Alpine A110 R

Entusiasmante

Apresentação

Por José Caetano 12-08-2023 15:30

A Alpine, atualmente, tem só o A110. Fá-lo em Dieppe, França, numa fábrica com 400 funcionários e capacidade limitada a 6000 automóveis por ano. É esta marca pequena criada em 1954 por fã do 4CV e de desportivos (Jean Rédélé) que representa o Grupo Renault na Fórmula 1 e no Mundial de Resistência.

Luca de Meo, diretor do consórcio francês, entregou o comando da empresa a Laurent Rossi. O caderno de encargos é superambicioso. Em 2022, na comparação com 2021, as vendas progrediram 33%, com a entrega de 3546 exemplares do A110. No entanto, 60,3% das matrículas (2138 unidades) realizaram-se no mercado doméstico, número que expõe fragilidade.

O conhecimento dessa realidade fez com que a Renault preparasse plano de ação novo. A Alpine, para sobreviver em mercado tão competitivo e diversificado, tem de crescer e esse crescimento está dependente de aumento na produção e nas vendas possível apenas com mais automóveis. O A110 é desportivo bilugar com posicionamento muito específico e compete num nicho de mercado cada vez menos relevante.

A substituição da Renault pela Alpine na Fórmula 1, movimento concretizado em 2021, denuncia a ambição de plano que pressupõe, também, a globalização da marca francesa, com a América do Norte e a China como prioridades. No entanto, antes, linha nova de produtos, precisa-se, com motores elétricos em vez de térmicos, como determinam as tendências da moda na indústria e no mercado.

Os planos da Renault para a Alpine conhecem-se bem. Recentemente, em declarações públicas, o italiano ao leme do consórcio disse que a marca deve ambicionar posicionar-se no segmento premium, como alternativa às marcas alemãs dominantes nesse mercado. O cumprimento bem-sucedido da missão depende da «escolha correta dos ingredientes» (leia-se tecnologias), exclamou Luca de Meo, que não admitiu a repetição dos erros do passado (como Vel Satis, Avantime, Latitude e Talisman).

Na Alpine, futuramente, até cinco automóveis! O programa arranca no segundo semestre de 2024, com a versão mais eletrizante da geração nova do R5, automóvel equipado apenas com motores elétricos. Depois, lançamento do SUV compacto GT (2025) e sucessão do A110 (2026). Em 2027 e 2028, mais dois SUV no catálogo (Porsche Macan e Cayenne Coupé como alvos), para mais possibilidades de entrada bem-sucedida no mercado norte-americano. E, cumprindo-se estas etapas, em 2030, lucros na ordem dos 8000 milhões de euros, antecipou Luca de Meo.

Condução divertidíssima

O R diferencia-se dos demais elementos da gama A110 pela apresentação e orientação (ainda) mais desportivas, desde logo por tratar-se de versão pensada mais para os circuitos do que para a condução quotidiana. O negro em destaque numa carroçaria que tem o alumínio como material predominante anuncia-o de forma muito expressiva, por expor toda a fibra de carbono utilizada na construção de desportivo com muitos apêndices aerodinâmicos. Curiosamente, sucede o mesmo nos monolugares do Mundial de Fórmula 1 de 2023 (pintura significa peso e o peso penaliza tanto a dinâmica como as performances...).

A Alpine já dispunha de Aero Kit para a versão S do A110, mas adotou abordagem mais radical na conceção do R, que conta com aileron traseiro exclusivo e painel em fibra de carbono no espaço reservado, habitualmente, ao vidro posterior. Este material de origem aeronáutica, leve e rígido, também é utilizado na construção de capot, cobertura do motor, tejadilho, saias laterais e difusor. Comparado com o S, este carro muito agressivo, pelo menos visualmente, pesa menos 27 kg.

Todas as modificações aerodinâmicas desenvolvidas para o R asseguraram aumento da carga sobre o eixo posterior (à velocidade máxima, mais 29 kg...), além de diminuição de 5% na resistência ao ar, com vantagens tanto para o consumo como para a estabilidade. Nesta versão, para-choques dianteiro exclusivo, fundo plano redesenhado, saias muito proeminentes, suspensão posterior carenada, asa com configuração específica (ângulo de ataque e posicionamento mudaram, adotando o A110 S como termo de comparação). As jantes também são em fibra de carbono e o equipamento pneumático (Michelin Pilot Sport Cup 2) proporciona mais aderência e resistência à degradação em circuito.

Neste R pintado no azul mate do A522 utilizado pela Alpine na Fórmula 1, no ano passado, sistema de travagem otimizado com condutas de ar novas (reivindica-se 20% de aumento na capacidade de refrigeração, o que melhora, sobretudo, a tolerância à fadiga) e suspensão com molas 10% mais firmes (adicionalmente, menos 10 mm de altura livre ao solo) e amortecedores com regulação manual da compressão e da extensão (admitem-se 20 posições). As barras estabilizadoras também são específicas. No habitáculo com apresentação desportiva, entre os muitos itens diferenciadores, Bancos Sabelt, cintos com 6 pontos de fixação e, nas portas, fitas têxteis vermelhas em vez dos puxadores comuns.

O A110 R beneficiou até de desenvolvimento acústico à medida, com a eliminação de elementos que melhoram a insonorização do habitáculo, para ouvir-se melhor o motor 1.8 Turbo, que mantém os 300 cv do GT e do S! Esta mecânica é apoiada por caixa automática de 7 velocidades, de embraiagem dupla (Getrag). A Alpine anuncia 3,9 s de 0 a 100 km/h e 285 km/h de velocidade máxima.

No Circuito de Jarama, em Madrid, experiência entusiasmante. O Alpine não é o animal mais dócil, sobretudo provocando-o, mas permite-nos condução excitante e divertidíssima quer pela resposta imediata do motor ao acelerador, quer pela forma ágil como ataca as travagens e as curvas, realizando-se sempre movimentos rápidos e precisos. A caixa nunca compromete... Em estrada, moderação. O desportivo de tração traseira ganha velocidade depressa e a firmeza do chassis sente-se (e bem!) no corpo.

Os A110 R apresentam-se numerados, mas a Alpine não pretende fabricá-lo em edição limitada, o que sublinha o estatuto especial da versão mais extrema do concorrente do Porsche 718 Cayman. Em Jarama, só meia dúzia de voltas. Assim, impressões limitadas sobre o desportivo de tração traseira com três modos de condução: Normal, Sport e Track. O sistema muda motor, caixa, direção, controlo de estabilidade ou escape e, consequentemente, o temperamento do carro!

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Ficha Técnica

Caracteristicas

ALPINE A110

R

Motor
Arquitetura 4 cilindros em linha
Capacidade 1798 cc
Alimentação Injeção direta, Turbo, Intercooler
Distribuição 2 a.c.c./16V
Potência 300 cv/6300 rpm
Binário 340 Nm/2400-6000 rpm
Transmissão
Tração Traseira
Caixa de velocidades Automática de 7 vel.
Chassis
Suspensão F Ind. multibraços
Suspensão T Ind. multibraços
Travões F/T Discos ventilados
Direção/Diâmetro de viragem Elétrica/11,4m
Dimensões e Capacidades
Compr./Largura/Altura 4,180/1,798/1,238 m
Distância entre eixos 2,419m
Mala 100 litros
Depósito de combustível 45 litros
Pneus F 215/40 R18
Pneus T 245/40 R18
Peso 1157 kg
Relação peso/potência 3,85 kg/cv
Prestações e consumos oficiais
Vel. máxima 285 km/h
Acel. 0-100 km/h 3,9 s
Consumo médio 6,7 l/100 km
Emissões de CO2 153 g/km
Garantias/Manutenção
Mecânica -
Pintura/Corrosão -
Intervalos entre revisões -
Imposto de circulação (IUC) -

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