Peugeot 408 Hybrid 225

Antissistema

TESTE

Por José Caetano 29-08-2023 12:35

Fotos: Gonçalo Martins

A Peugeot encontra-se comprometida com o objetivo de vender apenas automóveis elétricos na Europa a partir de 2030, o que é quase depois de amanhã! Esta predisposição, dizem-nos os responsáveis da marca, não admite qualquer ti- po de renuncia e obriga a contrarrelógio para disponibilizar versões sem motores de combustão interna em todos os produtos da gama até 2025, para a manutenção do programa sobre carris.

Durante a segunda metade do ano, informação importante, sucessão do 3008 de 2016. Depois, introdução do substituto do 5008 de 2017. Nas gerações novas dos dois Sport Utility Vehicles (SUV), primeira aplicação da variante Medium da STLA, plataforma para todos os automóveis compactos planeados para o futuro da Stellantis, o consórcio proprietário da Peugeot.

Estes modelos e esta arquitetura técnica são determinantes para aumentar o ritmo da eletrificação da Peugeot. Portanto, sem surpresa, para a marca, versões com mecânicas a gasolina ou gasóleo e motorizações híbridas cada vez menos importantes, mas há plano para continuar a fabricá-las, de forma a vendê-las nalguns mercados – também nesta região do planeta.

Os SUV foram desenvolvidos, preferencialmente, como elétricos. Ambos integram a lista de cinco automóveis com a tecnologia em vias de massificação da produção prometidos até 2025, ao lado de e-308, e-308 SW e e-408. No lançamento do 3008 (e do 5008), três versões, incluindo com dois motores e quatro rodas motrizes, baterias com capacidades de 87 a 104 kWh e autonomias entre recargas até 700 km.

Saturação combate-se

O ano, no mercado automóvel europeu, arrancou de forma positiva, com aumento de 11% nas vendas, na comparação com janeiro de 2022. Nestes tempos de crise inflacionista, resultado significativo! Dissecando os números, facto curioso: no primeiro mês de 2023, pela primeira vez, SUV acima da fasquia dos 50% no total de matrículas, com 51,3% (464.900 em 907.000). Já a velocidade de crescimento na procura de elétricos diminuiu, por ausência de incentivos governamentais atrativos e falta de produtos acessíveis.

É neste contexto que a Peugeot introduz o 408. O número cada vez maior de SUV pode originar alguma fadiga nos clientes e, paralelamente, corrida a formatos alternativos novos! Para promoção da eletrificação, tecnologia híbrida Plug-In no topo da gama. Este modelo, no mercado, posiciona-se acima do 308 SW e abaixo do 3008, o que explica, por exemplo, partilha da plataforma EMP2. Trata-se de arquitetura moderna e permite a integração de mecânicas a gasolina ou gasóleo e motores elétricos.

O 408 distingue-se na paisagem automóvel pelo desenho da carroçaria de 5 portas e os 18,9 cm de altura ao solo. O comprimento torna-o cerca de 5 cm maior que o 308 SW e 5,6 que o 3008. Na distância entre eixos, 11 cm a mais que o 308, aumento com impactos positivos na dinâmica (promove, nomeadamente, o conforto e a suavidade de rolamento) e até na capacidade da bagageira – no frente a frente com a geração nova da berlina compacta, 536 litros em vez de 412 (nas versões PHEV, devido ao posicionamento do pacote de baterias, 471 e 361, respetivamente).

A Peugeot também está comprometida com aproximação às marcas na faixa mais elitista (premium) do segmento dos compactos, casos de Audi, BMW e Mercedes, o que pressupõe investimento massivo na promoção da qualidade. No 408, missão (muito bem) cumprida, sobretudo no interior (vide mate- riais e montagem). Paralelamente, equipamento completo (versões Allure Pack e GT) e espaço suficiente nos bancos de trás. A posição de condução é sobrelevada, comparando-a com o que conhecemos das berlinas normais – aqui, tentativa de aproximação às características mais valorizadas nos SUV –, e o i-Cockpit atribui sofisticação à imagem do interior. Nesta versão mais recente, o sistema combina monitores digitais para instrumentação e multimédia com ecrã secundário na consola central para seleção tátil de muitas funções de bordo. O volante é míni, como acontece em todos os carros recentes da marca.

O i-Cockpit do 408 (igual ao que encontramos na geração nova do 308) pode polarizar opiniões entre os clientes, por existirem indivíduos capaz de instalar-se muito mais confortavelmente do que outros no posto de condução. Acontece o mesmo nos outros Peugeot com esta tecnologia. Admite-se configuração da instrumentação e dos i-Toggles no painel abaixo do ecrã do sistema multimédia. E a silhueta da carroçaria, do tipo fastback, devido à linha descendente da zona posterior do tejadilho não beneficia os acessos aos lugares traseiros. No demais, ótimo.

Bom de conduzir

Dinamicamente, o 408 também mais do que satisfaz. Na versão híbrida Plug-In com 225 cv, posicionada no topo da gama até ao lançamento do e-408, mecânica 1.6 a gasolina com 180 cv e motor elétrico com 110 cv integrado no módulo da caixa automática de 8 velocidades (neste sistema, posicionando-se o seletor em B, travagem regenerativa ativa tanto nas desacelerações como nas travagens para recarregamento das baterias de iões de lítio).

O 408 não tem sistemas especiais de otimização do funcionamento da suspensão, mas a verdade é que este chassis dispensa esse tipo de recursos tecnológicos, por dispor de base competente. A firmeza do amortecimento nunca é excessiva, o que beneficia o conforto e a suavidade de rolamento sem penalização da agilidade nem da precisão na condução. Confirma-o, nomeadamente, o controlo capaz dos movimentos da carroçaria em curva, qualidade que sobressai sempre que aceleramos o ritmo.

Existem cinco programas de condução do 408: Electric, Eco, Hybrid, Normal e Sport. O primeiro desliga a mecânica a gasolina e faz o Peugeot mover- -se sem emissões de escape, mas impõe o cumprimento de duas condições: pedal do acelerador pressionado somente suavemente e carga suficiente nas baterias. O quinto espreme todo o potencial da motorização híbrida e privilegia as performances. Nesta versão PHEV, até 63 km de forma elétrica (72 km em ciclo urbano), aceleração 0-100 km/h em 7,8 s e velocidade máxima de 233 km. São números superinteressantes.

A Peugeot, para os consumos de combustível, reivindica média de 1,2 l/100 km, mas não conseguimos menos de 3,1, talvez por termos percorrido, eletricamente, apenas 55 km! Ainda assim, considerando a potência, registos razoáveis. Socorrendo-nos da mecânica térmica para recarregar a bateria, função admitida pelo sistema híbrido (e-SAVE), o consumo de combustível aumenta de forma importante. Logo, utilize-se o gerador a bordo apenas em caso de necessidade.

O segmento dos compactos é prioritário para a Peugeot, que pretende impor-se como marca de referência na categoria que vale mais vendas no mercado europeu. O 408 é importante para o sucesso desta estratégia comercial, por representar alternativa muito válida ao formato dominante (SUV). A identidade própria garante-lhe ainda mais capacidade de atração. A motorização híbrida não é nova nos modelos do consórcio e tem capacidades reconhecidas. Globalmente, deve sublinhar-se, o automóvel pode rivalizar com muitos produtos premium.

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Ficha Técnica

Caracteristicas

PEUGEOT 408

Hybrid 225_2023

Motor térmico
Arquitetura 4 cilindros em linha
Capacidade 1598 cc
Alimentação Injeção direta, Turbo, Intercooler
Distribuição 2 a.c.c./16V
Potência 180 cv/6000 rpm
Binário 250 Nm/1750 rpm
Motor elétrico
Tipo -
Potência 81 kW (110 cv)
Binário 320 Nm
Bateria Iões de lítio
Capacidade da bateria 12,4 kWh
Módulo Híbrido
Potência 225 cv
Binário 360 Nm
Transmissão
Tração Dianteira
Caixa de velocidades Automática de 8 vel.
Chassis
Suspensão F Ind. McPherson
Suspensão T Eixo de torção
Travões F/T Discos ventilados/Discos
Direção/Diâmetro de viragem Elétrica/11,2 m
Dimensões e Capacidades
Compr./Largura/Altura 4,687/1,848/1,478 m
Distância entre eixos 2,787m
Mala 471-1545 litros
Depósito de combustível 40 litros
Pneus F 205/55 R19
Pneus T 205/55 R19
Peso 1781 kg
Relação peso/potência 7,9 kg/cv
Prestações e consumos oficiais
Vel. máxima 233 km/h
Acel. 0-100 km/h 7,8 s
Consumo médio 1,2 l/100 km
Emissões de CO2 26 g/km
Garantias/Manutenção
Mecânica 3 anos sem limite de km
Pintura/Corrosão 2/12 anos
Intervalos entre revisões 30000 km
Imposto de circulação (IUC) 144,05 €

Medições

PEUGEOT

Acelerações
0-50 km/h 3,2 s
0-100 / 130 km/h 7,9/11,8 s
0-400 / 0-1000 m 15,6/28,2 s
Recuperações
40-80 km/h (D) 3,8 s
60-100 km/h (D) 4,2 s
80-120 km/h (D) 4,5 s
Travagem
100-0/50-0km/h 35,3/9,0 m
Consumos
Consumo médio 5,4 l/100km
Autonomia 740 km

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