Este smart não é apenas mais um entre tantos, até porque marca o início de outra etapa da própria marca. A conceção e o desenvolvimento remetem para a parceria entre a Mercedes-Benz (Daimler) e a Geely, sendo a produção feita na China (plataforma SEA), razão até pela qual a logística poderá ter tido uma influência direta na simplificação da gama em Portugal, traduzida por duas configurações: Pro+ e Premium. A versão Brabus de tração integral (AWD) com dois motores elétricos também está já disponível a partir de 48.450 €: potência de 315 kW (428 cv), 543 Nm de binário máximo e 3,9 segundos dos 0-100 km (anunciado).

Resultado acima do esperado
Os números deste smart #1 também não são nada vulgares: 272 cv e 343 Nm de binário, desenvolvidos por um motor elétrico que é alimentado por uma bateria de 66 kW, apoiado por transmissão automática (única relação).
O reflexo desse rendimento é visível no tipo de condução, sendo possível optar pelos programas ECO, Comfort e Sport, o último mais reativo. Nos outros dois programas, a condução/reação é igualmente viva, sem hesitações, embora seja possível atingir consumos médios mais baixos nesses modos, desde 16,6 kWh/100 km na maior parte das vezes, em cima do valor declarado.

Por essa razão, a autonomia efetiva também está de acordo com o valor anunciado (440 km), sendo fácil esticar essa estimativa se se optar por uma atitude ainda mais ponderada ou com maior ajuda da navegação ou até do cruise control adaptativo (Stop&Go), este último fácil de ajustar e de controlar, a gerar uma condução mais autónoma e sem grandes riscos. Destaque ainda para inúmeros alertas eletrónicos (mudança de faixa, ângulo morto e de colisão frontal, entre outros), assim como para a travagem automática de urgência. Este conforto ativo, ESP incluído, é ampliado pelo equilíbrio dinâmico per si, apesar da maior altura ao solo, o que se percebe nas curvas apressadas, (sem medo de um alce inesperado, é certo!), mas sem evitar que a carroçaria possa oscilar (mais) no recalcular da melhor trajetória. A tração traseira (e o motor também lá está) reflete nuances típicas de sobreviragem, mas só nos casos em que se exagera, até porque o peso (perto de 1800 kg) não facilita. Nada de grave! A direção tem uma atuação precisa, sem esforço, mas às vezes lenta, apesar do tatear levezinho.

No arranque à bruta 0-100 km/h, o resultado excedeu o esperado, uma vez que o modelo abateu 0,8 s ao valor anunciado (5,9 s em vez de 6,7 s). As recuperações (ver ficha) também assinalam toda a rapidez de movimentos e a forma como é possível evoluir em estrada. O silêncio da propulsão, a insonorização e o baixo ruído aerodinâmico (desenhado por Gorden Wagener da Mercedes-Benz, o pai do EQS, por exemplo) contribuem para o ótimo conforto geral. Com pneus Continental Eco Contact6 235/45 R19, as ligações ao asfalto e o amortecimento filtrado asseguram um bom desempenho.
Uma raposa que fala
A reinvenção da smart arrancou em 2019 com a conversão total para a eletrificação, agora num passo acelerado com este #1 (lê-se hastag), aderente ao formato SUV e focado na conetividade, como se entende na interface digital e nas funcionalidades existentes. Adota as tecnologias mais avançadas do momento, desde câmaras, sensores e radares, além de Head-up Display e comandos/assistência por voz para controlo de certas funções, tais como abrir/fechar vidros, deslizar a cortina do teto panorâmico, sintonizar o rádio e ajustar o volume, por exemplo.

A ativação dos comandos vocais é engraçada (hello smart!, mais tarde em português), sendo animada visualmente por uma raposa mascote que aparece a movimentar-se de forma curiosa no monitor que está no topo do tablier (12,8’’, a cores), local onde se ajusta (e programa) tudo o que é necessário a bordo, desde as assistências até às operações de recarga. Neste último caso, a navegação dá informações completas acerca dos postos públicos: localização, tipo de potência/ligação, além dos respetivos custos e se há vaga ou não.
As recargas domésticas são longas (a 2,3 kW, mais de 25h de 0 a 100%), embora num posto público de 22 kW bastem três horas (até 80%). Exemplo: num posto de 11 kW (AC, 14A), com a bateria a 21% (94 km de autonomia) foram estimadas 5h43m (100%). Num rápido (DC), a potência máxima admitida é de 150 kW, bastando aí 30 minutos. Entre tantos números, o pior deles é o do preço final, ainda muito exclusivo.
Preço (agosto 2023):
smart #1 Premium - 44.450 €