A Ford Ranger Raptor chega à segunda geração a reforçar características únicas num segmento que passou de uma oferta com vocação de veículo de carga e de trabalho para a de automóvel com apelo à utilização quotidiana de um qualquer automóvel comum: é uma 'pick-up' com verdadeiras 'performances' desportivas.

Garante-lhe essa aptidão, os desenvolvimentos estruturais e mecânicos concebidos pela Ford Performance para momentos emocionantes de condução em todo-o-terreno e não só em modo de TT light, mas incluindo caminhos mais revoltos, pedregosos ou arenosos. Um carro capaz de recriar ao condutor comum as sensações de correr numa baja, que é precisamente a denominação de um dos sete modos do programa de dinâmica adaptativa, denunciando estimulantes prestações desportivas que lhe conferem diversos componentes e tecnologias importadas da competição.

Um desses elementos são os novos amortecedores de alta performance Fox Live Valve produzidos por esta empresa especialista, com soluções tecnológicas aprimoradas pelo departamento de competição Ford Performance. Os amortecedores, de 2,5” com válvula interna de by-pass, garantem uma reação ainda mais rápida do que os do modelo anterior – também do mesmo fabricante – às irregularidades do solo e a adição de Teflon ao óleo reduz a fricção em 50%, igualmente face ao componente antecessor.

No resto, o chassis evoluiu, sem profundas inovações que não sejam pontos de ancoragem diferentes e ligeiros reforços estruturais. A antiga Raptor já era bastante resistente e dinâmica no que se propõe, como comprovámos, à data da apresentação mundial, em maio de 1998 (AF 998), a conduzi-la no deserto em Marrocos. Ainda assim, a segunda geração cresceu em competência, com a adoção de braços da suspensão em alumínio e aumento do curso da suspensão em 20 mm e modificação da geometria da suspensão traseira para paralelogramo de Watt. Mantém-se a proteção em aço inferior frontal, com 2,3 mm de espessura, para radiador, cárter, caixa de direção, estrutura frontal e diferencial.
A Ford Performance desenvolveu um novo motor a gasolina 3.0 V6 biturbo Ecoboost com 292 cv e 491 Nm, bem superiores aos 213 cv do 2.0 EcoBlue biturbo Diesel da antecessora. A mecânica dispõe de sistema de alimentação anti-lag semelhante ao usado no Ford GT e no Focus ST, para diminuir o tempo de resposta dos turbos, e associado a uma caixa automática de dez velocidades.

O V6 torna avassaladoras as prestações da Ranger Raptor, garantindo descargas de energia para impulsionar o pesado veículo a cada pressão no acelerador e em todos os terrenos. A condução fora de estrada eleva-se aos píncaros da emoção alterando a sonoridade de escape em quatro modos: Quiet, Normal, Sport e Baja, em que neste último soa próximo da de um escape direto de competição.
A Raptor estreia sistema 4x4 permanente com caixa de transferências de controlo eletrónico e ainda o bloqueio dos diferenciais da frente e de trás. Além disso, há ainda sete modos de condução, além da possibilidade de rodar apenas com tração atrás. Para o asfalto, existem os modos Normal, Sport, Escorregadio. Para fora de estrada, as escolhas são: Rochas, Areia, Lama e a referida Baja. Cada um dos modos de condução ajusta vários componentes: respostas do acelerador e transmissão, assistência da direção, afinação da suspensão, sensibilidade e calibração do ABS e dos controlos de tração e estabilidade, além do acionamento da válvula de escape.

A nova Ranger Raptor oferece ainda o Trail Control, que funciona como um controlo de velocidade de cruzeiro para fora de estrada. O sistema tem apenas de definir uma velocidade inferior a 32 km/h e a pick-up fará a gestão automática da aceleração e travagem.
O sistema de travagem alinha igualmente pelo padrão de desenvolvimento racing da Raptor, com quatro discos ventilados, de 324 mm os dianteiros e 332 mm de diâmetro os posteriores, os frontais com 32 mm de espessura e os traseiros de 24 mm. E as jantes de 17’’ e os pneus BF Goodrich All-Terrain nas medidas 285/70 R17 foram especificamente concebidos para terem o melhor desempenho em todo-o-terreno.
Além disso, há controlo de descida com forte inclinação e de estabilidade com função de anti rolamento da carroçaria e de apoio ao reboque.

No interior, em profícuo aperfeiçoamento do da geração antecessora, realçam-se os bancos desportivos e o volante que são novos, este último integrando patilhas da caixa de velocidades automática em magnésio. O painel de instrumentos é digital e o ecrã central tátil mede 12”, onde corre o novo software SYNC 4A da Ford.
É a pick-up mais radical que já conduzimos, superando a da primeira geração nas performances desportivas em todo-o-terreno. O progresso deve-se, principalmente, ao novo motor a gasolina V6 biturbo de quase 300 cv e à evolução da suspensão e de ligeiros reforços estruturais. Tudo para proporcionar (e resistir a) uma utilização desportiva em pisos revoltos. O pior são os custos de aquisição e de sustento.