Função, forma e movimento – são estes os vértices essenciais na análise do novo SUV da Mercedes-Benz. No formato sobressaem as dimensões (5,13 m de comprimento), tratando-se de um grande automóvel onde imperam inúmeras tecnologias de vanguarda, sintonizadas com o enorme luxo que se presencia no habitáculo.
É difícil enumerar as fortes qualidades a esse nível, ampliadas por uma versão AMG Premium (mais 12.100 €) com vários pormaiores especiais, como por exemplo o teto de abrir panorâmico ou os bancos dianteiros climatizados, além do sistema de som 3D da Burmester.

Na estética (e na função) destacam-se ainda a grelha frontal com um padrão especial, os faróis dianteiros e traseiros com uma linha contínua LED, a iluminação digitalizada (Digital Light), assim como os puxadores retráteis das portas (integrados), estribos iluminados, projeção do logótipo no solo e jantes em liga leve de 21’’ (pneus Goodyear Eagle F1).
O equipamento de série é alargado, mas existem pelos menos dois opcionais que são importantes de referir nesta versão, nada menos do que o MBUX HyperScreen (8900 €) – também com ecrã OLED individual para o passageiro da frente –, e a terceira fila, lá atrás, para mais duas pessoas (por 770 €).

Os dois últimos bancos são dobráveis a partir da área de carga e o estrado fica completamente plano, sendo possível obter várias configurações do habitáculo, o que faz variar também a volumetria da zona de bagagens – desde 195 litros com lotação máxima, até aos normais 565 litros (com 5 lugares) ou 2020 litros no caso de se rebater totalmente a 2.ª fila. Os bancos do meio são reguláveis eletricamente (60:40) e, em combinação com a terceira fila, está disponível a função Easy Entry, para que o acesso à retaguarda seja mais prático, neste caso com deslocação elétrica (até 29 cm) dos encostos da fila central.
A entrada para os últimos lugares é feita de maneira cómoda e o espaço aí existente é igualmente amplo, inclusive para dois adultos, quer na distância e no apoio para as pernas (sem ser demasiado baixo), quer na largura e na própria altura disponível até ao teto.

Com distância entre eixos acima dos três metros não faltam centímetros no habitáculo em todas as direções, sendo isso mais evidente nos bancos ajustáveis da 2.ª fila, cuja distância até aos encostos da frente está acima da média dos SUV de luxo, variando nada menos do que treze centímetros no total (de 83 a 96 centímetros).
Medidas tipo minibus, neste caso com acabamentos premium e ambiente futurista, para o qual contribui o tal HyperScreen, que se desdobra em três ecrãs de grandes dimensões ao longo do tablier. Esses monitores, como peça única, atingem mais de 140 cm em largura: o central é de 17,7’’ e o da instrumentação e do passageiro têm 12,3’’ cada.

No monitor principal – assim como no do passageiro –, o controlo é intuitivo, embora a quantidade de informação seja tanta que, às vezes, não é nada difícil ficar perdido entre os menus.
Na consola central há teclas de atalho (ainda bem!) para o que é essencial, nomeadamente para a visualização dos dados relativos à propulsão elétrica, fluxo de energia, autonomia e operações de recarga, assim como para a seleção dos modos de condução: ECO, Comfort, Sport, Individual.
Outro elemento fulcral é a navegação Premium com funções avançadas, entre as quais se inclui a da realidade aumentada, inclusive com projeção no Head-up Display (no para-brisas), este último a cores e com ótima definição.
É assim mais prático controlar o ambiente rodoviário (limites de velocidade, sinais de trânsito, aproximação de outros veículos) e, se se estiver parado num semáforo, por exemplo, a imagem dessa zona e da estrada aparece detalhada no ecrã central (tipo moldura).

Em movimento...
Se a forma e a função estão aprovadas, importa escrutinar o movimento, ou seja, o lado dinâmico. A concorrência direta poderá expressar-se através do iX da BMW, Volvo XC 90 ou Tesla Model X, por exemplo, mas este EQS é o único da categoria com sete lugares. O peso total também é mais elevado por isso, acima das duas toneladas e meia, algo que gera alguns limites, sem ser possível evitar o bambolear da carroçaria na negociação de curvas apertadas ou de traçados mais sinuosos. A altura ao solo (17,8 cm) também evidencia isso, mas, mais uma vez, as assistências eletrónicas (chassis e suspensão) fazem com que tudo seja muito confortável e seguro. Em estrada aberta e autoestrada (Classe 2), o EQS parece ter um amortecimento tipo tapete mágico, graças à suspensão pneumática (Airmatic), deslizando sem ruído nas velocidades de cruzeiro e adaptando-se bem a todas as condições de piso. O isolamento acústico encontra-se bem definido e é possível alterar a resposta da suspensão adaptativa através dos vários modos de condução (Dynamic Select).

Os resultados das medições das acelerações e da travagem (desde 100 km/h) são impressionantes, tendo em conta o peso e o tamanho. No primeiro caso, os anunciados 6,7 segundos de 0-100 km/h são cumpridos de forma exata e, no segundo, é significativo que tenha alcançado apenas 35,5 metros até à imobilização total, fazendo-o sem evasivas ou mergulho excessivo da frente.
O rendimento elevado do único motor elétrico (até 360 cv, tração atrás) permite prestações de exceção, num SUV que também conta com eixo traseiro direcional para maior estabilidade e manobras fáceis. Apesar do consumo sensível – intervalos médios de 23 a 24 kWh/100 km –, os valores de autonomia são alargados, sendo previsível um mínimo de 450 km e normais 580 km, às vezes mais, segundo a própria indicação do computador. Isso também acontece porque a capacidade da bateria de iões de lítio é de 108,4 kWh, uma das maiores do segmento.

O carregador de bordo (série) admite cargas até 11 kW-AC (22 kW em opção) e nos terminais rápidos a potência máxima permitida atinge 200 kW: dos 10% aos 80% em 31 minutos.
O novo SUV da marca de Estugarda convence em toda a linha, quer na forma, quer na função, às quais se associa um extraordinário conforto, imperando o luxo a bordo. Conduz-se bastante bem, sendo eficaz e estável nas várias situações, inclusive nas travagens fortes. O eixo traseiro autodirecional (até 10º) também permite manobras fáceis e há ainda inúmeras ajudas eletrónicas. O consumo é sensível e o preço elevado.