Quem quiser o novo i30 N em Portugal vai tê-lo na sua expressão máxima, nos píncaros da dotação mecânica, na versão mais potente Performance Pack e com a opção de caixa automática de dupla embraiagem e oito velocidades, em estreia no compacto

O azul WRC dá o mote; aproveitando a herança desportiva da Hyundai no Mundial de Ralis, este i30 N, afinado e amplamente testado no Inferno Verde de Nürburgring Norsdschleife, na Alemanha, é máquina que tem tudo para complicar a vida aos pesos pesados da categoria: chassis estruturalmente equilibrado, rígido e municiado pela eletrónica de promoção da dinâmica e da segurança, e ainda uma direção híper sensível ao tato do condutor, fiel transmissora do contacto das rodas com a estrada, e todos estes elementos, em uníssono, ao serviço de um prazer sublimado de condução.
O cartão de visita é o conhecido motor a gasolina de quatro cilindros, 2 litros, de injeção direta e sobrealimentado por turbocompressor, com potência esticada aos 280 cv (mais 5 cv do que no antecessor), que passa a poder combinar-se com a transmissão 8DCT, que não estava disponível no modelo. É alternativa à caixa manual de seis velocidades e acrescenta a esta as virtudes do funcionamento das mais modernas caixas automáticas de dupla embraiagem, assegurando resposta rápida e precisa às solicitações da condução, de aceleração e redução, mediante passagens praticamente sem hiatos.

Na prática, o mecanismo é o mesmo que a marca coreana designa de N DCT, específica para os modelos desportivos, que adota embraiagens húmidas, ou seja, está banhada em óleo para uma melhor lubrificação, refrigeração e fiabilidade - é opção ótima para modelos de altas prestações e o dispositivo de série para valores de binário de 350 Nm ou acima desse valor. Com o Performance Pack, o novo i30 N faz 392 Nm...
Para ainda mais capacidade numa utilização desportiva, esta DCT possui novas funcionalidades. A primeira chama-se N Grin Shift (Grin significa sorriso de orelha a orelha numa tradução livre), permite aumentar 7% de binário através de uma função de overboost e maximizando a resposta do motor e da transmissão durante 20 segundos. Já o modo N Power Shift é ativado quando o compacto acelera com mais de 90% do acelerador, mitigando assim qualquer redução no binário durante as mudanças de velocidade altas, garantindo potência máxima às rodas, dando a sensação de empurrão nas passagens para mudanças altas. E ainda há um programa N Track Sense Shift, que é uma espécie de modo ataque: aciona-se automaticamente quando o sistema deteta que a condução se torna mais dinâmica, garantindo passagens ainda mais céleres.

Para quem prefere tomar as rédeas da ação, existe um modo manual, através de patilhas por detrás do volante, mas elogie-se a forma brilhante como o equipamento interpreta a intensidade da pressão no acelerador, a ausência desta, ou, ao invés, a de força exercida no travão, para decidir tão ou mais rapidamente do que uma caixa manual, confirmando o estatuto de fora de série do i30 N quando o assunto é condução desportiva. Com a 8 DCT, o i30 N cumpre 0 a 100 km/h em 5,7 segundos (contra 6,4 s do antecessor com 275 cv e caixa manual...), chegando aos 1000 metros já disparado a 214 km/h. Mas não se trata apenas de andar depressa para a frente...
Venham as curvas
No i30 N, o ronco grave e intenso que emana da dupla ponteira de escape, com sistema de válvula de exaustão variável e três programas selecionáveis, é especial até quando rolamos a muito baixa velocidade. É o primeiro de muitos de vários departamentos que permitem configuração à medida, com os settings corretos, para evitar surpresas. Não que seja difícil de ler. Mesmo nos ritmos mais acelerados, o compacto ataca as curvas de forma muito decidida, farejando a trajetória com precisão cirúrgica. E os travões respondem com a mesma rapidez e eficácia. A diferença agora é que, no lugar da alavanca da caixa manual, também a pedir para ser usada de modo decidido, está uma automática que faz tudo bem. A ligação do motor com a 8 DCT resulta brilhante, com o primeiro a surgir mais possante em toda a faixa de utilização, e a segunda a corresponder de forma frenética quando chamada à ação.
Para desportivo, o Hyundai tem posição de condução elevada, compensa com bancos desportivos de qualidade, integrais e com o emblema N iluminado nos encostos (como nos M da BMW de onde vem Albert Biermann, patrão da divisão de performance da marca coreana).

Os pedais têm peso, o mesmo se passando com o tato da direção, que vai evoluindo na escala de progressividade de acordo com cada um dos diversos modos de condução, que selecionamos sem retirar as mãos do volante, onde estão colocados os botões de comando. Os programas Eco, Normal, Sport, N e N Custom interferem no comportamento da viatura, ajustando os mapeamentos de motor, direção, a suspensão, o controlo de estabilidade (desligável) e diferencial eletrónico autoblocante. Resultado: motricidade incriticável, cortesia de afinação rigorosa para restringir as forças exercidas sobre uma das rodas de cada eixo, tendo como ponto de contacto com o piso a eficácia superior dos Pirelli PZero com jantes de 19’’, desenvolvidos à medida para o i30 N.