O Classe S é a estrela mais cintilante no firmamento da Mercedes-Benz. A 7.ª geração representa outro início de ciclo na marca, concentrado tanto na digitalização como na eletrificação do automóvel. O 400 d com 330 cv apresenta-nos muito do futuro do emblema de Estugarda. Primeiro teste.
Em outubro do ano passado, imediatamente após a divulgação das primeiras imagens e informações, classificámos o Classe S novo como epítome do automóvel moderno e assumimos os riscos de adjetivação tão contundente. Poucos meses depois, fina- lizado o primeiro teste ao 400 d, reafirmamos tudo o que escrevemos. Apenas o Diesel não combina com a época que vivemos, com mais do que prenúncio de mudança no paradigma dominante na indústria há mais de 100 anos, mas até o motor de 6 cilindros com 3 litros, 330 cv e 700 Nm (os segundos impressionam mais do que os primeiros, desde logo no papel) é de ponta no plano tecnológico.
A 7.ª geração do topo de gama (re)posiciona a Mercedes-Benz na linha da frente do segmento do luxo. Mas, para consegui-lo, a marca de Estugarda comprometeu-se com investimento massivo na conceção do sucessor do W222 (2013), que coleciona mais de milhão de exemplares vendidos, todos com margens de lucro elevadíssimas. Revolução em vez de evolução, a exigência inscrita no caderno de encargos nas mãos da equipa de desenvolvimento. Missão muito bem cumprida! Se o antecessor representou o início de um ciclo que recolocou o fabricante de Estugara no topo da lista dos construtores premium, depois de muitos anos atrás da BMW, o automóvel novo projeta o futuro no presente!
Neste Classe S, Mercedes-Benz pioneira no capítulo tecnológico. No W223, designação interna do navio-almirante de frota muito poderosa, encontram-se dezenas de conteúdos high-tech, como a 2.ª geração do MBUX, programa de info-entretenimento que admite só atualizações remotas de software, contando-se com um acesso à Internet. O sistema interage com muitas funções de bordo da berlina de luxo e integra câmaras no tejadilho que interpretam os movimentos de condutor ou passageiros para ativação automática de diversos sistemas de bordo. Dois exemplos: procurando objeto numa zona escura do habitáculo, o interior ilumina-se; olhando para os retrovisores, os espelhos exteriores reposicionam-se. O assistente vocal também foi muito otimizado, por isso reconhecendo instruções tanto dos ocupantes dos bancos dianteiros como dos traseiros.

Confortável, luxuoso, sofisticado
As dimensões exteriores aumentaram, comparando-se o W222 e o W223, o que resultou em benefícios tanto na capacidade da mala (550 litros) como na habitabilidade. Todo o interior é novo. Os puxadores nas portas, na carroçaria, dependendo da configuração selecionada para o automóvel, apresentam-se dissimulados ou expostos. Lá dentro, no centro do painel de bordo, monitor de grande dimensão instalado na vertical (abandonou-se a fórmula de dois ecrãs longitudinais posicionados lado a lado, com a instrumentação à esquerda do sistema multimédia). Assim, redução no número de comandos físicos (menos 27, reivindica a marca), mas mantêm-se controlos das luzes e seletor do limpa para-brisas. A instrumentação é digital e, na versão em ensaio, permite a visualização tridimensional da informação.
O sistema MBUX, através de palavra-passe e reconhecimento facial ou vocal, identifica o utilizador e apresenta-lhe preferências individuais (emissoras de rádio, por exemplo). No interior, no total, até cinco ecrãs, combinando dois dianteiros com três traseiros. O Head-Up Display tem realidade aumentada, por isso projeta informações no campo de visão do condutor, na estrada (equivalente a uma distância de 10 metros à frente dos nossos olhos). Somam-se a iluminação Digital Light, que tem três pontos LED por farol e os airbags frontais instalados nos encostos dianteiros para proteção dos ocupantes dos bancos traseiros. A facilidade de utilização consegue-se só após período de adaptação, que a curiosidade originada pelas novidades torna muito mais rápido. A Mercedes-Benz, no Classe S, propõe-nos uma experiência automóvel nova, entusiasmante!
O S 400 d que testámos tinha suspensão pneumática. Logo, não contava com a E-Active Body Control anunciada pela marca alemã como proeza tecnológica, por regular automaticamente a altura livre ao solo e o nível de firmeza do amortecimento (o sistema baseia-se numa rede de sensores que interpretam as características do piso; ativando-se o modo de condução CURVE, o programa até inclina a carroçaria para o interior das curvas). Todavia, mesmo sem esse equipamento vanguardista, o automóvel recomenda-se! E, sim, os 5 m de comprimento limitam a agilidade, mas os movimentos laterais nas transferências de massa são limitadíssimos e não perturbam a precisão na condução, que também impressiona. Já o conforto de rolamento é excecional, fora de série!

Mecânica potente e silenciosa
No S 400 d, mecânica de 6 cilindros e 3 litros a gasóleo. Verdade, o Diesel perdeu popularidade na Europa (no resto do Mundo, nunca foi muito relevante!), mas a marca alemã domina a tecnologia e não pondera eliminá-la do catálogo, pelo menos no imediato. O segmento do luxo tem características específicas e, encontrando-se procura, mantém-se a proposta…
O 6 cilindros, superiormente apoiado por caixa automática de 9 velocidades com modo manual operado de forma sequencial em partilhas no volante, para mais envolvimento do condutor na ação, é muito reativo aos movimentos no pedal do acelerador. Mais do que os 330 cv, são os 700 Nm disponíveis entre as 1200 e as 3200 rpm que explicam as qualidades que sublinhamos. O funcionamento do motor é refinado, silencioso, suave. E soma-se-lhe a eficiência, com consumo médio dentro de parâmetros mais do que razoáveis para a categoria. Combinando-a com a grande capacidade do depósito (76 litros), autonomia próxima dos 1000 km. Não há automóvel a gasolina capaz de percorrer tão grande número de quilómetros entre reabastecimentos, muito menos elétricos! E os alemães até têm derivado do Classe S novo com máquinas elétricas em vez de motores de combustão interna na rampa de lançamento: o EQS.
O 400 d posiciona-se na base da gama do Classe S. De momento, como alternativas, só o 500 a gasolina, que tem mecânica com 435 cv apoiada por máquina elétrica com 22 cv. Também nos planos da marca alemã, motores V8 e V12, além de versões híbridas Plug-In e AMG. A berlina de luxo nova, que representa outro início de ciclo, é a estrela do catálogo da Mercedes-Benz. E merecidamente! Em conforto, dinâmica ou sofisticação, não há melhor no segmento do luxo.