O Marketing da Ford, seguramente para otimizar o potencial de atração do Sport Utility Vehicle (SUV), batizou-o com o nome de automóvel com estatuto especial e logótipo próprio: Mustang! O modelo estreou-se no catálogo da marca da oval azul em 1964, originalmente como coupé com 2 portas, motor dianteiro e tração traseira, características a que somava, ainda, o peso pluma. À época, este desportivo impressionava pela capacidade de aceleração... Em quase seis décadas de carreira comercial bem-sucedida, sobretudo na América do Norte, produziram-se seis gerações e o fabricante de Dearborn, Detroit (EUA), produziu e vendeu mais de 10 milhões de unidades, o que explica o título de referência entre os pony cars, designação que identifica família de carros mais pequenos e baratos do que os muscle cars com mecânicas a gasolina monstruosas comercializados, no lado de lá do Atlântico, entre a década de 1950 e os primeiros anos da de 1970...

A explicação da Ford para a atribuição do nome Mustang ao SUV elétrico compreende-se: em vez de batizá-lo com designação nova e pouco relevante, a exemplo do e-tron da Audi, do EQ da Mercedes e do ID da VW, a marca arriscou e apostou todas as fichas no... cavalo com fama de vencedor, assim tentando capitalizar a popularidade de automóvel com adeptos em todo o Mundo, independentemente do desportivo com mecânicas de combustão não partilhar nada com este SUV elétrico! Todavia, antecipando-se o fim do motor térmico, encontrou-se fórmula (inteligente!) para garantir que o Mustang sobrevive à mudança de paradigma na indústria...

Obviamente, o SUV com mais de 2,2 toneladas de peso aproxima-se do coupé só nas performances, devido aos 487 cv e 860 Nm sob o pé no pedal do acelerador (o binário máximo atinge-se apenas em overboost e está ativo apenas durante 5 s, mas o contínuo de 813 Nm não impressiona menos...)! O primeiro contacto dinâmico com o Mustang Mach-E GT realizou-se na Croácia, numa região (Península de Ístria) vizinha do Adriático com estradas secundárias com (muitas) curvas e autoestradas com retas longas, ambientes rodoviários ótimos para testarmos SUV com imagem desportiva – deve-a à silhueta da carroçaria, com a linha do tejadilho descendente dos pilares B para trás, como sucede nos coupés, ao desenho das jantes e ao logótipo do cavalo selvagem na grelha dianteira. E somam-se os motores elétricos nos eixos, que rendem, combinados, 487 cv e 860 Nm. A Ford promete 0-100 km/h em 3,7 s, registo de superdesportivo!...
Os números surpreendem, principalmente comparando-os com os anunciados pela Ford para o Mach 1, o nome da versão mais potente (V8 5.0 Coyote com 480 cv) do Mustang, que não é mais veloz, mesmo pesando muitíssimo menos! E, no frente a frente, o Mach E com 4,721 m de comprimento, 1,881 m de largura e 1,597 m de altura também é bem maior. No entanto, na agilidade ou na precisão da condução, não existem muitos SUV melhores, entre os equipados com motores elétricos.

A Ford, no Mach-E, estreia máquina no eixo posterior que liberta o binário máximo em 0,5 s, o que explica a resposta instantânea aos movimentos no pedal do acelerador. As descargas de energia são massivas e o ritmo acelera facilmente. Impõe-se, por isso, prudência na condução, além de seleção criteriosa do programa de ação: privilegiando a eficiência, Whisper recomendado; ambicionando performances, Active mais do que suficiente; existem, ainda, dois modos desportivos (Untamed e Untamed Plus) que não melhoram o rendimento do sistema de propulsão, mas estabilizam o funcionamento – o segundo é indicado para circuitos, por tornar o Mustang ainda mais selvagem. Motores, controlo de estabilidade, suspensão (amortecimento MagneRide) e tração integral reagem aos quatro. No GT, mais capacidades dinâmicas do que nas demais versões da gama, consequência positiva da intervenção realizada no chassis, nomeadamente na suspensão (as molas são mais curtas e rígidas e a altura ao solo diminuiu 1,6 cm, para 13 cm).
A agilidade e a estabilidade na condução do GT devem-se às capacidades do chassis e à colocação da bateria entre os eixos, posicionamento que baixa o centro e gravidade e otimiza a repartição do peso, características com impacto direto na dinâmica do SUV elétrico que também tem sistema de condução com um pedal – o One Pedal Drive reduz a velocidade do Ford quando aliviamos a pressão no acelerador, ação que ativa a recuperação de energia nas desacelerações e travagens, de forma a estender a autonomia; retirando o pé do acelerador, o automóvel pára.

No Mustang Mach-E, bateria com 97,8 kWh de capacidade. A Ford anuncia até 500 km entre recargas, distância que diminui a ansiedade associada ao raio de ação limitado dos elétricos. Este sistema admite carregamento rápido até 150 kW. Assim, mais 100 km de autonomia em 10 minutos, 80% da energia recuperada em 45 minutos.
O GT distingue-se dos demais Mustang Mach-E pelas rodas de 20’’ (pneus Pirelli) e pelo vermelho das pinças dos travões dianteiros (os discos da Brembo têm 385 mm de diâmetro). A suspensão controla os movimentos da carroçaria durante as transferências de massa, mas a firmeza do amortecimento perturba o conforto de rolamento, sobretudo em estradas com pisos irregulares. Finalmente, a Ford adaptou a direção à versão, de forma a torná-la mais direta e precisa, e melhorou o programa digital de sonorização da propulsão, para valorização da experiência de condução.
O Mach-E GT tem bancos desportivos e a geração mais recente do programa de info-entretenimento SYNC da Ford, que aparece associado a monitor tátil de 15,5’’ instalado no centro do painel de bordo, verticalmente; e (quase) todas as funções do automóvel, incluindo o sistema de climatização, são controladas neste tablet.