A DS, na renovação do 3 (desaparece o nome Crossback), privilegiou a modernização dos elementos que mais diferenciam o seu compacto de charme da concorrência direta, com os Mini (5 portas ou Countryman) e o Audi Q2 entre os principais alvos a abater.
A ideia é sublinhar uma visão premium francesa, que combina atenção ao detalhe com luxo e sofisticação, precisamente as características que observamos no modelo, cada vez mais chique, e com aposta vincada quer na componente estética, quer no apelo à diferenciação.

Na estilizada carroçaria harmonizam-se superfícies onduladas e extensos vincos e arrestas, cromados e pinturas bicolores, e o estilo dos puxadores retráteis. As jantes apresentam um design completamente novo com ganhos em eficiência. Disponíveis em versões de 17 e 18 polegadas e em diferentes temas e tons. Enquanto o novo ar de família é-lhe aplicado através de uma grelha redesenhada, ampliada e com apontamentos em preto brilhante ou cromados, dependendo da versão. São quatro no catálogo (Bastille, Performance Line, Rivoli ou Ópera), e em comum têm a original assinatura luminosa das DS Wings, que agora ligam subtilmente a nova grelha e os faróis LED – de série em toda a gama.
No habitáculo, a marca continua a apostar num padrão em losango na decoração do tablier e noutras soluções de estilo ousadas para os botões (os que comandam os vidros, na consola central...), mas com evolução na qualidade de todos materiais, dos revestimentos às costuras. O posto de condução (baixo para crossover), beneficia da correta ergonomia dos bancos (de série em pele e, como opção, aquecidos e com função de massagem lombar) e de um novo volante que reagrupa os comandos de assistência à condução e os botões do sistema multimédia, integrando as patilhas para mudança de relações das transmissões automáticas nas versões térmicas.

Um novo ecrã central de alta-definição, com 10,3’’ é agora de série em todas as versões, com uma integração específica do infotainment de última geração da marca do Grupo Stellantis. Este ecrã é dividido em 12 caixas e pode acomodar widgets de diferentes tamanhos. O cluster é, por sua vez, dividido em duas áreas distintas e igualmente personalizáveis. Em paralelo, as funções podem ser controladas através de um avançado sistema de reconhecimento de voz ou através dos botões de toque do painel. Pede habituação...
Diesel, gasolina e novo E-Tense
Em Portugal, além das motorizações PureTech, a gasolina, nas versões de 100 e 130 cv, e do Diesel BlueHDi, também com 130 cv, o DS 3 ganha topo de gama ainda mais potente: no E-Tense, novo motor elétrico (montado na unidade francesa de Trémery-Metz), que recorre a tecnologia nova de seis polos, para uma melhor relação entre potência e eficiência, e usa bobine de múltiplo enrolamento, para uma maior eficiência e a otimização da densidade de potência. Resultado: a nova máquina elétrica fornece 156 cv (em vez de 136 cv) e 260 Nm de binário máximo, a uma tensão de 400 Volts.

A bateria, também nova, com regulação térmica por circulação de líquido e bomba de calor, tem capacidade total de 54 kWh (51 kWh úteis), o que permite anunciar autonomia máxima de 404 km em ciclo combinado.
O sistema permite carregamentos rápidos – carregador de bordo, de série, recebe 100 kW em corrente contínua (0 a 80% em 30 minutos) e 11 kW em corrente alternada (0 a 100% em 5 horas e 15 minutos).

Mais potência e autonomia
No primeiro contacto dinâmico, que contou com circulação por percurso misto, a nossa unidade do DS 3 E-Tense não andou longe desse registo com as baterias totalmente cheias.
O motor elétrico entrega potência só às rodas da frente e há três modos de condução, como nas outras versões equipadas com mecânicas térmicas, mas aqui, além de modificarem a assistência da direção, alteram também a potência máxima disponível: em modo Eco fica limitada a 82 cv, em Normal sobe para os 109 cv e só em modo Sport ficam disponíveis os 156 cv e os 260 Nm, para uma resposta mais forte e satisfatória aos movimentos do pedal do acelerador, mas sem perder uma entrega linear da força.

Há também dois modos de regeneração, o normal, em que o carro desliza quando se desacelera e a posição B. O efeito de retenção em desaceleração aumenta, mas não ao ponto de se poder guiar apenas com o acelerador.
No trajeto do teste, em Eco a maior parte do tempo, o consumo energético não foi elevado: média de 16 kWh/100 km significa que o DS 3 pode percorrer 400 km com uma carga de bateria – mais 80 km do que antecessor.

Já nas prestações, jogo muito igual. O compacto da marca francesa, mesmo com suplemento energético que, sem ser exagerado, explica o maior desembaraço nalgumas acelerações e retomas, mantém os registos oficiais de 8,7 segundos para cumprir a medição de 0 a 100 km/h e velocidade máxima limitada aos 150 km/h.
Dinamicamente, o aumento de cerca de 300 kg face aos DS 3 térmicos, maioritariamente a cargo da bateria (ganhou 30 kg na comparação com o anterior E-Tense), é facilmente sentido em condução mais desportiva, embora os movimentos da carroçaria surjam muitíssimo bem controlados, com o modelo a fazer-se valer da direção precisa.

A base de trabalho é a mesma da anterior versão, partilhada com Peugeot 208/2008 e Opel Mokka, mas as diferenças são algumas. A suspensão traseira foi reforçada, mantendo a barra de torção com uma barra Panhard. As molas e amortecedores foram recalibrados e também os pneus têm uma especificação própria.
A configuração da bateria é em H, ocupando o espaço livre sob os bancos da frente, túnel central e sob o banco traseiro, adaptando-se assim à plataforma. Desta forma, cotas interiores intactas e a capacidade da bagageira também não é alterada: 350 litros na configuração standard, com cinco lugares a bordo.

O DS 3 é um automóvel interessante, versátil para o género, e tem no design, nas motorizações e no apuro do habitáculo os seus maiores trunfos. Gostámos da posição de condução e dos bancos desportivos (o revestimento a pele é de série), bem como da generalidade dos materiais e do rigor nos acabamentos. Nota-se bem a preocupação do Grupo Stellantis em demarcar a DS dos restantes emblemas do consórcio. E o que faz, faz com sucesso.