Na família EQ de automóveis elétricos da Mercedes, o EQS é o navio-almirante. Este 450+ com 333 cv e tração traseira percorre mais de 500 km entre recargas da bateria e aproxima-se do Classe S na condução, no conforto e na tecnologia! Assim, sim, motores de combustão interna ‘em risco de extinção’.
O sucesso da eletrificação está dependente da massificação da produção de automóveis que acelerem, rapidamente, o processo de democratização tecnológica, possível apenas com incentivos e preços mais populares. A Mercedes-Benz, com este EQS, não contribui para esse objetivo, mas demonstra o potencial excecional do plano de reinvenção de indústria comprometida com o fim do motor de combustão interna. No lançamento da berlina posicionada no topo da gama EQ, duas versões 450+ e 580 4Matic+. Na primeira, em exame, 333 cv e tração traseira.

O EQS é impactante. Esta berlina com 4 portas tem 5,21 m de comprimento e 3,21 m entre eixos. O Classe S, navio-almirante da marca da estrela, tem dimensões exteriores semelhantes. No entanto, o automóvel elétrico surpreende-nos visualmente, pelo desenho diferenciado e diferenciador. A plataforma MEA é específica para modelos sem mecânicas de combustão interna, mas, estruturalmente, tem muitos pontos de contacto com a MRA da 7.ª geração do topo de gama. Nos dois casos, suspensão pneumática (Airmatic) e amortecedores de dureza variável (ADS+). As primeiras mantêm a altura da carroçaria ao solo, independentemente da carga transportada, rebaixam-na 10 mm acima dos 120 km/h (ativando-se o programa de condução Sport) ou elevam-na até 25 mm, quando a velocidade não excede os 40 km/h. E é a atuação combinada dos dois recursos que explica tanto o conforto de rolamento excecional como o controlo soberbo dos movimentos da carroçaria durante as transferências de massa em curva ou nas mudanças repentinas de direção.
O EQS também está equipado com o sistema de quatro rodas direcionais da Mercedes. A tecnologia otimiza tanto a facilidade como a estabilidade e a precisão na condução. O diâmetro de viragem da berlina alemã, com as rodas de trás a deslocarem-se até 4,5º na direção contrária das dianteiras, não excede os 10,9 metros (!). Sim, tecnologicamente, em muitos pontos, Classe S um passo à frente, sobretudo contando com o sistema e-Active Body Control que adapta a atuação da suspensão às características dos pisos, através de sensores que são capazes de leitura das estradas, mas o comportamento desta berlina EV que privilegia o conforto e a suavidade de rolamento mais do que satisfaz.

No EQS, quatro modos de condução: Comfort, Sport, Eco e Individual. E ativando-os no Dynamic Select, regulam-se a entrega da potência e os funcionamentos de direção, controlo de estabilidade e firmeza da suspensão. Selecionando-os à vez, outra experiência interessante, por otimizarmos ora o conforto, ora a dinâmica, ora a eficiência. E a terceira soma quilómetros à autonomia – média real de 20,7 kWh/100 km, conduzindo-se de modo despreocupado, e 520 km entre recargas da bateria. Sim, também neste capítulo, automóveis elétricos cada vez menos stressantes, devido ao número limitado de terminais (rápidos) para alimentação das baterias!
Por isso recuperação e regeneração da energia superimportantes. O sistema realiza-os nas desacelerações e travagens e o condutor tem a possibilidade de controlá-lo manualmente, com três níveis de intensidade à distância de seleção em patilhas na coluna da direção, junto ao volante. Também é possível ativar-se modo de condução por inércia e função de desaceleração máxima capaz até de imobilizar o Mercedes de forma automática, por exemplo na aproximação a semáforo. Outro facto: a utilização correta do EQS exige-nos período de adaptação.

A berlina elétrica da Mercedes, nesta versão com motor posicionado no eixo posterior, origem da tração traseira (esta máquina fornecida pela Bosch é síncrona e mobiliza 333 cv e 568 Nm), conduz-se sempre muito silenciosa, suave e velozmente. O binário instantâneo garante reação rapidíssima a todos os movimentos no acelerador. Acelerações e recuperações são poderosas. Provam-no os 6,5 s no 0-100 km/h, registo que impressiona, considerando as 2,5 toneladas do EQS. Já a velocidade máxima está limitada a 210 km/h para proteção da autonomia. A importância das sensações sonoras para a experiência da condução é reconhecida pela inclusão, no sistema de som Burmester, de tecnologia para desfrutarmos de ruídos virtuais até na travagem. Privilegiando-as ao silêncio, três alternativas à disposição. Apenas a Roaring Pulse simula um… desportivo!
A bateria de iões de lítio encontra-se arrumada sob o piso, entre os eixos, em benefício do centro de gravidade (baixo) e da repartição equitativa do peso, itens com impacto positivo na dinâmica. Tem 107,8 kWh de capacidade e a potência máxima de alimentação é de 200 kW. Para a operação doméstica, carregador de 11 kW na bagageira do automóvel, que é enorme: 610 litros. A tampa do compartimento abre-se e fecha de forma elétrica, acontecendo o mesmo com as portas do automóvel.

O interior do EQS não tem a qualidade excecional do habitáculo do Classe S (separam-nos, nomeadamente, a nobreza dos materiais utilizados em todos os revestimentos), mas conta com um cartão de visita formidável: o MBUX Hyperscreen. Esta tecnologia combina três ecrãs no painel de bordo, dois com 12,3’’ (um para instrumentação, outro para o passageiro sentado no banco dianteiro), um com 17,7’’ (equipamento multimédia e demais funções e programas do automóvel). O segundo e o terceiro, além de táteis, dispõem de respostas hápticas (isto é, pressionando-os nos pontos «A» ou «B» para validar uma seleção, vibram).
O EQS+ cumpre a promessa de experiência automóvel diferente do que conhecemos, por combinar tecnologias de ponta com a propulsão elétrica. A versão 450+ tem apenas um motor no eixo traseiro, mas permite condução despachada com conforto, silêncio e suavidade acima da média, exceto esmagando o acelerador, ação na origem de explosão de energia! Infelizmente, o peso da bateria, elevado, paga-se na dinâmica, menos ágil e precisa do que no Classe S.