O ano de 2022 foi de recordes para a Dacia, mas a marca romena do Grupo Renault não vai levantar o pé do acelerador. Na Europa, o Dacia Sandero foi o automóvel mais vendido a particulares pelo 6.º ano consecutivo e no portefólio do fabricante figura também o SUV mais bem-sucedido nesse canal. Chama-se Duster e já foi alvo de modernização sob a máxima adaptada do universo futebolístico: em viatura vencedora, mexe-se pouco!
O facelift discreto inclui a adoção das óticas com a assinatura luminosa mais recente e indicadores de mudança de direção em LED (tecnologia também usada nos mínimos e nas luzes da matrícula) e uma grelha redesenhada para acolher o novo símbolo da marca, que evoca os valores de robustez e simplicidade na sua fórmula low cost.
O principal trunfo do Duster é o seu preço, não existindo no mercado SUV mais barato com características semelhantes. Mediante tal valorização do fator económico, aceitamos os materiais de qualidade sofrível, nivelada pela base da categoria em que o veículo se insere, todos os plásticos rígidos, incluindo sobre o tablier, o fraco isolamento acústico do motor 1.5 Diesel de origem Renault e os bancos, mais ergonómicos, mas ainda com margem para progredir: no do condutor falta suporte lateral digno desse nome e superior apoio das vértebras (com as regulações limitadas da coluna de direção, os condutores mais altos também poderão ter dificuldades em encontrar uma posição confortável atrás do volante); nos traseiros poderá ser sentida a falta de centímetros nas costas (em altura) a acompanhar o tronco.
Contudo, por 24.700 euros que custa (na versão Journey, da unidade neste teste) com Diesel 1.5 de 115 cv de potência, o Duster tem poucos modelos comparáveis na dotação mecânica, no equipamento de série e no espaço para passageiros e bagagens. Na volumetria da mala, com 445 litros na sua configuração normal e 1478 máximos (numa área de carga aumentada através do rebatimento dos bancos posteriores), o Dacia está no topo da categoria; a mesma generosidade nas cotas de habitabilidade, bastante satisfatórias para o segmento, com medidas amplas ao nível das pernas (dos passageiros) e na altura e na largura nos (três) lugares traseiros. E o equipamento de série não destoa da elevada relação entre oferta e despesa, incluindo sistema multimédia em monitor tátil de 8’’ que pode já adotar câmara com vistas múltiplas (traseira e também as laterais da carroçaria) e admite ligações Wi-Fi para smartphone, compatíveis com AppleCar, Android Auto e com várias entradas USB.
Economia e racionalidade
No capítulo da segurança, mais trunfos, com a presença, de série, de alerta de veículo em ângulo morto e aviso de baixa pressão dos pneus. O sistema de travagem faz também parte do processo evolutivo do Duster, com distâncias curtas e boa consistência e resistência. Receita de virtudes aplicada à direção, embora ainda com alguma sensação de menor controlo a velocidades mais elevadas. Enquanto SUV, o Duster tem o condão de estar devidamente preparado para enfrentar caminhos menos bons, com boa altura ao solo e suspensões bem resistentes. O modelo baseia-se em arquitetura que a Renault deixou de utilizar em compactos, mas que não belisca as capacidades do automóvel, que não está entre os mais confortáveis, nem nos mais desportivos, mas oferece condução agradável e segura, qualidades suficientes para o público-alvo.
Todavia, no capítulo dinâmico, as prestações do turbodiesel de 115 cv, com méritos comprovados nas performances e no consumo, é o que de melhor que este SUV com atributos familiares tem para oferecer.
Se, por um lado é motor a gasóleo que não se acanha a acelerar de 0 a 100 km/h abaixo de 11 segundos, aproveitando também o peso contido do Duster e o correto escalonamento da caixa manual de 6 velocidades, por outro lado o consumo de combustível é realmente comedido, dentro do critério de contenção de gastos que é apanágio do fabricante (média de 5,7 l/100 km reais, medidos em ciclo misto neste teste).
O Duster aponta a um tipo de cliente que valoriza a fórmula de racionalidade, técnica simples e preços competitivos, mas na receita de sucesso do modelo da Dacia há espaço ainda para a modernização. A nova imagem de marca valoriza a estética do modelo que é um fenómeno de vendas, proporcionando a aquisição de SUV a preço acessível, com a economia de utilização dos Diesel da Renault.
Preço (agosto 2023):
Dacia Duster Blue dCi 115 4x2 Journey - 24.700 €