A DS Automobiles aponta o 7 Crossback ao segmento dos SUV premium, um posicionamento que muitos poderão julgar otimista, tendo em conta os produtos com que concorre nessa categoria, mas isso não belisca a visão estratégica de Eric Apode, diretor de Produto e de Desenvolvimento da marca francesa. «Em todos os países consumidores de automóveis premium são os SUV do segmento C que apresentam o maior potencial em termos de volume e de rentabilidade, pelo que o facto de o DS 7 Crossback ser o nosso primeiro modelo é questão de lógica».

Apode explica em detalhe o que a DS pretende com o SUV: «Apontamos a clientes que se pretendem afirmar e que estão à procura de novas sensações. A nossa estratégia de trabalhar em profundidade as nossas linhas de caráter, o cultivar da nossa personalidade, ao mesmo tempo que oferecemos aos nossos clientes uma vasta gama de possibilidades de personalização, tem como base a análise das suas expectativas.
Os nossos clientes têm, em geral, aspirações muito fortes para os seus automóveis, estando muito conscientes dos produtos existentes no mercado, pelo que se pretendem destacar, definir o seu estatuto e o seu sucesso, bem como a sua originalidade. Eles não estão a comprar um DS como o fazem noutra marca, eles estão decididamente virados para o futuro».
Foi com estas palavras em mente que partimos para o contacto e experiência de condução do DS 7 Crossback Puretech 225, nova motorização a gasolina no catálogo do modelo, juntando-se a outras três: dois Diesel de 130 e 180 cv e uma a gasolina, com 180 cv. Acoplado a caixa automática de 8 velocidades, com patilhas no volante para troca de relações, o motor de 1,6 litros e 225 cv tem tudo para dar certo em países onde a febre do Diesel não é tão elevada quanto em Portugal, que continua ainda muito virado para as mecânicas a gasóleo, sobretudo no segmento em que o DS 7 Crossback concorre, isto mesmo depois de tudo o que tem sido dito e escrito sobre o futuro do Diesel.
Daí que o desempenho comercial desta versão no nosso mercado seja uma incógnita. Desempenho que nunca será posto em causa pela qualidade da mecânica, que muito nos agradou pela suavidade e acelerações lineares, além de ótima resposta desde baixos regimes, facto a que não é alheio o binário máximo (300 Nm) disponível desde as 1900 rpm.

Quando ativamos o modo Sport, o motor ganha entusiasmo, tornando-se mais reativo à pressão no acelerador, contudo, em aceleração forte, a sonoridade torna-se também muito forte, talvez demasiado, sobretudo porque parece muito artificial... As prestações convencem, com velocidade máxima anunciada de 234 km/h e aceleração 0-100 km/h em 8,2 segundos, nada mau para um carro com esta envergadura e peso (1420 kg), de que resulta interessante relação peso potência de 6,31 kg/cv.
Face à versão precedente (THP 205), além do aumento da potência, os engenheiros da DS conseguiram ainda melhorar o rendimento do 4 cilindros através de algumas alterações: o sistema Valvetronic (elevação variável contínua das válvulas de admissão e rotações variáveis da árvore de cames na admissão e escape) foi generalizado, enquanto a gestão das injeções de combustível foi otimizada, sendo as injeções múltiplas.
As fricções foram reduzidas graças à utilização de novo tipo de segmentos e pistões e à adoção de um eixo do pistão com revestimento DLC (Diamond Like Carbon); por fim, o turbocompressor foi redesenhado de forma a garantir simultaneamente maior performance e disponibilidade (inclui novo comando elétrico da válvula wastegate e novas peças de elevado rendimento na turbina e do compressor).

O DS 7 Crossback que guiámos estava equipado com a opcional suspensão ativa (DS Active Scan Suspension), controlada por uma câmara posicionada por trás do para-brisas. O sistema, que inclui ainda quatro sensores e três acelerómetros, vai analisando as imperfeições da estrada e as reações do veículo (velocidade, ângulo, roda, travagem), pilotando continuamente e de modo independente os quatro amortecedores. Os dados recolhidos chegam em tempo real a um computador que age de forma independente sobre cada roda.
O resultado é muito convincente, percebendo-se perfeitamente as diferenças entre o modo Conforto (máxima filtragem e algum adorno da carroçaria em curva) e o Sport, que torna o carro muito mais seco e sensível a imperfeições do asfalto. É, contudo, neste modo que o DS 7 Crossback se torna mais divertido de guiar, mostrando agilidade surpreendente para automóvel com estas características. Analisando, a par, motor e desempenho dinâmico, parece-nos que é uma relação que tem tudo para dar certo.