Nissan Ariya

À medida da expectativa

Apresentação

Por José Caetano 01-10-2022 07:05

O lançamento encontrou-se planeado para 2021, mas a Nissan confrontou-se com os muitos constrangimentos que condicionaram – e ainda condicionam! – a atividade na indústria automóvel. Mas, mais vale tarde! No elétrico novo, versões com 218, 242 e 306 cv, baterias com 63 ou 87 kWh de capacidade e autonomias até 530 km.

A Nissan, surpreendentemente, depois de assumir o comando da corrida à eletrificação do automóvel (primeiro fabricante a produzir a tecnologia de forma massiva, com o Leaf apresentado na Europa há cerca de 12 anos), deixou-se ultrapassar pela maioria da concorrência – direta e indireta –, não devido a qualquer dúvida sobre o potencial do que propunha, mas por decisão estratégica que atrasou o desenvolvimento e a produção de mais (e melhores carros) com baterias recarregáveis em fontes externas de energia, em vez de depósito de combustível, e máquinas elétricas em vez de motores de combustão interna.

O lançamento do Ariya, que acontece mais tarde do que o planeado (o protótipo foi revelado em 2019, no salão de Tóquio, e o arranque da produção na fábrica de Tochigi, no Japão, esteve planeado, originalmente, para o ano passado...), tem, no imediato, o mérito de reposicionar o fabricante nipónico na primeira linha... mediática, objetivo que a 2.ª geração do compacto de 5 portas (2018) não cumpriu de forma integral, independentemente dos bons resultados comerciais que apresenta (a Nissan, nos 12 anos de carreira comercial do primeiro EV produzido de série, vendeu mais de 600.000 unidades, metade na Europa), facto que ilustra bem a importância do trabalho do fabricante integrado numa Aliança com Renault e Mitsubishi, sobretudo na disseminação de tecnologia cada vez mais popular. Por tudo isto, expectativas acima da média.

Ariya associa a fórmula elétrica a formato que a Nissan, com o Qashqai apresentado em 2007, colocou no topo da preferência dos consumidores. E este facto tem de sublinhar-se. Há década e meia, só há década e meia, os Sport Utility Vehicles (SUV) competiam em nicho de mercado. Hoje, são a espécie dominante!... A marca, naturalmente, reivindica o pioneirismo na democratização tanto da arquitetura da carroçaria como da tecnologia. «Neste crossover, combinam-se as melhores qualidades do Leaf e do Qashqai», exclamou elemento da divisão europeia de fabricante que tem plano ambicioso.

Cumprindo-se o prometido, durante o próximo ano, no mercado europeu, gama 100% eletrificada e ponto final no desenvolvimento de mecânicas térmicas, para 75% das vendas com híbridos, híbridos Plug-In e elétricos até 2026 e, em 2030, depois do lançamento de família nova de automóveis, zero modelos com motorizações de combustão interna matriculados na Europa! Antes de meados da década, mais dois modelos alimentados só por baterias: o sucessor do Micra e SUV mais compacto do que o Ariya.

O elétrico novo da Nissan tem 4,595 m de comprimento e 2,775 m entre eixos, dimensões que o posicionam acima do compacto Qashqai (respetivamente, 4,425 m e 2,665 m). A arquitetura técnica é a CMF-EV desenvolvida pela marca para a Aliança e que partilha com o Renault Mégane E-TECH Electric. Trata-se de plataforma moderna, com a bateria de iões de lítio posicionada entre os eixos e sob o piso do habitáculo, colocação que beneficia mais a liberdade de movimentos no interior do que o compartimento de carga. Comparativamente, mala maior no Qashqai (504 litros) do que no Ariya (466 litros nas versões 4x2, somente 415 nas e-4FORCE com tração integral, com a perda de volume a dever-se à soma de um motor traseiro ao dianteiro).

O automóvel novo apresenta-se como topo de gama da Nissan, o que exigiu construção rigorosa do interior, vide materiais e montagem. E, no habitáculo, o SUV elétrico não convence só pela imagem, que combina luxo e sofisticação. Os níveis de habitabilidade impressionam, com o piso plano a beneficiar tanto os ocupantes dos lugares da frente como os de trás, o equipamento de série apresenta-se sem falhas e o conforto é acima da média. Também não faltam compartimentos para arrumações de todo o tipo de objetos e há consola entre os bancos dianteiros que admite regulação longitudinal elétrica (a gaveta integrada no painel, ao centro, conta com o mesmo tipo de comando tanto para a abertura como para o fecho).

Tecnologicamente, Ariya topo de gama. No Nissan, a eletrificação do automóvel também é combinada com a digitalização, o que permite, por exemplo, atualizações remotas de software que somam conteúdos, melhoram os desempenhos dos sistemas de bordo, incluindo da bateria, e otimizam até a dinâmica de SUV com painel de bordo que mantém comandos físicos (são hápticos, isto é, sensíveis ao toque) – encontramo-los, por exemplo, na superfície decorativa em madeira (climatização) – e conta com dois monitores digitais de 12,3’’ instalados horizontalmente e lado a lado (instrumentação à esquerda, programa multimédia e controlos de diversas funções, incluindo assistente pessoal virtual, navegação e assistências eletrónicas à condução concentradas no ProPilot à direita). O Head-Up Display (10’’ de área) figura entre os muitos equipamentos de série.

No lançamento do Ariya no mercado europeu, três níveis de potência, duas capacidades de bateria e dois sistemas de tração. No primeiro contacto com o SUV, em Estocolmo, Suécia, experimentámos o automóvel posicionado na base da gama, com 218 cv, 63 kWh e tração dianteira. O rival de Ford Mustang Mach-E, Hyundai Ioniq 5, Kia EV6, VW ID.4/ID.5, Tesla Model Y & Cia. comporta-se sempre muitíssimo bem.

O posicionamento da bateria beneficia o comportamento do automóvel, por otimizar a repartição do peso entre os eixos e baixar o centro de gravidade (52-48% nas versões com tração dianteira, contra 50-50% nos Ariya com quatro rodas motrizes), itens com impacto na dinâmica. Soma-se-lhe a capacidade de chassis com amortecimento firme, o que explica quer o controlo dos movimentos da carroçaria em curva, quer a suavidade de rolamento, devido a filtragem ótima do piso, quase parecendo não existir irregularidade capaz de originar sobressaltos. E, assim, mais (muito mais!) do que os 7,5 s reivindicados para o 0-100 km/h, o Nissan, como quase todos os elétricos, surpreende pela rapidez de resposta ao pedal do acelerador. Já a velocidade máxima, para proteção da autonomia, apresenta-se limitada a 160 km/h.

O Ariya tem, ainda, o e-Pedal que conhecemos do Leaf. Ativando-o, permite-nos conduzir sem recurso ao pedal do travão (aliviando a pressão no acelerador, parcial ou totalmente, o Nissan abranda, mas nunca pára...). E a utilização do sistema recomenda-se, por aumentar o conforto de utilização e a capacidade de regeneração de energia nas desacelerações ou travagens, sistema que também admite regulação.

Finalmente, dispondo de Wallbox com 22 kW de potência máxima (de série, carregador com 7,4 kW, mais lento...), a bateria com 63 kWh de capacidade necessita de cerca de 210 minutos para recuperar de 10 a 100% do armazenamento de energia. Num ponto rápido com 130 kW, 10 a 80% em 35 minutos.

Ler Mais

Ficha Técnica

Caracteristicas

NISSAN Ariya

63kWh

Motor
Tipo Elétrico, síncrono
Potência 160 kW (218 cv)
Binário 300 Nm
Bateria Iões de lítio
Capacidade útil 66 kWh
Tempo de carga (0-80%) 3h30 a 7,4 kW (AC)
Transmissão
Tração Dianteira
Caixa de velocidades Automática de 1 vel.
Chassis
Suspensão F Ind. McPherson
Suspensão T Ind. multibraços
Travões F/T Discos ventilados
Direção/Diâmetro de viragem Elétrica/10,8 m
Dimensões e Capacidades
Compr./Largura/Altura 4,595/1,850/1,660 m
Distância entre eixos 2,775m
Mala 466 litros
Depósito de combustível -
Pneus F 7,5jx19-235/55R19
Pneus T 7,5jx19-235/55R19
Peso 1800 kg
Relação peso/potência -
Prestações e consumos oficiais
Vel. máxima 160 km/h
Acel. 0-100 km/h 7,5 s
Consumo médio 17,6 kWh/100 km
Autonomia 403
Garantias/Manutenção
Mecânica -
Pintura/Corrosão -
Bateria -
Imposto de circulação (IUC) -

Conte-nos a sua opinião 0

Apresentação