É comum dizer-se que em equipa que ganha não se mexe. E, neste caso, o Sport Utility Vehicle (SUV) que se exibe a titular é, exatamente, o mesmo que aparece no portefólio da Renault, tratando-se do 'gémeo' do Captur, sob a chancela da Mitsubishi. Ambos são produzidos em Espanha, na fábrica da marca do losango em Valladolid.
Há diferenças a apontar (design frontal, grelha, logótipos/lettering, certas cores e jantes de 17’’ e 18’’), mas, no essencial, é o mesmo automóvel.

O que poderá variar é a denominada tática, assente em motorizações/versões (e equipamentos) que a marca francesa poderá não fazer alinhar nalguns países europeus, mesmo que os responsáveis da Mitsubishi até admitam que os preços finais são equivalentes aos do concorrente direto, sem baixar a fasquia e para que não se pense num efeito low-cost. Nada disso!
O objetivo é (mesmo) multiplicar a espécie e aproveitar a oportunidade de negócio – na Europa, a marca estima um volume de 40.000 unidades/ano –, sem esconder que se trata de um derivado da Renault (plataforma CMF-B), e sem qualquer estigma. Aliás, esse tipo de cooperação também será seguido no próximo Colt, cujo lançamento está previsto para este ano, depois do verão, um citadino mais acessível e que recorrerá à base do Clio. Outras derivações surgirão certamente com base nas plataformas comuns da Aliança, até porque o consórcio aponta lançar cerca de 35 modelos BEV até ao ano de 2030.

As grandes expectativas da Mitsubishi também são fundamentadas nesse plano estratégico, mas, no caso da atual geração do ASX (a 2.ª), o evidente crescimento do segmento B-SUV, inclusive em Portugal, não deixa margem para duvidar do potencial já em causa.
Fase de pré-venda
No nosso país, a marca já avançou com o chamado período de pré-venda, estando o lançamento oficial agendado para finais de março ou princípios do mês de abril, aí com a chegada das primeiras unidades ao mercado.
O esquema da gama nacional recorrerá a três motores: 1.0 turbo de três cilindros de 90 cv, 1.3 mild-hybrid (12V) e 1.6 PHEV de 160 cv, num portefólio simplificado e com três níveis de equipamento (Inform, Invite e Intense), os quais se articulam com as respetivas motorizações. A garantia geral é de 5 anos ou 100.000 km, com a versão PHEV a acrescentar uma garantia adicional de 8 anos ou 160.000 km para a bateria.

A mecânica 1.0 turbo de três cilindros recorre a transmissão manual de 6 velocidades e está disponível a partir de 24.590 € (versão Inform), enquanto a versão 1.3 mild-hybrid, de 4 cilindros, 160 cv e caixa automática de 7 velocidades (DCT), é proposta no nível Intense por 29.990 €.
Já a variante 1.6 híbrida plug-in apenas estará disponível no nível mais equipado Intense –, tendo a marca anunciado uma campanha especial destinada a empresas com um preço de 27.500 € (mais IVA). Esta versão recorre a unidade de 4 cilindros a gasolina (de 91 cv), à qual se junta um motor elétrico de 67 cv, alimentado por uma bateria de iões de lítio com 10,5 kWh de capacidade. A autonomia anunciada para o modo estritamente elétrico atinge 49 quilómetros (WLTP, ciclo combinado), e cerca de 63 quilómetros no ambiente urbano, com uma potência agregada de 160 cv.

Híbrido ‘plug-in’ em foco
A variante PHEV suscita uma condução muito equilibrada – tendo a melhor relação prestações/consumo –, com a suavidade mecânica a ser outro fator a considerar, assim como o conforto, também por culpa do nível de equipamento aplicado. Talvez por isso (e pela fiscalidade) exista menor expetativa para a denominada versão mild-hybrid, mesmo que na gama Captur o motor 1.3T até tenha sido descontinuado.

Em todas as versões, a qualidade percebida (materiais e forros) faz jus às conhecidas valias do irmão-gémeo, podendo fraquejar (na aparência) nas versões menos luxuosas, o que não é o caso da variante PHEV. A versão Inform já conta, de série, com várias assistências: aviso/correção de faixa, sensores de parque (à frente e atrás), câmara traseira, deteção de sinais de trânsito, cruise-control e sistema Multi-Sense com os modos de condução My Sense, ECO e Sport (acresce o Pure, 100% elétrico, no PHEV).
A Mitsubishi não esconde que o novo ASX é, de facto, o Captur com ligeiras diferenças. E essa é a forma mais vantajosa de aproveitar sinergias e galgar o negócio crescente do segmento B-SUV. Em Portugal, o grosso das vendas assentará na versão 1.0 turbo de 90 cv (Invite), mas a opção PHEV é atrativa, especialmente para empresas.