PZero 245/45 com jantes de 19’’. Tudo pronto!
A potência máxima da mecânica é de 367 cv e 500 Nm de binário máximo, justificando a tremenda capacidade de aceleração: 0-100 km/h em 5,3 s e 400 metros percorridos em apenas 13,5 s. Para se ter uma ideia, é possível atingir a fasquia dos 200 km/h em somente 18,8 s. Rápido, muito rápido, ainda para mais quando se está na presença de um automóvel cujo peso total está acima das duas toneladas. Incrível!
A capacidade do sistema de travagem não parece ressentir-se desse facto (com discos ventilados em ambos os eixos), tendo em conta a aferição que é feita a partir dos 100 km/h, nada menos do que 36,4 m até à imobilização total, com o aviso Pre-sense a surgir de imediato no painel de bordo, alertando os vários sistemas de segurança para uma eventual colisão. Perante tão grande desaceleração e com travagem a fundo, as reações são eficazes, sem que haja esforço ou ruído exagerado no momento em que se pressiona fortemente o pedal do travão, embora se possam registar tendências de sobreaquecimento e fadiga nas repetições à bruta, inclusive nos arranques violentos, aí com o controlo de tração desligado. A mais elaborada tração quattro (integral) faz com que a estrutura do A6 seja catapultada por inteiro, numa progressão consistente e sem grande dificuldade de progressão (a aerodinâmica também ajuda), até porque a transmissão automática está bem sincronizada com o débito de energia sugerido pelos propulsores, tendo em conta que é possível aumentar a rapidez de todas as reações, inclusivamente da direção e das passagens da caixa, através do modo Dynamic. A ação da suspensão também contribui para que a dinâmica seja de exceção, sem sobressaltos, gerando uma enorme confiança em todas as situações, mesmo quando se exagera em curva. Perfeito!
Em autoestrada é a própria leveza da condução e o conforto elevado que impressionam, sendo possível apontar um ótimo isolamento face ao mundo exterior, assim como baixo ruído de rolamento. Sim, talvez seja esse o lado mais aristocrático deste A6 TFSIe, muito próximo das qualidades do A8, por exemplo, contando com uma atmosfera de bordo moderna, mais digitalizada e com um nível de equipamento completo.
No plano funcional, a única objeção reside na menor capacidade da bagageira, que diminui dos habituais 520 litros úteis para 360 litros (valor anunciado equivalente ao do de um modelo familiar médio), ao mesmo tempo que a altura disponível nesse vão também é baixa. É ainda aí que tem de existir espaço suficiente para colocar a bolsa do cabo Schuko de tomada doméstica (2,3 kW) e do Modo 3 (7,2 kW), este para wallbox específicas. Num terminal caseiro é possível estimar cerca de 7 horas para chegar aos 100%, às vezes menos, enquanto num posto de 7,2 kW se estimam cerca de 2h30 minutos. Não é muito!
Consumos ‘à medida’
Consoante o tipo de percurso é possível ao condutor eleger o modo de propulsão (e condução!) apropriado a cada situação, fazendo assim a conveniente gestão dos recursos. A eficiência é superior com o modo híbrido Auto, aproveitando-se a ação exclusivamente elétrica para eventuais trajetos urbanos. A recuperação da energia cinética das desacelerações e das travagens também é mais acentuada no referido modo híbrido Auto e, ao mesmo tempo, é ainda possível reservar a energia da bateria (Hold) para utilizar depois.
Perante todos estes pressupostos, as médias de consumo são bastante variáveis, às vezes confusas, uma vez que tudo dependerá da vontade e da decisão do condutor. Melhor assim! Com a bateria a 100%, a indicação no visor de bordo projetou uma autonomia elétrica de 47 km, mas, efetivamente, só foi possível chegar perto dos 40 km. Nessas condições, o consumo é elevado: cerca de 25,4 kWh/100 km, sem nunca se baixar dos 20-21 kWh, ou seja, 3 € a 3,75 € para cumprir os tais 40 km.
Depois, no modo Hybrid Auto, a média mais usual coloca-se a partir de 4,6 l/100 km, a que se soma 13,2 kWh/100 km, e isto num trajeto combinado mais alargado. No monitor central é possível controlar os registos dos consumos e das autonomias, mais uma vez com indicações dispersas. Obtivemos regularmente médias à volta de 1,8 a 2,7 l/100 km agregadas a 21,1-19,9 kWh e em percursos de 50 a 70 km. Eis a mais verosímil: 4,8 litros/100 km com 10,3 kWh/100 km. Ou seja, tudo é possível, numa geometria à medida da excelência do A6.
A suavidade da condução, a ótima insonorização do habitáculo e o baixo ruído da mecânica híbrida são aspetos em evidência neste A6 Limousine TFSIe, o qual assegura conforto elevado em qualquer circunstância. O nível de equipamento é completo e há vários detalhes de luxo. A dinâmica é eficaz (tração quattro oblige) e as prestações são invejáveis, embora até seja possível guiá-lo de mansinho para baixar consumos, com opção 100% elétrica até cerca de 40 km.