Concorrente de Audi A6, BMW Série 5 e Mercedes Classe E, o Lexus ES está disponível apenas com muito eficiente motorização híbrida… que em Portugal passou a ser alvo de (incongruente) superior incidência fiscal desde 1 de janeiro de 2021… Sem ‘culpa no cartório’, o importador tenta agora revitalizar as vendas com esta Special Edition que promove os talentos premium do ES 300h.

Toyota e Lexus foram das primeiras marcas a desistir dos motores Diesel, tendo passado os últimos anos a apostar na máxima eficiência dos motores térmicos a gasolina, num processo que passou por uma quase total hibridização da gama. Os resultados práticos são notórios, com consumos moderados, baixas emissões de CO2 e uma grande colagem entre os valores anunciados (em ciclo WLTP) e os verificados no dia-a-dia. Mas as políticas ecologistas nacionais, desprovidas de qualquer fundamento técnico e apenas aprovadas para garantir a oficialização do Orçamento do Estado para 2021, decidiram mais taxar quem mais se dedicou a reduzir (efetivamente) emissões poluentes, anulando as até agora existentes atenuantes fiscais de ISV para híbridos, uma decisão única e contra todos os ideais e atuais linhas de pensamento político europeu.

No mercado nacional, a Lexus tenta ‘dar a volta à situação’ com esta nova versão Special Edition do ES 300h, que estando disponível por 62.900 € passa a representar o acesso à gama deste requintado familiar, abaixo dos 67.550 € da versão seguinte na tabela de preços, F Sport. Sem que esta competitividade do preço se reflita em perdas de equipamento, mas sim numa adequação às atuais exigências do cliente-tipo. Assim, este Special Edition não dispensa a presença de estofos revestidos a pele com os bancos dianteiros dotados de ajustes elétricos e aquecimento, regulações elétricas para o volante, sistema de abertura de portas e arranque ‘Mãos-livres’ (basta a aproximação ao carro com a chave no bolso para que as luzes interiores automaticamente se acendam), teto de abrir elétrico e jantes em liga leve de 18’’. Há ainda lugar à presença da versão topo de gama do sistema multimédia, a cargo de monitor central no topo do tablier de dimensões avantajadas (12,3’’), que além de incluir navegação, oferece a integração de smartphones (através de cabo USB) via Android Auto e Apple CarPlay, bem como carregador indutivo. Ou seja, conjunto selecionado de equipamentos que permite ao ES manter o estatuto premium, sem que se sinta a falta de algo – na verdade, só acrescentaríamos o rebatimento elétricos dos espelhos retrovisores.

Num ambiente de elevadíssima qualidade geral e imenso rigor construtivo (capaz de deixar corado qualquer representante alemão!), o Lexus ES é dos modelos da sua classe que mais espaço e bem-estar proporciona no banco traseiro e envolve o condutor num autêntico casulo de conforto e serenidade, apto a usufruir do sistema de som surround – mesmo não tendo os atributos do esquema da Mark Levinson das versões mais equipadas, os 10 altifalantes garantem excelente qualidade sonora – e a sentir-se amplamente seguro pelo acompanhamento prestado pela vasta oferta de equipamentos tecnológicos de segurança e ajuda à condução, caso do cruise control adaptativo, sempre útil reconhecimento de sinais de trânsito, sensor de presença de veículos na posição de ângulo morto e assistente ativo na direção para correção de trajetória face às marcações de faixa na estrada. Aos sensores de parqueamento e à câmara traseira acresce a presença de movimento à retaguarda do veículo, segurança acrescida em manobras de marcha-atrás. Apenas a solução de interação com o sistema multimédia (cujos grafismo também está longe de encantar) através de comando do tipo touch pad, colocado na zona central entre os bancos dianteiros, poderá requerer habituação face à sensibilidade do mesmo – neste campo, a concorrência apresenta já soluções mais práticas e de ergonomia mais atualizada. Felizmente, existe um botão rotativo para nivelar o volume do sistema de som.
Num mundo aveludado
Não são apenas os conteúdos que fascinam. A ligação do Lexus ES à estrada é marcada por extrema suavidade, seja por parte das ligações ao solo, seja pela entrega do conjunto motriz híbrido, que alia motor 4 cilindros a gasolina de 2,5 litros a unidade elétrica, num máximo combinado de 218 cv. Agregado técnico que entrega o seu rendimento apenas às rodas dianteiras via transmissão do tipo variação contínua (CVT) que aqui surge com superior fluidez, em que apenas as acelerações mais bruscas se tornam audíveis. Mas esse não é, de todo, o perfil dinâmico que se quer ter ao volante deste carro: na verdade, parece que até sentimos ‘vergonha’ em tirar o ES 300h do sério e em manchar o casulo de suavidade e bem-estar! Apetece, sim, saborear o toque aveludado das suspensões, a quase ausência de ruídos (seja de rolamento ou por parte da mecânica) e percorrer quilómetros em autoestrada, a perder de vista, sem destino! O chassis é, obviamente, competente e com total aposta na oferta de sensações de segurança e estabilidade, mas sem qualquer iniciativa ou apego desportivo, mesmo quando selecionado o modo de condução Sport (que altera o grafismo digital da instrumentação, passando a incluir um conta-rotações).

Numa condução quotidiana e aproveitando as valias do módulo híbrido que desliga o motor térmico sempre que possível (existe função EV que, mediante a existência de carga na bateria, permite ao condutor forçar a ação apenas em modo elétrico, a baixas velocidades), será fácil o computador de bordo registar consumos a rondar os 6 l/100 km, ou até um pouco menos. Tudo isto sem necessidade de uma grande bateria e sistema de carregamento externo (Plug-In), apenas com recurso à mais tradicional tecnologia híbrida Self-Charging Hybrid com aproveitamento regenerativo da energia cinética proveniente das desacelerações e travagens.