Topo de gama da Hyundai na Europa, o Santa Fe é automóvel... difícil de criticar! Recheado de farta tecnologia e espaço para a família, este SUV de sete lugares ainda resiste à sangria Diesel.

Santa Fe foi o nome (e o modelo) que mais terá contribuído para alavancar a imagem da Hyundai na Europa. A primeira geração (lançada em 2001) sobressaiu na paisagem automóvel, apresentando reconhecidos argumentos técnicos e valências na qualidade de construção que a Hyundai perpetuou nas sucessivas gerações, culminando na nova, a quarta, recheada com tudo o que se pode esperar de um SUV no topo de gama.
As soluções de design adotadas, com destaque para o enquadramento e efeito visual dos grupos óticos LED a ladear a enorme grelha frontal, estão de mãos dadas com o porte avantajado da carroçaria que permite uma lotação de até sete ocupantes. Os vincos nos painéis exteriores, os frisos cromados, os vidros escurecidos e as jantes de 20’’ da versão mais dotada de equipamento contribuem para essa imponência visual, que deixa ainda transparecer uma imagem de solidez – e que desde já adiantamos que não se trata só de imagem!
Abrindo portas, a quarta geração do Santa Fe dá mostras do seu legado de referência no segmento, com cuidadas superfícies em pele e revestimentos maioritariamente agradáveis ao toque. O pormenor dos dois tons de pele ajuda a reforçar a sensação de requinte, com os bancos dianteiros a incluírem aquecimento, ventilação e ajustes elétricos e onde até os bancos laterais da segunda fila contam com aquecimento.

O condutor goza de corretíssima ergonomia do posto de comando, seja pelo conforto e formato do banco multi-ajustável, seja pelo enquadramento com o volante. À frente dos seus olhos surge painel de instrumentos totalmente digitalizado de 12,3’’, com vários temas, embora o grafismo seja colado ao existente nos Kauai e Tucson. Exclusivo do Santa Fe e parte do seu vasto rol tecnológico, é a projeção, no painel de instrumentos, de imagem lateral traseira aquando o acionamento dos piscas, como que fazendo as vezes dos espelhos retrovisores: a nossa experiência revelou ser necessário tempo de habituação à tecnologia, além de que a imagem não é a melhor em condução noturna ou estando a chover/piso molhado.
Depois, é preciso atentar nos mais ínfimos pormenores para encontrar possíveis falhas (e o termo é injusto...) no Santa Fe, como o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito informar apenas sobre limites de velocidade, ou da iluminação exterior ainda não recorrer a tecnologia adaptativa, apenas à comutação automática entre médios e máximos. De resto, o Santa Fe inclui quase tudo o que se possa pedir (ou pensar!), caso do cuidado sistema de som Krell com 10 colunas, muita iluminação interior através do teto de abrir panorâmico, forro de toque aveludado no teto e pilares, abertura elétrica da bagageira, head up display, etc

Um pouco ao contrário do que tem acontecido noutros modelos do segmento, o Santa Fe ainda apresenta diversos botões na consola central (e ainda bem que os tem para o controlo autónomo da climatização), alguns deles servindo de teclas de acesso direto aos menus do sistema de infoentretenimento, projetado no monitor tátil flutuante de 10,25’’, no topo da consola central. Também na consola fica o comando dos modos de condução, a cargo de grande botão rotativo, localizado à direita dos botões dedicados à caixa de velocidades automática.
Enquanto SUV, o Santa Fe tem ainda o condão de responder às preces de grandes famílias, com imensidão de espaço nas duas primeiras filas, com a do meio a permitir ajuste do ângulo das costas e longitudinal dos assentos, na proporção 60/40, não havendo sequer intromissão de túnel no chão para incomodar as pernas de quem se sentar ao centro. Devido à elevada altura ao solo, entrar e sair do habitáculo poderá ser tarefa mais complicada para algumas pessoas de mobilidade mais reduzida e só as crianças terão facilidade em passar para a terceira fila. Mas, lá atrás, a oferta de espaço em altura e largura é referencial face à possível concorrência. Curiosidade: o condutor tem à sua disposição um altifalante (via sistema de som) para melhor se fazer ouvir caso fale para os passageiros da última fila!

Qualidade rolante
O Santa Fe não se fica só pelo que se vê, sabendo transpor para a atitude em estrada as qualidades esperadas num topo de gama. As tónicas dominantes são a constante sensação de conforto, aliada à robustez estrutural e das ligações ao solo, sem ruídos ou sensações incómodas. A direção é mais consistente do que propriamente informativa e o porte do SUV não permite milagres desportivos, embora o Santa Fe comporte-se com segurança e estabilidade.
O motor Diesel com potência a rondar os 200 cv tem resposta viva e é bem coadjuvado pela caixa automática, assegurando ao SUV performances corretas face ao peso avantajado – só nestes pormenores dinâmicos as marcas premium levam vantagem ao conjugar vertente mais desportiva e superior eficiência no rácio performances/consumos, com o Santa Fe 2.2 Diesel a rubricar valores entre 8 e 8,5 l/100 km. Ainda em matéria de custos, por um lado este SUV é Classe 2 nas portagens, por outro a Hyundai oferece 7 anos de garantia geral e assistência em viagem.

Mesmo recheado de tecnologia, equipamento e ajudas à condução (inclui aviso de arranque do carro da frente em cenários de fila de trânsito, bem como travagem automática em situação de estacionamento, evitando toques nos para-choques) e com qualidade percetível (e não percetível) ao nível dos melhores, além da versatilidade de utilização enquanto SUV familiar de excelência, o Santa Fe não terá vida comercial fácil relativamente aos concorrentes premium. Mas merece ‘nota mais’!