Marcas ‘encolhem’ gamas

Mudança no processo de homologação, do NEDC para o WLTP, impõe pragmatismo

Opinião

Por José Caetano 05-01-2019 11:00

Os números das vendas de automóveis novos no mercado nacional em 2018 conhecem-se neste inicio de 2019, mas os resultados revelados no final de novembro não anunciavam coisa boa… Se não existisse, entretanto, corrida aos concessionários. nem marcas a socorrerem-se de matrículas-fantasma – entenda-se registo de carros (ainda) sem clientes) – que mascaram desempenhos comerciais negativos e adulteram a realidade, menos no lugar do mais pela 1.ª vez em seis anos, ponto final na série positiva iniciada em 2012, com o país submetido a controlo financeiro internacional rigoroso, depois de rutura económica que quase representou bancarrota!


Em 2018, mercado do oitenta ao oito, com janeiro-agosto em aceleração… A mudança de comportamento explica-se com a introdução de processo de homologação novo, ou a substituição do NEDC pelo WLTP – e, em 2020, garantidamente mais problemas, com a exigência de certificação RDE. Na prática, fabricantes a validarem no quotidiano tudo o que registam nos bancos de ensaios! O objetivo é aproximar os números anunciados dos reais, dos da condução do dia a dia.

A complexidade do processo origina medição quase versão a versão de cada modelo, o que impõe abordagem mais pragmática e menos comercial na conceção das gamas… A alternativa é dor de cabeça enorme! Prevenindo-a, em agosto, anteciparam matrículas e registaram os carros que puderam antes da intervenção técnica para o cumprimento das regras novas. Assim, após três meses de travagem a fundo no negócio, com -9,4% somente em novembro, na comparação direta com o período homólogo de 2017, 2018 no verde em vez de no vermelho, com crescimento de 3,4% no acumulado do ano.
Quem varreu o problema para baixo do tapete, fê-lo temporariamente… O expediente (válido!) esgotou-se. A partir de janeiro-2019, ou a homologação é WLTP, ou carro qual carta fora do baralho. A solução mais fácil e imediata é a simplificação das gamas, com menos motores e versões, o que pressupõe, igualmente, redução da complexidade das tabelas de equipamentos, de série e opcionais. 

Como acontece sempre, existem exceções à regra, vide o consórcio PSA... Antecipando o sarilho, atualizou a gama de motores, preparando-o tanto para a adoção do WLTP como para a introdução de norma (Euro 6.2) que restringe ainda mais as emissões de gases poluentes – Citroën, DS, Opel e Peugeot, as quatro marcas do fabricante liderado pe- lo português Carlos Tavares, conseguiram até colocar muitas mecânicas (gasolina e gasóleo) dentro dos limites da Euro 6.d Temp com implementação marcada para setembro de 2019. E, assim, menos perturbação, mais tranquilidade, vantagem competitiva, também no capítulo industrial – as fábricas não pararam, contrariamente ao que sucedeu (e ainda sucede) noutros lados.

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