Com prestações ao nível de um superdesportivo, o EV6 GT AWD é um 'crossover' 100% elétrico, tipo coupé de 5 portas, com uma dinâmica à 'prova de bala' e exacerbadas capacidades de condução e... aceleração. Potência máxima atinge 585 cv.

O EV6 desperta muitas atenções e atrai outro género de clientes para a Kia, alguns deles originários de certas marcas 'premium', tais como Porsche, Audi ou BMW, por exemplo. Com a nova versão GT esse foco é ainda mais alargado, tratando-se do automóvel mais potente (e mais rápido) de sempre da marca sul-coreana.
No universo dos concorrentes é possível apontar modelos como Model Y da Tesla, Porsche Taycan, Ford Mustang Mach-e GT, Audi RS e-tron ou Mercedes EQE. As prestações são dignas de superdesportivo, muito por culpa do recurso a dois motores elétricos, um por eixo (AWD), cuja potência combinada atinge nada menos do que 585 cv, enquanto o binário máximo anunciado é de 740 Nm. Esse agregado técnico – alimentado por bateria de iões de lítio de 77,4 kWh, idêntica à da do EV6 normal – permite cumprir a aceleração até 100 km/h em apenas 3,5 segundos (12,6 s até 200 km/h), ao mesmo tempo que a velocidade máxima estipulada é de 260 km/h.

Face ao EV6 convencional, as diferenças exteriores não são muitas, embora seja possível destacar as jantes em liga leve de 21'', pinças de travão a verde, discos ventilados com maior diâmetro (380 mm à frente, 360 mm atrás), além de para-choques e 'spoiler' traseiro redesenhados.
Assente na plataforma E-GMP (arquitetura de 800 V), ligações ao solo reforçadas e chassis rebaixado, o peso atinge 2185 kg, admitindo a inclusão de tecnologias de vanguarda, desde suspensão adaptativa até ao diferencial autoblocante eletrónico (traseiro), sem esquecer os especiais pneus Pilot 4S, projetados pela Michelin, que integram uma camada de espuma extra para baixar o ruído de rolamento.
Destaque ainda para o especialíssimo programa GT (tecla no volante), acima dos Sport/Sport+, que se poderá desdobrar num quase sigiloso modo 'drift' para derrapagens mais controladas. É que a condução tem essa dupla faceta, tanto se pode guiar de 'mansinho' (autonomia oficial: 424 km; consumo de 20,6 kWh/100 km), como, de repente, se transforma numa autêntica 'fera'.
Note-se que, em Portugal, a nova versão GT só estará disponível a partir da 1.ª metade de 2023, com um custo previsível de 65.000 € mais IVA, ou seja, próximo dos 80.000 €.
Nervos, tonturas e ‘drift’
Com a bandeira de xadrez à frente, pé a fundo no pedal de travão e no acelerador, para subitamente largar o travão e manter toda a pressão no acelerador.

Dessa forma, o arranque é instantâneo, quase estonteante, com os nervos à flor da pele, sentindo-se a força da gravidade e as 'tonturas' de tão incrível arremesso, tendo em conta os escassos 3,5 segundos até aos 100 km/h. A descolagem é perfeita e quase surpreende, mas antes já tínhamos tido igual perceção na atitude dinâmica em curva, em circuito, e nos exercícios de 'slalom', com a suspensão a variar a firmeza (20% a 30%) conforme o programa de condução ativado (de Sport a GT), sem demasiadas oscilações, fraca subviragem e a frente (mais leve) a mergulhar pouco nas travagens mais fortes.
As manobras de 'drift' exigem outra experiência, sendo normal que os exercícios possam terminar num pião, razão pela qual a Kia parece querer manter esse modo quase em segredo. Para ativá-lo, seleciona-se o programa GT (tecla verde no volante), desliga-se o controlo de estabilidade e, finalmente, pressiona-se em simultâneo as duas patilhas do volante, as mesmas que ativam os vários degraus da regeneração. Que contrassenso! Tudo pronto, então, com a tração desligada à frente e a aderência apenas controlada pelo eixo traseiro (diferencial e-LSD e vetorização de binário). As derrapagens são fáceis, ainda por cima com piso molhado (de propósito), e a ideia é corrigir depois a sobreviragem, sem ficar virado ao contrário. E o EV6 GT fá-lo bem, assim se possa entender essa deriva. Pois!