Quando lançado, em 2016, o atual Peugeot 3008 tornou-se num exemplo de vanguardismo entre os SUV compactos, seja pelo design disruptivo e de fortíssima personalidade, seja pelo “tiro de partida” para a era da digitalização do habitáculo que, aos poucos, tem vindo a ser acompanhado pela concorrência. E como manter atualizado um campeão de vendas - desde 2016, a Peugeot já produziu mais de 800 mil unidades do 3008? Mexendo… pouco.

Nesta atualização da gama 3008, a Peugeot focou-se numa ainda mais profunda estilização do design frontal, com grelha dianteira agora desprovida de moldura e flutuante até à zona das óticas e novo efeito do tipo “asa” nas zonas mais laterais. Os grupos óticos, agora sempre a cargo de tecnologia LED, estão mais afilados e acompanhados de novo efeito, mais impactante, criado pelas luzes diurnas verticais em formato de presa de felino – lembra-se do extinto tigre de dentes de sabre? A colocação da sigla 3008 na chapa, por cima da grelha frontal, é outro dos sinais de distinção.
As mexidas na zona posterior da carroçaria são menos evidentes, mas sobressai o agora efeito em profundidade 3D dos grupos óticos LED (sempre acesos enquanto luz de presença, o que contribui para a forte presença e carácter distinto na estrada, sendo um daqueles automóveis que se reconhece ao longe), bem como os piscas dinâmicos, sendo de louvar o aumento da dimensão da luz de pisca, anteriormente demasiado discreta e que poderia não sobressair na sua tarefa enquanto indicador de mudança de direção.
Mais tecnológico
Embora todo o habitáculo continue moderno e fortemente digitalizado segundo o conceito i-Cockpit, esperava-se algo mais do que apenas a visível adoção de um novo maior monitor tátil, agora de 10’’, a comandar o sistema de infoentretenimento, colocado no topo de uma consola central ligeiramente direcionada para o condutor. O posto de condução continua dominado pelo volante de pequenas dimensões à frente do multifacetado painel de instrumentos digital de 12,3’’(com diversos cenários, decorações e planos informativos, incluindo projeção do mapa do sistema de navegação em grandes dimensões) e acompanhado pela envolvência criada pela zona central, entre bancos, onde marca presença a estilizada manete de comando da caixa automática (apenas por impulsos), botão de ignição/arranque e comando dos modos de condução (Normal, Sport e Eco).

A Peugeot poderia ter aproveitado esta atualização de gama para incluir algumas melhorias no software, que continua algo lento a responder a comandos e na navegação entre menus. Entre as principais novidades tecnológicas, destaque para a agora possível adoção do sistema Night Vision (visão noturna) que permite a projeção no painel de instrumentos digital de imagem infravermelhos de até 250 m além do alcance das luzes de máximo, com deteção de peões e animais – opcional, por 1200 €.
O restante rol de ajudas à condução é deveras completo, incluindo alerta de aproximação com travagem de emergência, aviso de ângulo morto e de saída de faixa com correção ativa no volante, sempre útil reconhecimento de sinais de trânsito, alerta de atenção de condutor, comutação automática entre médios e máximos e ainda cruise control adaptativo. As diversas câmaras ajudam às manobras de estacionamento, não obstante a imagem projetada pudesse já ser de superior qualidade.

Em análise, versão com o nível de equipamento GT Pack, atualmente no topo da revista gama, com inúmeros fatores de destaque na decoração e nos acabamentos que muito ajudam a impulsionar a sensação de qualidade. Entre eles, os revestimentos em Alcantara e pele nos ergonómicos e confortáveis bancos, cuidadas e originais aplicações em tecido no tablier e portas que contrastam com os plásticos, costuras a laranja e até a iluminação noturna do habitáculo, em azul. O volante não dispensa a presença da sigla “GT” a reforçar o ambiente desportivo, sendo que esta versão conta, de série, com jantes de 19’’ – não deixa de ser curioso que as versões com estas rodas usem pneus mais estreitos (205) do que as equipadas com jantes de 18’’ (225).
Motor 1.5 BlueHDI de 130 cv
Não obstante a atual “guerra contra o Diesel”, a motorização 1.5 BlueHDI de 130 cv mantém-se no ativo, surgindo particularmente bem associada à caixa automática de 8 relações – também está disponível uma transmissão manual de 6 velocidades. Este motor continua a mostrar enorme disponibilidade e facilidade em lidar com o peso e volume do 3008, respondendo ainda com consumos médios na ordem dos 6,5 l/100 km, para tal contribuindo a função “velejar” da transmissão (ou seja, o desacoplar da caixa de velocidades do motor) que, ainda assim, poderia entrar em ação mais vezes.
A presença de jantes de 19’’ e alguma firmeza da suspensão para garantir uma condução envolvente e dinâmica a este SUV acaba por deixar passar até ao interior algumas vibrações no mau piso, em particular através do eixo traseiro, de geometria de torção.

O habitáculo é dos mais espaçosos do segmento, em particular nos lugares traseiros, além de incluir generosa bagageira que conta com a versatilidade de fundo duplo amovível para melhor gestão do volume de carga e rebatimento (60/40) de bancos facilitado através de patilhas colocadas nas laterais da mala, faltando apenas a possibilidade de deitar os bancos na mais prática proporção 40/20/40.

Esta completíssima versão GT Pack oferece ainda o portão da bagageira com abertura e fecho automático (elétrico), além do mais cuidado sistema de som hifi Focal e ajuste elétricos dos bancos dianteiros com funções de massagem (vários programas e de intensidade variável). Ou seja, a Peugeot possibilita agora ao 3008 uma experiência de condução ainda mais refinada, com um ambiente requintado e repleto de equipamentos que ajudam a empolar o modelo até cenários premium.
Tudo por um valor que, já não sendo propriamente barato nesta versão (45.620 €) ficará abaixo dos ditos premium com níveis de equipamento e apreciação geral qualitativa do habitáculo (até as bolsas nas portas são forradas a veludo!) ao nível deste renovado 3008.