Não é todos os dias que se tem a experiência de conduzir um exemplar único (one-off na gíria automóvel), uma espécie de protótipo que antecipa o futuro. No caso, o projeto pertence, por inteiro, à Mini e a ideia consiste em avaliar o potencial de desenvolvimento de um próximo Mini Cooper SE Convertible (100% elétrico), que poderá passar à produção muito em breve. Para já, o exemplar-cobaia recorre à base do Cooper SE (3 portas), submetida a vários reforços estruturais exigíveis a um cabrio, no caso mantendo a capota têxtil dos modelos similares da marca e que dispõe de mecanismo elétrico de abertura/fecho em 18 segundos.
Conduzimos este concept na zona de Sintra, uma das etapas da digressão europeia do veículo, pela estrada da Lagoa Azul e até à Malveira da Serra, depois pelo Guincho com tempo nublado, à inglesa, ótimo para guiar a céu aberto, com pouco calor e o asfalto húmido, num chove-que-não-chove. Nada melhor!

O silêncio da propulsão elétrica não faz esmorecer as reações go-kart de um Mini tão especial, até porque as acelerações são enérgicas e instantâneas, ainda mais no modo Sport, a que se junta a precisão do chassis e das suspensões (quase sem se entender o maior peso e a menor rigidez), assim como a obediência que é ditada pela direção. A coisa é de tal ordem que a partir de certa altura parece que falta algo. O quê? O som tão característico de um Mini com este tipo de prestações, pelo que o ziguezaguear por estas estradas tão à medida trazem à memória essa flagrante ausência.
Esse aspeto será discutido nas próximas fases de desenvolvimento em Munique, por parte do grupo BMW (a que a Mini pertence), embora a questão não divida muito os engenheiros da marca quanto à possibilidade da projeção de uma acústica artificial ou de um falso efeito sonoro. Isso, de facto, parece que está fora dos planos, embora seja bastante provável que a produção de um Mini cabrio puramente elétrico seja mesmo para avançar, até pelas reações positivas que este exemplar raro (de valor não divulgado) tem tido pelos locais por onde passa, incluindo em Portugal. Tratar-se-á ainda da aproximação ao conceito que a marca pretenderá explorar na 5.ª geração do modelo compacto (finais de 2023), sendo expectável que haja diversos avanços técnicos: outra plataforma, novas baterias e motores, inclusive com progressos ao nível das prestações, autonomias e consumos.

Para este exercício concreto, como se referiu, a marca britânica recorreu à base do atual Mini Cooper SE, pelo que os dados relativos à eletrificação não diferem, mesmo tratando-se de uma unidade exclusiva e única no segmento. O motor elétrico é o mesmo e dispõe de 184 cv, o que permite acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 7,7 segundos. A autonomia indicada é de 230 quilómetros (WLTP) com também idêntica bateria de iões de lítio de 32,6 kWh, patamar que corrobora o consumo médio que lográmos obter na nossa experiência (de 15,6 a 16 kWh/100 km), embora com a inclusão de momentos intensos.
No interior, imagem decalcada do Cooper SE fechado, sobressaindo as indicações de bordo específicas da matriz EV, mas com tudo o resto a remeter para o ambiente típico da marca. É possível elogiar a proteção face ao vento devido à inclinação do para-brisas, assim como as reduzidas vibrações da própria estrutura com a capota aberta (até aos 30 km/h), inclusive com fracas correntes de ar no habitáculo.
Tudo parece ter sido projetado a preceito e não é de excluir que os testes possam ter determinado a decisão de avançar para a produção, até porque a nova geração está para breve. Nada a opor, sendo certo que a eletrificação ao nível dos modelos cabriolet nem sequer é vulgar, com esse risco a ajustar-se perfeitamente ao espírito da própria Mini. Único, sem dúvida.