À sétima geração do Série 7, inédito i7 100% elétrico, apoiado na história de 45 anos do topo de gama da BMW – a Mercedes, com o EQS, com plataforma dedicada, seguiu caminho de eletrificação autónomo ao Classe S. Mas se era para dar vida a verdadeiro veículo elétrico do segmento do Luxo, a BMW decidiu... melhor.
A estética deste novo BMW Série 7 já criou anticorpos – mas que também levam ao mediatismo... O certo é que resulta impactante e poderoso, seja pela conjugação da gigantesca grelha (de contornos iluminados) com as finas óticas em cristal, seja pela elevada altura da linha de cintura e de toda a carroçaria, fazendo até lembrar o porte (não o design) de um Rolls-Royce.
Igualmente certo é que quem se deixou já impressionar pelas vistas nem sonha com o conteúdo! Para o novo Série 7, a BMW preparou inédita integração de luxo com tecnologia, sabendo manter o ADN de uma limusina que assim se torna numa verdadeira alternativa a voos em Primeira Classe, em que só fica a faltar o serviço a bordo!
E tudo começa num simples abrir e fechar das portas, com função automática e elétrica que carece apenas de um toque num botão, sem mais esforços ou movimentos, com sensores vários a evitar que as mesmas atinjam alguém ou estraguem a pintura ao bater em paredes em redor. Vale bem os 1560 € e todos ficam de boca aberta. E o queixo vai descair mais um pouco sentindo-se o conforto destes bancos e dos inéditos revestimentos em lã caxemira; tocando-se nas superfícies várias em pele, alumínio e vidro, ou até nos tapetes de pelo alto. Como é apanágio deste segmento, muitos dos elementos passam pelo crivo da personalização e do investimento, cabendo a cada um traçar a sua linha de gosto na conjugação de materiais e cores. Com a BMW a acrescentar esquema de iluminação ativo no tablier e nas portas e forte experiência de sonoridade, com os IconicSounds associados os perfis de condução, que ora trazem sensação de velocidade acrescida em aceleração, nos modos dinâmicos, como tocam qual concerto de violinos nos modos de condução mais relaxados. As sensações ao volante conjugam-se com estas harmonias. Mais impressionante ainda é a experiência proporcionada pelo sistema de som imersivo surround da Bowers & Wilkins (6000 €), com 35 altifalantes a produzir um máximo de 1965 W, com tweeters de diamante, saídas de som nos encostos de cabeça e shakers nos quatro assentos laterais que permitem aos ocupantes sentir os graves no corpo.
Num interior em que quase tudo se ajusta eletricamente via tátil e onde quase não há lugar a comandos ou painéis analógicos, é ainda fácil ficar rendido à qualidade gráfica do extenso painel de bordo Curved Display e à simples navegabilidade entre menus e (centenas!) de ajustes. Para não existir invejas, os ocupantes dos lugares laterais traseiros (ao fim ao cabo, os protagonistas a bordo do Série 7, em particular o passageiro traseiro da direita, como veremos) têm à sua disposição, na porta, mini tablets fixos de 5,5’’ que lhes permite aceder ao controlo de todas as funções de conforto e multimédia. Entre elas, abrir e fechar cortinas, aquecer ou arrefecer os bancos multiajustáveis eletricamente, optar pelo programa de massagem desejado (são realmente eficientes), escolher a fonte áudio, etc. Para o passageiro da direita (tradicionalmente, o dono do carro...), a toque num botão, o banco pode transformar-se numa autêntica chaise longue, com costas reclináveis até 42,5º em relação ao assento e avanço do banco direito dianteiro para criar zona de apoio para os pés!
Perante toda esta magia tecnológica verdadeiramente orientada para o bem-estar de todos (há ainda um quinto lugar central, atrás, mas pouco recomendável), o Série 7 continua a surpreender enquanto... automóvel. Que, por acaso, pode agora também ter propulsão elétrica que, no caso do i7, é uma verdadeira dicotomia. Se o silêncio e a extrema suavidade mesmo nas fortes acelerações se aliam de forma exímia com o conforto almofado das rodas sobre o alcatrão – chega a ser impressionante a forma como o i7 paira sobre a estrada, em que nem os pneus de baixo perfil da unidade ensaiada interferem com o trabalho da suspensão de elementos pneumáticos ou são fonte de ruído de rolamento – a autonomia para não mais que cerca de 400 km em autoestrada (o cenário idílico do Série 7) quebra o entusiasmo para se seguir até ao fim do mundo. Numa utilização por vários ambientes e velocidades e enfrentando dias frios, o consumo fixou-se nos 22,7 kWh/100 km, podendo a autonomia média chegar aos 500 km, mas ainda longe dos 625 anunciados. Sem tecnologia de 800 V, o i7 aceita carregamentos a 195 kW (haja posto), onde demora 35 m a repor 80% dos 101,7 kWh úteis da bateria.
Com o impulso de dois motores elétricos chegam 544 cv e 750 Nm que animam uma condução perfeita, com o i7 a conseguir disfarçar dimensões e peso. Eixo traseiro direcional e suspensão pneumática (de série) e opcionais barras estabilizadoras ativas aliam-se para uma exímia conjugação de suavidade, silêncio e robustez, sem lugar a trepidações ou vibrações, tal como se quer num veículo de luxo. Depois, a BMW consegue ainda trazer ao cimo a condução de um Série 7 (e não apenas de um elétrico), marcada por uma habitual agilidade e precisão direcional, como que fazendo esquecer que se segue ao volante de um automóvel com quase 5,4 metros e 2,8 toneladas! É agora a limusina perfeita para quem se senta atrás e excelente para o condutor!
Mais do que um automóvel de luxo, é uma verdadeira experiência de mobilidade, seja no posto do condutor, seja lá atrás, no (habitual) lugar do feliz proprietário. Nunca o termo de experiência imersiva parece ter encaixado tão bem num veículo por nós experimentado, numa verdadeira simbiose de requinte, sofisticação, conforto e luxo, somando-se vasto leque de personalização. A propulsão elétrica é a cereja no topo do bolo em tudo o que está ligado à suavidade e ausência de ruído nas deslocações. Só é pena não oferecer o descanso da alargada (e merecida) autonomia das versões térmicas do Série 7.
Preço (agosto 2023):
BMW i7 xDrive60 - Desde 146.850 €