A história e as modas têm destas coisas... Se os ideais de SUV vieram para ficar, não há parança na criação de interpretações sobre a matéria (daí a génese do termo crossover), com a Peugeot a recorrer agora ao formato fastback – de que quase já não ouvíamos falar desde os anos 90 – para dar vida a um inédito 408. Que não é bem uma berlina, nem é tão alto ou volumoso como um SUV!

Nascido no seio da gama 308 e tendo sido desenvolvido em simultâneo com a SW e o 5 portas, o 408 irrompe por novos horizontes visuais e práticos, elevando a fasquia e trazendo ar fresco ao tradicional segmento C. Também por isso se posiciona comercialmente com preços acima da carrinha 308 e abaixo do SUV 3008, com a Peugeot a deixar de fora soluções Diesel e a apostar (forte) nas motorizações híbridas Plug-In (de 180 e 225 cv) e no motor 1.2 Turbo de 130 cv, todos disponíveis só com caixa automática de 8 velocidades. Brevemente, a gama 408 será enriquecida com a variante 100% elétrica, já dada a conhecer como e-408.

Assente em variante de distância entre eixos esticada da plataforma EMP2 (2,79 m vs 2,675 m da berlina 308 e 2,73 m da 308 SW), a mais volumosa carroçaria do 408 diferencia-se pelo enorme portão traseiro, perfil quase ao estilo coupé, mas com vistas e pormenores típicos de SUV, caso das rodas de grandes dimensões – com jantes que podem chegar às 20’’ – e proteções/aplicações plásticas em torno das cavas das rodas e nos para-choques. Quase como um SUV, mas sem ser tão alto.
Face à gama 308, e fruto da superior altura ao solo (aqui de 188 mm), são inegáveis as superiores facilidades no acesso ao habitáculo. Some-se o espaço extra para arrumar as pernas no banco traseiro e toda uma superior sensação de desafogo e comodidade cimentada pelo posicionamento mais elevado dos assentos e também pela maior altura de toda a carroçaria. Os lugares posteriores estão ainda servidos por saídas de ventilação e tomadas USB.

A porta traseira abre alas a generosa área de carga, atingindo 536 litros na motorização 1.2 turbo e 471 litros nas PHEV, ou seja, com volumes superiores aos do SUV 3008. O portão pode receber abertura elétrica, abrindo-se automaticamente também à passagem de um pé sob o para-choques.

O interior surge como que decalcado do 308, com a mais recente interpretação da arquitetura i-Cockpit, assente na combinação do volante de pequenas dimensões com zonas digitalizadas de 10’’ para instrumentação e multimédia. Resultado de visual vanguardista, mas que continua a obrigar a uma posição de condução de compromisso para que se consiga consultar as informações por detrás do volante.
Na versão GT com que realizámos este contacto dinâmico, combinada com a motorização híbrida Plug-In de 225 cv de potência máxima combinada, o 408 propõe conjunto com (quase) tudo o que de melhor se pode obter neste segmento, de tecnologia (câmaras de estacionamento, navegação, iluminação ambiente) a apoios à condução (Night Vision, faróis Matrix LED, etc.), até aos equipamentos, bem-estar e eficiência energética.

O conjunto mecânico apoia-se no motor 1.6 turbo a gasolina combinado com unidade elétrica de 109 cv, a qual é alimentada por bateria de 12,4 kWh de capacidade total, para uma prometida autonomia elétrica na ordem dos 60 km. Não o podemos comprovar neste contacto, mas conseguimos percecionar o superior conforto do 408 face à gama 308, mesmo se equipado com as novas jantes de 20’’.
Mais alto em relação à estrada, a suspensão é igualmente mais branda e toda a experiência a bordo surge envolta em serenidade extra, também promovida pela atuação da unidade elétrica e facilidade de manobra reconhecida em qualquer veículo com esquema híbrido. Os vidros são mais espessos face ao 308 e, a partir do nível Allure Pack, as janelas laterais dianteiras são laminadas, sinais que reforçam alguns dos cuidados extra na conceção do 408, que se repercutem no resultado final.