O Cross é a nova variação da gama do Toyota Yaris. Faz pontaria ao tipo de cliente em busca de formas originais, muito espaço num ‘invólucro’ compacto e com económica motorização híbrida. Na ‘mouche’
Tendo em conta o sucesso do Yaris, era fundamental que segunda carroçaria deste produto mantivesse pontos de contacto com o modelo responsável por mais de um quarto do total de automóveis que a Toyota venderá na Europa. Daí que o design do Cross tenha saído, uma vez mais, do centro de estilo dos arredores de Nice.
Fica a ideia de que o Yaris foi… soprado, tornando-se mais comprido, mais alto e, e em especial, mais largo, com a dupla vantagem de lhe dar um ar mais robusto e de beneficiar a versatilidade de utilização e o comportamento sobre o asfalto mais degradado ou em estradões de terra batida. Este novo SUV urbano foi desenvolvido sobre a plataforma global GA-B, a arquitetura do Yaris, com a mesma distância entre eixos (2560 mm), mas com carroçaria esticada em 240 mm no comprimento, 90 mm em altura e 20 mm em largura, para oferecer mais espaço no habitáculo. E assim se compreende também como foi possível ganhar 104 litros na bagageira, para um total de 397 litros de capacidade na configuração standard de cinco lugares a bordo. A reclinação do encosto traseiro (possível na proporção 40:20:40 nas versões mais equipadas) permite quase triplicar esta área de carga, que depois se configura a gosto, em combinação com uma outra plataforma no piso da mala que pode ser dividida em dois níveis.
O painel de bordo desenvolve o conceito estreado no carro da 4.ª geração (instrumentação, infoentretenimento, projeção de informações no para-brisas, dentro do campo de visão do condutor), reduziu-se o número de comandos físicos. A maioria das funções de bordo controla-se no monitor tátil (8’’) arrumado no centro do painel e as informações relevantes para a condução, incluindo as instruções relevantes do sistema de navegação, encontram-se concentradas no Head-Up display de grandes dimensões (10’’). Empírica e visualmente, a coisa funciona bem.
De resto, a configuração do interior é familiar, importada do Yaris, embora notando-se a multiplicação dos locais para arrumação de objetos no tablier, de apresentação sóbria. Apesar do reconhecido talento da Toyota na montagem dos seus modelos, os japoneses reduziram ao mínimo a utilização de plásticos rijos, pouco agradáveis ao toque e permeáveis aos ruídos parasitas. O Cross cresce em tamanho, mas também em apresentação e qualidade.
Nos lugares posteriores, o novo Yaris ganhou em espaço, notando-se especialmente em comprimento para as pernas de quem viaja atrás (67 cm das costas do banco da frente ao encosto do banco traseiro). Mas elogie-se também o facto de as pernas do passageiro do meio estarem à vontade, pela ausência do túnel da transmissão, rebaixado para criar um piso plano. A oferta de altura (97 cm do assento ao teto) e largura ao nível dos ombros (129 cm medidos de porta a porta) está em linha com a concorrência.
Considerando que o 1.5 VVT-i a gasolina (só por encomenda) será o motor menos procurado no nosso mercado, todas as atenções voltadas para o sistema Hybrid Dynamic Force, que combina o mesmo motor de 3 cilindros em ciclo de Atkinson com 1,5 litros, numa configuração de 92 cv, acoplado a caixa híbrida (transmissão de engrenagem planetária, e velocidade única), a que se junta um motor elétrico de 80 cv e 141 Nm que tem a função de auxiliar a unidade térmica, mas que também pode propulsionar o veículo. A alimentá-lo bateria de iões de lítio.
A Toyota não anuncia a autonomia para o modo de condução elétrico, mas garante que o sistema novo tem capacidades melhoradas, nomeadamente a hipótese de 80% da condução em ambientes urbanos sem quaisquer emissões de escape, por a mecânica térmica permanecer desligada. A experiência da marca permite que o motor a gasolina seja altamente eficiente e o módulo eletrónico exímio a decidir qual dos motores deve funcionar a cada momento – aguenta velocidades altas (estabilizadas) em modo puramente elétrico.
Testámo-lo na periferia da cidade e em estradas nacionais, onde o consumo médio real nunca ultrapassou os 4,5 l/100 km. Mas a capacidade do 1.5 Hybrid Dynamic Force expressa-se também nas performances de muito bom nível (ver ficha técnica) e na rapidez de reação aos movimentos no acelerador. A condução é levezinha e o chassis/direção do Yaris Cross permitem ótima interação com a estrada. A dinâmica condiz com a imagem irreverente do exterior, com ligações ao solo firmes para susterem melhor os movimentos oscilatórios da carroçaria elevada ao solo, até penalizando levemente o conforto que proporciona aos ocupantes, pelo menos com estas jantes maiores (18’). Notas positivas ainda para a competente (rápida e comunicativa) direção e o bom desempenho do sistema de travagem (discos nas quatro rodas, ventilados à frente).
A irreverência e jovialidade da imagem do novo SUV compacto da Toyota é enorme filão por explorar no segmento do Yaris, não surpreendendo a aposta da marca na diversificação de versões e níveis de equipamentos cada vez mais pensados à medida do seu público alvo, os condutores de automóveis urbanos para quem a imagem conta... e muito! O módulo híbrido cumpre e as credenciais dinâmicas convencem sem margem para dúvidas.