A democratização das tecnologias de propulsão alternativas aos motores de combustão interna foi mais lenta do que o antecipado, mas a eletrificação do automóvel está finalmente em marcha. A Honda foi uma das marcas pioneiras, a nível mundial, na produção de carros híbridos, através do Honda Insight. E, após interregno, o regresso da marca nipónica aos híbridos faz-se com o segmento da moda, com o novo CR-V.
O sistema híbrido da Honda apoia-se no módulo i-MMD (Intelligent Multi-Mode Drive) que combina 2.0 i-VTEC a gasolina de ciclo Atkinson e dois motores elétricos (no total, 184 cv e 315 Nm) que operam consoante a necessidade, variando entre três modos de condução de forma a permitir a maior eficiência possível. Tecnicamente, não é solução habitual no segmento, desde logo porque por oposição ao que mais comummente se observa nos sistemas de propulsão híbridos, a unidade elétrica não serve para coadjuvar a mecânica de combustão interna. Ao contrário, no renovado SUV da Honda, o motor de propulsão é elétrico, existindo um segundo motor elétrico que funciona como gerador que converte a energia da desaceleração em eletricidade para armazenar na bateria de iões de lítio de 1 kW. O motor a gasolina, surge sempre em segundo plano.
No modo EV Drive, condução 100% elétrica com autonomia para cerca de 2 km, desde que a muito baixa velocidade. Neste programa, o motor elétrico é alimentado exclusivamente pela energia armazenada nas baterias. Ativando-se o programa Hybrid Drive, o motor de combustão entra em funcionamento, não para movimentar as rodas, mas para assumir a função de gerador para alimentar o motor elétrico propulsor. No modo Engine Drive, segundo a Honda, a configuração mais eficiente da tecnologia para condução a velocidades mais elevadas, por exemplo em autoestrada, o sistema recorre a uma engrenagem de bloqueio para uma conexão direta entre o motor a gasolina e as rodas.
Significa também que não há uma caixa de velocidades convencional, mas uma relação fixa que apenas acopla ou desacopla motor às rodas consoante as exigências. Em momentos pontuais da aceleração o motor elétrico também ajuda o 2.0 i-VTEC a gasolina.
Na estrada, o sistema opera de forma quase impercetível, com a particularidade de, em condução urbana, no comum pára-arranca de todos os dias, e até 40 km/h, o CR-V Hybrid poder circular até 18 % do tempo em modo híbrido (Hybrid Drive) e mais de 82 % em modo puramente elétrico (EV Drive). Deste liga e desliga quase frenético, que distrai, mas pode acompanhar-se no ecrã multimédia ao centro da redesenhada consola, resultam valores de consumos e emissões ótimos, sobretudo para automóvel que não é pequeno, nem se mexe nada mal, sobretudo ativando-se o botão Sport, na consola, que permite retirar o melhor partido de agregado mecânico que rende 184 cv e 315 Nm.
Em quase tudo o resto, o híbrido copia as atualizações operadas nas versões a gasolina, excetuando a possibilidade de oferecer lotação para sete a bordo, uma vez que o Hybrid esconde componentes do sistema i-MMD no piso da bagageira. Por esta mesma razão, no compartimento da mala do Hybrid, menos 64 litros de volumetria, num total de 497 litros disponíveis na configuração de cinco lugares a bordo.