Talvez o melhor elogio que se pode fazer ao novo RAV4 é que se destaca visualmente, quase tanto no universo da Toyota, como o C-HR, este último um verdadeiro êxito de vendas. A estética da 5.ª geração do crossover é bem conseguida, aqui e ali a confundir-se nalguns detalhes com homólogos de outras marcas, por exemplo, à vista lateral, assemelhando-se ao XC40 da Volvo, e mais ainda com a carroçaria pintada a branco e o tejadilho a preto, como este. O contraste resulta igualmente bem!
O design sugere até uma espécie de regresso às origens (o RAV4 original é de 1994), muito por culpa do aspeto recreativo e da imagem aventureira que é vinculada, tratando-se de uma ideia que o construtor pretende fazer passar, com base num certo espírito de liberdade. Isto é, para ir a todo o lado, principalmente nas versões 4x4, que têm a particularidade de incluir motor elétrico adicional no eixo traseiro (40 kW), por contraponto às versões 4x2 que apenas contam com unidade elétrica à frente (de 88 kW) capaz de auxiliar o bloco a gasolina de 2.5 litros de 178 cv. O rendimento total é de 218 cv nas variantes de tração à frente e de 222 cv nos modelos 4x4. Tanto num caso como noutro, a transmissão é automática e do tipo e-CVT (variação contínua) com 6 relações (pré-definidas) e patilhas no volante para trocas manuais. Interessa dizer que a atuação da mecânica híbrida foi otimizada (taxa de compressão elevada de 14,0:1) e que isso se entende na suavidade ao nível da condução, sem demasiado esforço, acima da dos C-HR e Prius, por exemplo, pelo menos sem tanto ruído nas acelerações bruscas, além de inferior arrastamento da caixa automática de variação contínua, esta com as tais patilhas no volante, como já se disse. Mesmo assim, esse desempenho não está isento dos habituais tiques deste tipo de transmissão, apesar de bem disfarçados (e da cuidada insonorização), sendo exigível moderar a pressão no acelerador com gestos pausados.
Nada de grave, até porque a eficiência agradece (modos ECO e Sport incluídos) e os consumos podem situar-se entre 6,3 e cerca de 7 l/100 km, como foi o caso num percurso de montanha ao volante da variante AWD-i, a qual comprovou inteiramente os méritos da tração integral (com bloco elétrico adicional no eixo traseiro) em pisos com neve e gelo perigosamente deslizantes. Seguro, sem dúvida, variando a tração até ao máximo de 80% atrás e com diferencial autoblocante no modo Trail.
Note-se que nas ajudas eletrónicas, o RAV4 não abdica das tecnologias mais avançadas, desde alerta de faixa (correção automática incluída), ângulo morto, radares, sensores e câmaras, além do sistema de pré-colisão (deteção de peões e travagem) e do cruise-control ativo.
A mecânica híbrida tem excelente capacidade de resposta, menos perdas e atuação linear desde baixo regime, sendo mais compacta e leve, à semelhança do que acontece com as baterias.
Quanto à dinâmica, a Toyota fez bem o trabalho de casa, graças à adoção da plataforma TNGA K do fabricante, ao baixo centro de gravidade e à maior rigidez da carroçaria (mais 57%), além da equilibrada repartição do peso (59:41) e da suspensão com triângulos duplos sobrepostos atrás. Tudo junto permite um excelente comportamento em curva e reduzido adornar da carroçaria, tendo em conta que se trata de um SUV, garantindo estabilidade e confiança.
O conforto e o baixo ruído de estrada são outros pontos positivos, bem conjugados com o discreto funcionamento mecânico nas velocidades estabilizadas. O mecanismo da direção (assistência elétrica) foi melhorado e há menor esforço do veio, o que contribui para maior precisão.